No último mês, a holding de Facebook, Instagram e WhatsApp registrou uma queda de 13,96%. Nos últimos seis meses, uma queda de 35,24%. No acumulado do ano, a queda é de quase 59%. Em relação a sua máxima histórica, a queda é de aproximadamente 63%. Mark Zuckerberg, co-CEO da Meta, perdeu US$70 bilhões e despencou nas mais diversas listas de bilionários. Zuckerberg, que já foi a quarta pessoa mais rica do mundo, deixou a lista dos dez mais ricos há alguns dias. Afinal, o que tem acontecido com a Meta, a holding que controla o Facebook, Instagram e WhatsApp?
A Meta está sofrendo com ventos contrários em múltiplos frontes. Porém, um ponto parece ter sido o estopim: o anúncio de resultados abaixo das expectativas em fevereiro de 2022, coincidindo com o anúncio dos planos de Mark Zuckerberg de direcionar os esforços na criação de um “metaverso”, ao invés de focar nas redes sociais. As redes sociais seriam uma “fase anterior” necessária para a evolução do Metaverso – a ideia do que seria o metaverso, que tenta utilizar dispositivos digitais (como equipamento de realidade virtual) para se criar uma “realidade”, é tópico para inúmeras discussões e embates.
Primeiro, a ideia de Metaverso soou, para muitos, como uma distração potencial. O Facebook havia perdido meio milhão de usuários no 4T21, com ganhos tímidos no WhatsApp e Instagram. Ao mesmo tempo, o TikTok, uma rival chinesa, ganhou e tem ganhado cada vez mais espaço entre jovens que já não utilizam mais o Facebook. O Instagram tentou adotar algumas funcionalidades, como os Reels, em uma tentativa de conter essa fuga – sem sucesso.
Segundo, a Meta enfrenta uma série de ações antitruste e investigações pela Federal Trade Commission (FTC). Em dezembro de 2020 a FTC processou o Facebook, afirmando que a empresa estaria utilizando práticas ilegais para manter o monopólio da rede social. A compra do Instagram e do WhatsApp foi utilizada como parte do argumento. Além de ações antitruste, o Facebook tem sido recorrentemente acusado de violar regras de privacidade, infringindo regulamentações de proteção de dados. O escândalo da Cambridge Analytica representa bem essas preocupações. Os dados de milhões de usuários do Facebook (estimam-se aproximadamente 90 milhões) foram utilizados por políticos para influenciar a opinião de eleitores em diversos países.
Terceiro, a incerteza relacionada ao sucesso do plano envolvendo a criação do Metaverso. Zuckerberg afirmou que criar o Metaverso fará “sangrar dinheiro de três a cinco anos”. Apenas em 2021, já foram gastos mais de US$10 bilhões na ideia. “Será que os investimentos no Metaverso irão gerar bons retornos?” – muitos acionistas têm se questionado. Para se ter uma perspectiva, muitos dos produtos relacionados ao Metaverso só serão viáveis para daqui 10 ou 15 anos, segundo o próprio Conselho de Administração da holding. No final das contas, o Metaverso é uma aposta cara e de longo prazo. Só o tempo dirá: podemos estar presenciando uma revolução (uma revolução da Internet, uma das principais revoluções tecnológicas recentes) ou uma das maiores queimas de caixa da história.
Quarto, mas não menos importante: a Apple. A Apple tem utilizado novos recursos de privacidade nos iPhones, reduzindo a capacidade de rastreamento. Essa redução na capacidade de rastreamento limita o acesso pelos anunciantes a informações mais sensíveis sobre os usuários dos iPhones. Em fevereiro de 2022 a Meta anunciou que esta nova política de privacidade resultaria em um impacto negativo de US$10 bilhões na receita.
Agora, some todos estes fatores a um cenário de aumento na taxa de juros, que tende a afetar mais as empresas com perspectivas mais incertas, de maior duration. Estaria o mercado penalizando, em excesso, a Meta? Seria, na verdade, um movimento racional? Uma saída de Zuckerberg seria positiva ao trazer novos ares para a companhia? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos, onde a alocação de capital desempenhará um papel fundamental. Paradoxalmente, ao final de 2021, a Meta reportou um fluxo de caixa operacional monstruoso, de US$57,683 bilhões.
Não representa nenhuma recomendação de compra ou venda dos ativos mencionados.
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Lucas Schwarz