No ano de 1985, após a fusão das empresas Houston Natural Gas Company e a InterNorth Incorporated, Ken Lay cria a Enron. A companhia do setor de energia atuava na exploração e distribuição de eletricidade e gás natural e atingiu o número de 21 mil funcionários.
Após os primeiros anos de operação e de bons resultados, a partir da década de 90 a empresa decide expandir sua operação para áreas distintas como as de internet, gerenciamento de risco e derivativo climático aproveitando do crescimento do setor de tecnologia. Com isso, a Enron passou a ser vista como uma empresa híbrida, com serviços de energia e financeiros. Além disso, seu diferencial na época foi a integração de Jeffrey, Skilling, famoso consultor da McKinsey & Company, à equipe de gestão da empresa.
Dessa forma, com o mercado pujante devido ao crescimento das empresas de tecnologia, dali em diante a Enron se destacou. Entretanto, este grande tamanho crescimento foi a partir de um dos maiores escândalos contábeis e fiscais da história.
A fraude
Com o início da gestão de Skilling, a companhia passou a adotar de métodos contábeis que, apesar de previstos em lei, foram utilizados de forma fraudulenta para esconder suas dívidas, inflar suas receitas, gerando informações totalmente divergente da realidade da empresa.
Mas, afinal de contas, o que a gestão da Enron fez?
Uma das práticas adotadas foi a da criação de diversas novas empresas da modalidade de Sociedade de propósito específico (SPE). Por meio destas entidade, a Enron conseguia captar novos recursos através de empréstimos de bancos, aumentando seu endividamento, mas sem indicar este processo de alavancagem em seu balanço oficial.
Com isso, ao longo do tempo percebeu-se que a receita da companhia crescia de forma consistente, pois a empresa reconhecia a receitas de todas as suas subsidiárias. Entretanto, realizou-se alguns truques contábeis para que sua dívida permanecesse oculta, pois ela era permanecia em suas outras empresas. Com isso, suas receitas cresciam e seu endividamento permanecia estável. Durante este processo de alavancagem, estima-se que forma criadas mais de 3.000 SPEs.
Assim, a Enron conseguiu em 2000 ter o valor de mercado de mais de US$687 bilhões, marca que a fez ser a sétima maior companhia dos Estados Unidos.
A queda
Apenas em 2001 o caso foi descoberto, quando novas autoridades fiscais começaram a estudar os números da companhia, pois devido a bolha da empresas de tecnologia, a cotações das empresas do setor de comunicações começaram a cair. Assim, os boatos de fraude se tornaram verdadeiros.
Quando divulgada a fraude, a empresa se viu obrigada a divulgar perdas de US$ 68 milhões em outubro de 2001, fazendo o preço de sua ação cair de US$ 86 para apenas US$ 0,30. Estima-se que a empresa detinha uma dívida de mais de 13 bilhões de dólares que não eram apresentados no balanço.
A imagem abaixo ilustra o preço das ações da Enron entre 1996 e 2002.
Punição
Além da falência da Enron, houve o indício de Jeff Skilling e Ken Lay por seus crimes e em 2006 ambos tiveram suas condenações. A condenação de Jeff Skilling foi por 19 casos de conspiração, fraude, comércio ilegal e declarações falsas que o levaram a uma condenação de 185 anos. Já Ken Lay, teve a condenação por seis casos de conspiração e fraude e quatro de fraude bancária.
Lei Sarbanes-Oxley
O mercado de capitais não foi mais o mesmo. Em 2002 criou-se a lei Sarbanes-Oxley que aumentou a exigência de transparência corporativa, a fim de evitar novos casos de crime e fraudes fiscais.
Filme
O casose tornou muito importante para o mercado que a história da Enron virou o filme “Enron: Os Mais Espertos da Sala”.
Para maiores dúvidas e esclarecimentos conte com o time da VG Research, siga a gente nas nossas redes.
Guilherme Morais
Analista CNPI 2682