Taciana Paula Gomes Medeiros, de 44 anos, tomou posse da presidência do Banco do Brasil na sede do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. Nascida na Paraíba, é a primeira executiva do sexo feminino da história da instituição, onde já trabalha há aproximadamente 22 anos.
Desde 2021, Medeiros ocupava o cargo de gerente executiva na Diretoria de Clientes PF e MPE, responsável por ciclos de relacionamento com clientes. Além disso, chegou a assumir cargos de gerência de relacionamento e negócios, passando por unidades do Norte e do Nordeste, além do Distrito Federal.
Medeiros é considerada um nome forte dentro do quadro do Banco do Brasil e sua indicação foi relativamente bem recebida pelo mercado há algumas semanas por ser uma experiente funcionária de carreira, com viés mais técnico, e não algum agente político ligado ao Partido dos Trabalhadores.
O mercado anseia que a nova presidente dê continuidade aos esforços do banco na implementação de novas tecnologias, o que vir a continuar melhorando a operação da companhia estatal.
Apesar de ainda não estar clara como será efetivamente a relação entre o Governo Lula III e as companhias estatais, a indicação pode ser considerada como conciliatória já que a executiva tem um viés técnico, o que agrada aos acionistas do banco, ao passo que seu nome simboliza a ascensão de uma mulher de origem humilde, nordestina e ligada a questões LGBTs, o que agrada as bases de apoio do PT.
Medeiros afirmou ter o compromisso de entregar resultados sustentáveis aos acionistas do banco de e ser relevante na vida das pessoas, contribuindo para o desenvolvimento do país. Em um aceno ao mercado, a nova presidente apontou a importância de continuar gerando retorno de capital investido pelos acionistas na empresa. Evidentemente, o mercado espera mais do que palavras e está em compasso de espera para saber como, de fato, será a gestão da nova presidente.
No entanto, é sempre razoável ter um grau de cautela em relação às companhias públicas, já que existe um temor que o governo eleito venha a aumentar o crédito subsidiado e direcione a carteira da instituição para produtos com menores spreads, o que poderia vir a deteriorar do ROE do banco.
No momento, não está claro se o governo conseguirá realizar grandes mudanças na governança corporativa do BB, que é mais bem estruturada em comparação a outras empresas estatais, em função da composição do conselho e do planejamento estratégico de longo prazo da companhia.
Se, ao longo da gestão de Medeiros, ficar claro que o nível de intervencionismo será limitado, seja por limitações políticas ou por questões relacionadas à convicção do novo governo, tudo leva a crer que haverá uma forte redução do prêmio de risco e as ações voltarão a performar bem. Se, por outro lado, ao longo da gestão, ficar claro que o governo, por meio da executiva indicada, tem interesse e condições de realizar intervenções que reduzam significativamente o retorno sobre o patrimônio líquido do banco, há espaço para quedas nas cotações.
Até lá, o risco político continuará presente não só nas cotações do Banco do Brasil, mas também das companhias públicas listadas em bolsa, de maneira geral.
E você tem BBAS3 na sua carteira? Posta aqui nos comentários!
Milton Rabelo
Analista CNPI 2444