Derivativos: o que são, tipos e como investir

Além de ações, FIIs ou ETFs, por exemplo, existem investimentos alternativos de renda variável que podem ajudar o investidor a otimizar sua carteira e alcançar melhores resultados, como os derivativos.

Esse tipo de aplicação está se tornando cada vez mais atrativa entre os brasileiros.

Segundo um levantamento recente da B3, 348 mil pessoas físicas investiram em derivativos no último trimestre de 2024.

Isso representa 23% da quantidade média diária de contratos negociados na bolsa brasileira.

Sem contar as operações que acontecem no mercado de balcão (OTC), feitas diretamente entre as partes.

Mas afinal, o que são e como funcionam derivativos financeiros? Quais são suas vantagens e riscos, e como usá-los para tornar sua carteira mais segura e rentável?

Continue a leitura e descubra!

O que são derivativos e para que servem?

Derivativos são um instrumento financeiro que tem seu valor “derivado” de um ativo subjacente, como:

  • ações;
  • commodities (petróleo, ouro, soja, entre outros);
  • moedas;
  • índices.

Em outras palavras, são contratos que não possuem um valor intrínseco, pois são baseados no ativo de referência.

Na prática, eles permitem que o investidor assuma uma posição baseada na expectativa de preço futuro desse ativo, sem precisar comprá-lo diretamente.

Geralmente, funciona assim: o investidor se compromete a comprar ou vender determinado ativo a um preço e prazo acordado no momento da contratação.

Então, apesar de não possuir o ativo hoje diretamente, o investidor pode tê-lo no futuro ao executar os termos do contrato, dependendo da estratégia escolhida e do movimento do mercado.

De qualquer forma, os derivativos são amplamente usados para proteção (hedge), alavancagem ou especulação. Sendo uma ferramenta de gestão de risco e de ampliação de oportunidades, de acordo com o perfil e objetivo do investidor.

Tipos de derivativos

Investidores discutindo possibilidade de investir em derivativos

Existem quatro tipos principais de derivativos que o investidor pode explorar: contratos futuros, contratos a termo, swaps e opções.

Cada um tem uma lógica própria, mas todos partem da mesma ideia: um acordo baseado no preço futuro de um ativo.

Veja como cada estratégia funciona:

1. Contratos futuros

Os contratos futuros são acordos entre duas partes para comprar ou vender um ativo em uma data futura e a um preço combinado hoje.

Os investidores geralmente utilizam esses contratos quando querem se proteger de oscilações de preço ou aproveitar expectativas fortes de movimento no mercado — por exemplo, antes de eventos econômicos importantes, decisões de juros, safras agrícolas ou variações cambiais esperadas.

Todos os contratos são negociados na bolsa, que também os padroniza, definindo:

  • ativo negociado;
  • tamanho do contrato;
  • data de vencimento.

Além disso, quem garante o cumprimento de tudo é a câmara de compensação, uma instituição da própria bolsa que atua como intermediária, garantindo que cada lado do contrato receba o que tem direito.

Ela exige que os participantes depositem uma margem de garantia, um valor que funciona como “caução” para evitar inadimplência.

Assim, a B3 realiza o ajuste diário dos valores. Se o preço do ativo sobe, o investidor que comprou ganha e o que vendeu perde, e vice-versa. A diferença é creditada ou debitada na conta do investidor todos os dias.

Como funciona

  • Abertura da posição: o investidor assume uma posição comprada (espera alta) ou vendida (espera queda) em um contrato futuro.
  • Margem de garantia: antes de iniciar a operação, é necessário depositar uma quantia exigida pela bolsa, que funciona como um “colchão” de segurança contra possíveis perdas.
  • Ajuste diário: todos os dias, a bolsa recalcula o valor do contrato conforme o preço do ativo. Se o mercado andar a favor, o investidor recebe a diferença; se for contra, precisa cobrir as perdas.
  • Encerramento ou vencimento: o investidor pode encerrar a posição antes do vencimento (vendendo ou recomprando o contrato) ou aguardar até o final, quando ocorre a liquidação financeira.

Exemplo prático

Um investidor acredita que o Ibovespa vai subir nos próximos meses. Ele compra um contrato futuro de índice na B3. 

Se o índice realmente subir, ele lucra com a diferença entre o preço de compra e o preço de venda. Caso caia, perde essa diferença.

Para quem é indicado

Os contratos futuros são ideais para investidores com perfil arrojado, que buscam maior potencial de retorno, entendem bem o funcionamento do mercado e aceitam o risco de perdas em troca de oportunidades melhores.

