Encerrado o primeiro semestre, podemos dizer que o ano de 2023 tem sido bem diferente das expectativas dos investidores. Para a maioria das classes de ativos o ano de 2022 foi marcado por queda na renda variável e na renda fixa, dessa forma, a recuperação durante o semestre tem mostrado um forte movimento de regressão à média. Além disso, o cenário macroeconômico permanece em alta, principalmente em relação a taxa de juros e próximos passos do Federal Reserve (Fed).
Pensando nisso, vamos passar por alguns números e fatos importantes que ocorreram durante o ano?
Bolsa americana vai bem, obrigado!
Se os índices S&P500 e Nasdaq encerraram o ano de 2022 com queda de mais de 20% e 30%, o retorno em seis meses surpreenderam, pois acumularam alta de aproximadamente 16% e 30%, respectivamente.
Alguns pontos explicam o bom retorno, sendo que o principal são as empresas de tecnologia e o desenvolvimento da tecnologia de Inteligência Artificial (IA). Como os grandes nomes como Apple, Meta, NVIDIA e outras empresas de tecnologia possuem um peso relevante na composição dos índices, principalmente do Nasdaq, a performance positiva tem sido puxada por estes nomes. Se desconsiderarmos os sete principais nomes do setor a performance seria consideravelmente menor.
O gráfico abaixo ilustra o retorno de NVIDIA, META, Amazon, Netflix, Microsoft, Alphabet e os índice Nasdaq e S&P500, sendo que os índices foram os de menor retorno acumulado em 2023.
Mercado Imobiliário – REITs
Apesar do primeiro semestre bom das ações americanas, não pudemos verificar o mesmo retorno para os REITs. O principal índice de referência do mercado é o VNQ, sendo que ele acumula uma alta mais singela de aproximadamente 2%.
Entretanto, alguns setores performaram de forma bastante positiva. O primeiro semestre trouxe o principal retorno dos REITs de homebuilders, que são as empresas de construção imobiliária, sendo que o iShares U.S. Home Construction (ITB), índice de referência, acumula alta de quase 40%, aproveitando o bom momento e perspectivas de um maior volume de casas para construção.
Fed
O tema inflação ainda permanece no radar do banco central americano. Apesar da expressiva queda da inflação desde o seu pico de mais de 9% em 2022, o Fed ainda possui um longo caminho a percorrer, conforme palavras do presidente Jerome Powell. Tanto que as estimativas projetadas no início do ano de que a taxa de juros máxima deste ciclo que seria próxima de 5,1%. Revisou-se para 5,6%, ou seja, indicando outros dois aumentos nos juros de 0,25 p.p.
Os principais pontos de atenção são o mercado de trabalho aquecido e o núcleo de inflação ainda em patamar elevado. Entretanto, o banco central permanece atento com relação às condições dos bancos, especialmente os de menor porte, para que outro evento como o de março não se repita.
E qual a opinião do mercado?
Apesar dos anúncios de endurecimento das políticas econômicas, o mercado continua apostando que um aumento de apenas 0,25 ponto percentual será suficiente para realizar o tão sonhado soft landing. A imagem a seguir mostra o interesse pelo termo “soft landing”, cujo pico de interesse ocorreu este ano.
Ademais, o mercado espera um último aumento nos juros na próxima reunião de julho, sendo que em janeiro será realizado o primeiro corte.
O que esperar para o restante do ano?
Apesar de antecipar a movimentação quanto aos juros, o mercado ainda busca um gatilho ou um dado mais claro que convença o Fed a reduzir o ciclo de aperto monetário. Enquanto isso, a divulgação dos dados de emprego (payroll) nesta sexta-feira, junto aos dados de PCE divulgados na semana passada, indicará se, de fato, ocorrerá um novo aumento nos juros, confirmando as expectativas.
Além disso, tudo indica que o Fed irá manter ao longo do ano o mesmo formato de decisão. Aguardando dados mais recentes e esperar como a economia reage aos estímulos já executados.
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Guilherme Morais
Analista CNPI 2682