Conforme sabemos, na última “super quarta”, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 13,75%, de acordo com as expectativas de mercado. Certamente, o patamar da taxa básica de juros tem impactos em toda a economia real e no segmento bancário não é diferente.
Em tese, quanto maiores as taxas de juros, maiores tendem a ser os spreads das instituições financeiras. No entanto, o alto patamar da taxa Selic pode levar a economia brasileira a um cenário recessivo, o que impactaria diretamente no índice de inadimplência do sistema financeiro do país.
Nesse aspecto, as consequências para o Banco do Brasil tendem a ser mais brandas já que o banco estatal está largamente exposto a créditos mais seguros como o consignado e o rural. É possível afirmar que o Banco do Brasil está numa situação relativamente mais confortável do que os seus principais concorrentes.
Por sua vez, o Bradesco tende a ser um banco incumbente mais vulnerável por ter boa parte da sua carteira exposta a segmentos mais sensíveis ao aumento da inadimplência como o de pessoas físicas e pequenas e médias empresas.
É interessante apontar também que, em maior ou menor grau, todo o mercado bancário brasileiro está sendo impactado pelo aumento dos índices de inadimplência que requerem PDDs os detratam, ao menos temporariamente, os lucros.
Porém, a carteira do Banco do Brasil está largamente exposta a segmentos mais seguros como o consignado e o rural. Portanto, o aumento da inadimplência na carteira do banco estatal deve ser mais brando do que a maior parte dos seus concorrentes, especialmente Bradesco e Santander, que são mais expostos a segmentos mais arriscados.
Vale destacar também que os últimos resultados reportados do Bradesco levam a crer que os juros elevados têm tido consequências mais negativas do que positivas no lucro da instituição. O banco, cuja carteira é muito exposta a créditos mais arriscados, viu a sua inadimplência aumentar consideravelmente desde o 3T22. Diante disso, instituições mais expostas a segmentos mais sensíveis às condições macroeconômicas desafiadoras tendem a ser negativamente afetadas, ao menos, no curto prazo.
O Banco do Brasil, por outro lado, está no melhor momento da sua história, depois de anos de gestão prudente e assertiva, a qual levou a rentabilidade da instituição para um nível superior a de seus concorrentes privados, algo inédito. Porém, a companhia é controlada pelo Estado brasileiro e, portanto, está suscetível, ao menos, em parte, à política em Brasília. Tudo vai depender de como será a interação do governo com o banco, apesar de a CEO escolhida ter credibilidade no mercado.
Já o Bradesco parece estar em espécie de inferno astral que ainda deve durar alguns trimestres, razão pela qual suas ações encontram-se historicamente descontadas negociando a múltiplos mais depreciados do que na grande recessão de 2015-2016.
E você prefere Banco do Brasil ou Bradesco nesse cenário de juros elevados? Posta aqui nos comentários e até a próxima!
Milton Rabelo
Analista CNPI 2444