O conceito básico do que é e como funciona uma análise fundamentalista se faz de bastante importante para aqueles que pretendem investir com o foco voltado para o longo prazo. Ao ter conhecimento sobre este tema, você,  investidor, simplifica o processo de tomada de decisões: “será que essa empresa é segura?”, “essa empresa é lucrativa e bem gerida?”. Essas e outras perguntas são facilmente respondidas após essa análise, que cuidadosamente deve ser feita.

Neste texto, vamos explorar o que é a análise fundamentalista, como ela funciona e como você pode aplicá-la para fazer investimentos mais informados e seguros.

• O que é análise fundamentalista?
• Como funciona a análise fundamentalista?
• Qual a importância do valor intrínseco?
• Quais são as vantagens da análise fundamentalista?

O que é análise fundamentalista?

A análise fundamentalista leva em consideração a situação financeira, econômica e setorial de uma empresa com a finalidade de determinar o preço justo de suas ações e quais são as perspectivas para o seu futuro. 

Essa abordagem se concentra em aspectos como:

1. Saúde financeira da empresa: examina demonstrações financeiras, como balanços patrimoniais, demonstrações de resultados e fluxos de caixa.
2. Desempenho econômico: avalia o setor em que a empresa opera, sua posição no mercado e as condições econômicas gerais.
3. Gestão e governança corporativa: analisa a competência e a integridade da equipe de gestão e práticas de governança.
4. Fatores qualitativos: considera aspectos como a marca da empresa, patentes, vantagens competitivas e lealdade do cliente.

Você já viu o que é uma análise fundamentalista, agora aprenderá como funciona.

Como funciona a análise fundamentalista?

A análise fundamentalista é um processo que envolve várias etapas detalhadas. Assim, estas etapas vão ajudar, você, investidor, a formar uma visão baseada em premissas sobre a empresa em questão. 

Entender esses componentes é fundamental para fazer uma avaliação bem informada e tomar as melhores decisões de investimento.

1. Análise das Demonstrações Financeiras

Costumamos dizer que as demonstrações financeiras são a espinha dorsal da análise fundamentalista. Elas fornecem uma visão detalhada dos dados acerca da saúde financeira da empresa e portanto são essenciais para qualquer investidor que deseja tomar decisões informadas. Entender essas demonstrações permite finalmente, avaliar a capacidade da empresa de gerar lucro, sustentar suas operações e crescer no longo prazo.

As demonstrações financeiras incluem três principais documentos que, quando analisados em conjunto, oferecem uma imagem completa do desempenho e da posição financeira da empresa. Sendo assim, vamos à eles:

• Balanço patrimonial: esta demonstração mostra a posição financeira da empresa em um ponto específico no tempo, detalhando ativos, passivos e patrimônio líquido. Analisando o balanço, os investidores podem por fim entender a liquidez da empresa, sua alavancagem e a qualidade de seus ativos.
• Demonstração de resultados:  a demonstração detalha as receitas, despesas e lucros da empresa ao longo de um período específico. Ela ajuda a avaliar a lucratividade operacional, a eficiência na geração de receitas e a gestão dos custos.
• Fluxo de caixa: o fluxo de caixa revela como a empresa gera e faz uso do seu dinheiro. Ele é dividido em fluxos de caixa operacionais, de investimento e de financiamento. 

2. Cálculo de indicadores financeiros

Indicadores financeiros são ferramentas que ajudam a interpretar as demonstrações financeiras anteriormente citadas, e a avaliar o desempenho e a saúde financeira de uma empresa. Eles simplificam a análise ao transformar esses dados brutos em métricas que por vezes são comparadas ao longo do tempo ou entre diferentes empresas. Aqui estão alguns dos principais indicadores financeiros e suas importâncias:

• P/L (Preço/Lucro): este indicador relaciona o preço da ação ao lucro por ação. Um P/L baixo pode sugerir que a ação está subvalorizada, enquanto um P/L alto pode indicar supervalorização.
• ROE (Return on Equity): mede a rentabilidade da empresa em relação ao patrimônio líquido. Um ROE elevado indica que a empresa está gerando bons retornos para seus acionistas.
• Margem de lucro: calculada dividindo-se o lucro líquido pelas receitas totais, este indicador avalia a eficiência da empresa em converter receitas em lucro.

3. Análise do setor e concorrência

Entender o contexto no qual a empresa opera é importante para avaliar seu potencial de crescimento e competitividade. A análise do setor e da concorrência fornece informações sobre as condições de mercado, enquanto isso as dinâmicas competitivas e os fatores externos que podem influenciar o desempenho da empresa. Esta análise inclui alguns aspectos como:

• Posição no mercado: avaliar a participação de mercado da empresa e sua vantagem competitiva em relação aos concorrentes ajuda a entender seu poder de mercado e capacidade de gerar lucros.
• Tendências do setor: identificar as tendências de crescimento, desafios e oportunidades no setor ajuda a prever como essas forças podem impactar o desempenho futuro da empresa.

