Após a divulgação de dados fortes de vendas do varejo, um aumento no CPI e dados de trabalho surpreendentemente positivos, os dados de gastos com consumo e o Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE) divulgados hoje (24/02) indicam que os mercados e o Federal Reserve não terão paz: o mercado, pela incerteza; o Federal Reserve, pelo desafio de reduzir a demanda agregada sem comprometer a economia.
Os gastos com consumo, que representam quase 2/3 da economia norte-americana, avançaram 1,8% em janeiro em comparação a dezembro, contra um aumento esperado de 1,4%. A renda pessoal nos Estados Unidos subiu 0,6% em janeiro, ficando abaixo da expectativa de 1,2%. Os dados de renda pessoal para o mês de dezembro foram revisados: a alta de 0,2% foi revisada para 0,3%, enquanto os gastos de consumo foram revisados de uma queda de 0,2% para uma queda de 0,1%.
A inflação medida pelo PCE, importante balizador da política monetária do Federal Reserve, avançou 0,6% em janeiro e 5,4% em 12 meses, ficando acima das expectativas de 0,4% e de 4,9%, respectivamente. O Core PCE, que exclui os preços mais voláteis dos alimentos e de energia, avançou 0,6% em janeiro, acumulando uma alta de 4,7% na base anual e ficando consideravelmente acima da expectativa do consenso, de 4,3%.
Wall Street reagiu negativamente. Afinal, para reduzir a demanda agregada e levar a inflação ao nível desejado, de 2%, a política monetária a ser adotada talvez tenha que ser mais dura do que o inicialmente precificado. De acordo com o CME FedWatch, os mercados estão precificando um aumento de 0,25 ponto percentual em Março, Maio e Junho.
Lucas Schwarz