Assim como outras empresas do setor, as operadoras de plano de saúde têm buscado uma “solução” para o seu negócio em meio aos desafios. O aumento do valor do plano tem sido uma estratégia. Será que esse aumento compensa a pressão no setor?
Nesta temporada de resultados (4T22), do lado macroeconômico vimos que a atual conjuntura, como as elevadas taxas de juros, inflação e baixo crescimento de renda da população, têm impacto essas empresas.
Do lado mais específico dos operadoras de plano de saúde, a alta sinistralidade, elevada Variação do Custo Médico Hospitalar (VCMH), desafios regulatórios e frequência de utilização do sistema acima do normal, também têm contribuindo negativamente.
Essas empresas destacaram que o aumento de preço favoreceu o desempenho, e que a continuação desse aumento deve trazer mais fôlego. Para as operadoras, esse aumento controla a sinistralidade que está bem elevada (média do setor em, aproximadamente, 88%). Porém, ponderando com o lado macroeconômico, esse aumento pode não ser tão sustentável assim, nem muito menos considerado como a solução.
Segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)desde dezembro/2022 até janeiro/2023, os aumentos pesaram no bolso dos beneficiários, com reajuste médio de, aproximadamente, 11%. Vale destacar que esse aumento se refere aos planos corporativos e os planos coletivos por adesão, pois o reajuste dos planos individuais é regulado pela ANS.
No destaque sobre o aumento dos preços nos últimos três meses, tem-se o Bradesco (22%), SulAmérica (16,6%) e Hapvida (13%). Tais aumentos estão sendo acompanhados pelo aumento do número de beneficiários, que até março/23 totalizaram 52 milhões, de fato, um número crescente desde dez/15. Vale ressaltar que a taxa de cobertura (%) de planos privados de saúde no Brasil corresponde a 25,9%, evidenciando o espaço para crescimento.
No entanto, a questão é que esse aumento pode não ser tão sustentável, pois, de maneira geral, as operadoras estão com dificuldades de renovação dos planos e de capturar novos beneficiários. No gráfico abaixo visualizamos um reajuste realizado pela Hapvida superior a média do mercado, o que pesa para o beneficiário.
Assim, a consequência pode ser a redução desse mercado. Continuando o exemplo, a Hapvida cresceu organicamente apenas 1% neste último trimestre, sendo que o seu crescimento normalmente era de, aproximadamente, 5%.
No curto prazo esse aumento de preços pode fazer sentido, afinal, as operadoras precisam encontrar um peso para a sinistralidade alta, bem como para as demais variáveis que têm impactado o desempenho.
Como consequência, algumas empresas focando em caixa e outras se mantendo firme no aumento de preços, é possível que seja visualizado redução no número de beneficiários ao longo dos próximos trimestres, afinal, o crédito nem está barato.
Assim, mantendo-se constante as variáveis macroeconômicas, pelo menos por enquanto, é natural esperar que esse setor continue apresentando resultados bem pressionados durante o ano de 2023.
Até a próxima