No dia 16 de novembro, o IRB – Brasil comunicou aos seus acionistas e ao mercado, de maneira geral, que Raphael de Carvalho pediu renúncia ao cargo de Diretor – Presidente que ocupou desde 16 de setembro de 2021.
Diante disso, o Conselho de Administração do ressegurador elegeu, em reunião extraordinária, Marcos Pessoa de Queiroz Falcão para assumir o cargo de Diretor Presidente e, interinamente, o cargo de Diretor Vice-Presidente de Subscrição do IRB Brasil RE.
O Novo Diretor-Presidente tomará posse dos referidos cargos e terá mandatos pelo prazo remanescente da Diretoria Estatutária da Companhia, acumulando tais cargos com a posição de membro do Conselho de Administração até a data de eleição de seu substituto para o referido órgão colegiado.
Além disso, Marcos Falcão é economista pela PUC – RIO e possui mestrado pela Stanford Graduate School of Business. Ademais, o executivo atua no IRB desde maio de 2020, na condição de integrante do Conselho de Administração e de coordenador do Comitê de Investimentos da Companhia, tendo participado desde o início do processo de turnaround do ressegurador.
Por fim, vale ressaltar que o executivo também foi sócio e administrador de instituições financeiras, sociedades seguradoras e entidades atuantes no mercado de capitais nacional e internacional, em especial no Grupo Icatu, entre outras funções como Diretor-Presidente da Icatu Seguros e sócio e Diretor-Executivo do Banco Icatu.
Como anda a situação financeira do IRB-Brasil?
Diante de sucessivos prejuízos reportados pelo IRB, o ressegurador realizou um follow-on, que levantou aproximadamente R$1,2 bilhão em setembro de 2022. É interessante esclarecer que as instituições financeiras realizam as suas atividades de acordo com o capital regulatório o qual assegura que elas terão liquidez para arcar com suas obrigações.
Assim, diante, inclusive, do forte prejuízo reportado no segundo trimestre de 2022 de R$373,3 milhões, a empresa em questão encontrava-se com os índices regulatórios muito pressionados, já que a cobertura de provisões técnicas da empresa havia piorado para R$ 730 milhões e a companhia registrou insuficiência do patrimônio líquido ajustado em relação ao capital mínimo requerido no montante de R$ 614 milhões.
Com uma demanda ligeiramente superior à oferta, o papel saiu a R$1,00 com um desconto de 28,5% em relação ao preço de fechamento do dia em questão, quando estava cotado a aproximadamente R$1,40. Ao conseguir realizar a oferta a R$ 1,00, a empresa evitou o pior cenário possível de diluição, porém ainda houve um desconto substancial sobre o preço de tela, conforme mencionado
Além disso, os resultados divulgados pelo IRB – Brasil referentes ao terceiro trimestre de 2022 também não vieram muito animadores, tendo havido um prejuízo de R$ 298,8 milhões, uma melhora de 74,5 milhões na comparação trimestral e uma piora de R$142,9 milhões na comparação anual.
Apesar de algumas melhoras em relação ao 2T22, o ressegurador continua reportando fortes prejuízos e deterioração na comparação anual. Mesmo que tenha havido uma melhora na sinistralidade, a acelerada queima da caixa da resseguradora demanda cautela por parte da gestão após o processo de aumento de capital ocorrido há alguns meses.
Caso o ressegurador continue a reportar sucessivos prejuízos nos próximos trimestres, poderá novamente haver um desenquadramento com os índices regulatórios estabelecidos pela SUSEP. Assim, diante disso, poderá vir a ser necessário um novo levantamento de capital, que diminuiria mais uma vez a base de acionistas que não participarem de uma eventual nova subscrição.
Por fim, é válido destacar que processos de restruturação de empresas podem ser demorados e complexos e, inclusive, não serem bem-sucedidos. Porém, caso obtenham êxito, tendem a proporcionar retornos explosivos aos investidores, sendo de fundamental importância o dimensionamento correto das posições e um horizonte de longo prazo.
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Milton Rabelo
Analista CNPI 2444