4. Fatores macroeconômicos

A análise fundamentalista não se limita à empresa isoladamente; ela também considera o ambiente econômico mais amplo no qual a empresa opera. Compreender os fatores macroeconômicos é essencial, pois eles fornecem um panorama deste cenário econômico que pode afetar diretamente as operações, a lucratividade e o potencial de crescimento das empresas. Aqui estão algumas das principais considerações macroeconômicas que os investidores devem ter em mente:

• Condições econômicas gerais: fatores como crescimento do PIB, taxa de desemprego e políticas econômicas influenciam a demanda por produtos e serviços da empresa.
• Taxas de juros e inflação: a variação nas taxas de juros pode afetar os custos de financiamento da empresa, enquanto a inflação pode impactar os custos operacionais e os preços dos produtos.

5. Governança corporativa

A qualidade da gestão e as práticas de governança são determinantes para a sustentabilidade a longo prazo da empresa. A governança corporativa refere-se ao sistema pelo qual as empresas são dirigidas e controladas, envolvendo o equilíbrio entre os interesses dos acionistas, executivos, funcionários, clientes e a comunidade em geral. Uma governança corporativa eficaz garante que a empresa opera de maneira transparente, ética e em conformidade com as regulamentações, protegendo os interesses dos acionistas e outras partes interessadas. Aqui estão os principais aspectos a serem considerados:

• Competência da gestão: avaliar a experiência e o histórico dos executivos e do conselho administrativo ajuda a entender se a empresa está bem posicionada para enfrentar desafios e aproveitar oportunidades.
• Práticas de governança: analisar a transparência, ética e conformidade com regulamentos da empresa garante que ela opera de maneira responsável e alinhada com os interesses dos acionistas.

6. Fatores qualitativos

A análise fundamentalista também considera aspectos qualitativos. Enquanto os dados financeiros fornecem uma visão quantitativa do desempenho da empresa, os fatores qualitativos oferecem uma perspectiva mais holística, revelando aspectos que podem afetar a competitividade, a sustentabilidade e o crescimento a longo prazo. 

• Marca e reputação: A força da marca e a percepção pública da empresa podem afetar significativamente suas vendas e fidelidade do cliente.
• Inovação e Propriedade Intelectual: Empresas com forte investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e patentes podem ter uma vantagem competitiva sustentável.
• Cultura Corporativa: Uma cultura corporativa sólida pode atrair e reter talentos, impulsionando a inovação e eficiência.

Qual a importância do valor intrínseco?

O conceito de valor intrínseco refere-se ao conceito de que o preço de mercado de uma ação não reflete necessariamente seu valor. A análise fundamentalista se propõe a determinar esse valor.

Exemplificando, o valor intrínseco é o valor que um analista conclui que uma ação realmente vale após um estudo detalhado de seus fundamentos. Por exemplo, considere que as ações do Banco Santander (SANB11) estão sendo negociadas a R$ 28,00. Após uma análise abrangente de indicadores macroeconômicos e microeconômicos, o analista pode determinar que o valor intrínseco dessa ação é R$ 40,00.

Nesse cenário, as ações estão sendo negociadas abaixo do seu valor justo, tornando-se, portanto, uma opção atraente para compra. Esta abordagem se baseia em outro princípio fundamental da análise fundamentalista: a longo prazo, o mercado de ações tenderá a refletir os fundamentos da empresa.

Por outro lado, se as ações estiverem sendo negociadas acima do seu valor justo, elas se tornam menos atrativas para compra. Portanto, aprender a analisar o valor intrínseco de um ativo é essencial para qualquer investidor.

Quais são as vantagens da análise fundamentalista?

A análise fundamentalista oferece uma série de benefícios para o investidor, proporcionando uma visão sólida para o momento de tomada de decisões em investimento. Essa abordagem permite que você baseie suas escolhas em informações concretas sobre a empresa, como seu desempenho financeiro, estrutura de capital, gestão e perspectivas de mercado. Ao reduzir a subjetividade e aumentar a precisão das decisões de investimento, essa análise fornece informações confiáveis para a construção de uma carteira diversificada e segura,

Além disso, essa metodologia é fundamental para investidores com perspectiva de longo prazo, pois ao considerar o potencial de crescimento futuro da empresa, permite que o investidor faça escolhas mais seguras e rentáveis, alinhadas com seus objetivos financeiros de longo prazo.

Um dos pontos fortes da análise fundamentalista é sua capacidade de identificar empresas que estão sendo negociadas abaixo de seu valor intrínseco, ou seja, empresas subvalorizadas. Essas empresas frequentemente representam uma oportunidade de investimento promissora, oferecendo potencial de crescimento e valorização à medida que o mercado reconhece seu verdadeiro valor.

Outro aspecto importante é sua utilidade na gestão de riscos de investimento. Ao compreender a saúde financeira da empresa e avaliar os riscos associados ao investimento, o investidor pode tomar decisões mais informadas e reduzir a possibilidade de grandes perdas financeiras. Isso permite uma abordagem mais prudente e equilibrada para a construção e gestão da carteira de investimentos.