O que esperar das varejistas de e-commerce após o 1T23?

Esse foi o primeiro resultado reportado pelas varejistas de e-commerce após o Caso Americanas. Ou seja, serviu para observar os primeiros sinais de como será a captação de mercado pelos principais players. Apesar do espaço deixado pela Americanas a players como Via e Magazine Luiza, foi possível observar que isso não implicou diretamente em maior crescimento e rentabilidade diante o cenário de menor concorrência. Até pelo fato de que essa conquista do mercado deixado pela Americanas se dar de uma maneira mais lenta e gradual, além de depender de investimentos mais agressivos de marketing por parte dos outros players.

Como foi o resultado das varejistas de e-commerce?

Conforme o esperado, as varejistas de e-commerce apresentaram um fraco resultado no primeiro trimestre de 2023. Isso com as empresas reportando prejuízo por conta da pressão das despesas financeiras diante cenário de juros elevados. Além disso, devido a sazonalidade do período houve uma queima de caixa relevante em todas as empresas.

Acreditamos que o pior ainda não passou, uma vez que o ambiente macroeconômico não irá mudar de maneira relevante ainda no ano de 2023. Além disso, o cenário competitivo com os players asiáticos segue sendo um grande risco e preocupação para as varejistas de e-commerce aqui no Brasil. Isso pode afetar bastante as margens das empresas diante uma competição por preço mais forte. As empresas devem continuar reportando prejuízo diante uma taxa de juros de dois dígitos até o final do ano, que pressionam diretamente a linha de despesa financeira. 

A Via (VIIA3) vem conseguindo melhorar em termos de vendas e rentabilidade, apesar de sofrer bastante com uma estrutura de capital apertada. Diferente do Magazine Luiza (MGLU3), a Via conseguiu entregar um crescimento de 1,4 p.p. na margem bruta, atingindo 32,1%. O foco da empresa em categorias de cauda longa vem sendo essencial para um ótimo crescimento do marketplace (3P). Em relação ao Magazine Luiza, a reintrodução da taxa DIFAL gerou um aumento de carga tributária de 3,2 p.p.. Isso afetou diretamente a rentabilidade e levou a uma queda da margem bruta. 

Conclusão

Acreditamos que ainda não é o momento de se posicionar no setor de e-commerce de maneira relevante, a não ser que seja uma parcela pequena do capital. A expectativa do mercado em relação à redução da taxa de juros vem piorando bastante nos últimos dois meses. Em um determinado momento o mercado chegou a acreditar que poderíamos ter uma redução da taxa de juros na próxima reunião do mês de junho, algo que agora ficou praticamente impossível. Atualmente, a probabilidade maior está para redução no mês de setembro. Isso com a taxa de juros encerrando o ano em 12,5%, patamar ainda elevado e que segue pressionando o setor varejista. 

Nossa visão é menos construtiva para empresas que comercializam bens duráveis e atendem a classe mais baixa da população, dado o cenário macroeconômico de taxa de juros e inflação ainda elevada, além do endividamento das famílias que permanece apertado.

Para maiores dúvidas e esclarecimentos conte com o time da VG Research, siga a gente nas nossas redes.

Lucas Lima

@lucaslima.mf

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