Os bancos norte-americanos desabaram nas bolsas de valores com o medo de um possível risco de contágio causado pelo colapso do Silicon Valley Bank. As ações do SVB Financial Group caíram 63% nos últimos 5 dias, após o banco anunciar um rombo de US$2 bilhões e afirmar que planejava vender US$1,75 bilhão em ações para compensar as perdas no seu portfólio de títulos de tesouros do Governo dos Estados Unidos. Em outras palavras, o banco passou a sofrer problemas de liquidez após a desvalorização de parte do seu portfólio.
Embora se trate de um banco com ênfase regional, o seu tamanho não é trivial, figurando entre os 30 maiores bancos do país. O Silicon Valley Bank está fortemente associado ao mercado de tecnologias, servindo inúmeras empresas de tecnologias (incluindo startups) com serviços bancários e financiando projetos de alto risco. O fundo de venture capital Founders Fund, de Peter Thiel, co-fundador da PayPal e da Palantir, sugeriu que as empresas retirassem suas posições do SVB. É interessante ressaltar que o efeito não está limitado aos Estados Unidos.
Fundos de venture capital brasileiros já aconselham startups a retirarem seus recursos do SVB, em matéria recém-publicada pela Bloomberg Línea. Até o momento, startups brasileiras já sacaram centenas de milhões de dólares, de acordo com a Bloomberg. Com a crise se alastrando, algumas startups brasileiras já estão enfrentando problemas para sacar os seus recursos, de acordo com a NeoFeed, especializada em startups e negócios. Os temores de um risco sistêmico tendem a se retroalimentar com a percepção de efeitos em cadeia.
Cabe destacar que diversas instituições financeiras possuem valores elevadíssimos de títulos do governo que estão desvalorizando cada vez mais com a alta na taxa de juros, o que tende a acender um red flag entre os órgãos reguladores. Enquanto bancos de maior porte tendem a estar mais protegidos, com uma carteira de clientes menos exposta à taxa de juros, o mesmo não pode ser dito para bancos menores com clientes mais concentrados em setores sensíveis, como o SVB.
O SVB foi fechado pelos reguladores norte-americanos que assumiram o controle dos depósitos do banco, de acordo com o FIDC.
Lucas Schwarz