Vantagens e riscos

VantagensRiscos
Permitem travar preços e proteger a carteira contra oscilações de mercado (hedge)A alavancagem pode amplificar perdas em movimentos contrários
Possibilitam especular sobre tendências de preços com baixo capital inicialExigem acompanhamento constante do mercado e dos ajustes diários
Alta liquidez e padronização em bolsa, facilitando a negociaçãoPodem gerar custos adicionais com margem de garantia
Favorecem estratégias de curto prazo e diversificação de carteira

2. Contratos a termo

Os contratos a termo são parecidos com o futuro, mas não são negociados na bolsa. Eles são feitos diretamente entre as partes no mercado de balcão (OTC).

Esse modelo dá mais liberdade ao investidor e à contraparte para definir o preço, a data e as condições do contrato.

Por exemplo, dois investidores podem combinar hoje a compra de 1.000 ações a R$20 cada, com liquidação daqui a 60 dias.

Por não ter intermediação da bolsa, o contrato a termo não passa por ajustes diários, e o resultado só é apurado no vencimento.

Mas isso também significa maior risco, pois não há uma câmara de compensação garantindo o pagamento.

Funciona assim:

  • Negociação direta: comprador e vendedor definem os termos do contrato.
  • Execução: o ativo é entregue (ou o valor é liquidado) na data combinada.
  • Liquidação final: o resultado é calculado apenas no vencimento.

O contrato a termo é recomendado para investidores com perfil moderado a arrojado, que:

  • querem planejar uma compra ou venda futura (como uma forma de “reserva de preço”);
  • entendem os riscos de não haver intermediação da bolsa;
  • preferem mais flexibilidade nas condições do contrato.

Ele exige conhecimento, mas apresenta menor exposição à volatilidade em relação aos contratos futuros, que têm ajustes todos os dias.

Vantagens e riscos

VantagensRiscos
Permitem fixar o preço futuro de um ativo sem precisar desembolsar o valor total no inícioBaixa liquidez, pois são contratos personalizados e sem negociação em bolsa
Possibilitam proteção contra oscilações de preço no curto e médio prazoExigem cumprimento integral no vencimento, sem liquidação antecipada
Podem ser ajustados conforme as necessidades das partes (prazo, quantidade, preço)Risco de crédito entre as partes, já que não há garantia de bolsa

3. Swaps

Os swaps são contratos em que duas partes trocam os resultados financeiros de aplicações baseadas em índices diferentes, como:

  • taxa de juros;
  • inflação;
  • câmbio.

Na prática, não há compra nem venda de um ativo físico. O que muda é apenas o fluxo de pagamentos. Cada parte concorda em receber o rendimento de um índice e pagar o de outro.

Por exemplo, imagine um investidor que acredita que os juros vão cair.

Ele pode fazer um swap trocando uma taxa pós-fixada (CDI) por uma prefixada de 10% ao ano.

Se o CDI realmente cair abaixo de 10%, ele ganha, já que receberá mais do que pagaria se tivesse ficado no CDI.

Mas, se os juros subirem, o resultado se inverte.

Os investidores usam esse tipo de derivativo para equilibrar a exposição da carteira ou se proteger de movimentos inesperados da economia, principalmente em cenários de muita incerteza.

Diferente dos contratos futuros ou a termo, o swap não envolve entrega do ativo nem ajustes diários.

No vencimento, ocorre apenas a liquidação financeira, em que uma das partes paga à outra a diferença entre os resultados obtidos.

Em geral, é um instrumento voltado a investidores experientes e profissionais, pois exige conhecimento sobre indexadores e análise de cenários macroeconômicos.

Vantagens e riscos

VantagensRiscos
Permite proteger a carteira contra variações de juros, câmbio ou inflaçãoExige conhecimento técnico sobre indexadores e cenário macroeconômico
Possibilita ajustar o perfil de retorno sem vender ativosPode gerar perdas elevadas se o mercado se mover na direção oposta
Não envolve entrega física de ativosBaixa liquidez em alguns contratos

4. Opções

As opções são contratos que dão ao comprador o direito — mas não a obrigação — de comprar (call) ou vender (put) um ativo por um preço pré-determinado (strike), até ou em uma data específica.

Já o vendedor da opção tem a obrigação de cumprir o contrato caso o comprador decida exercer esse direito.

O comprador paga um prêmio, que é o custo da opção e representa sua perda máxima possível.

Se o mercado se mover a favor, o ganho pode ser significativamente maior do que o valor investido.

Os investidores utilizam opções para proteger posições em ativos (hedge) ou buscar alavancagem controlada.

Como funciona

As operações mais básicas seguem estas etapas:

  • Escolha do tipo de opção: o investidor define se quer comprar uma call ou uma put.
  • Seleção do strike e vencimento: decide o preço-alvo e a data do contrato.
  • Pagamento do prêmio: é o valor que garante o direito da operação.
  • Variação e decisão: se o ativo atingir o preço esperado, o investidor pode exercer o direito ou vender a opção no mercado.

Por exemplo: um investidor acredita que as ações da Petrobras vão subir nos próximos meses. Ele compra uma call com strike de R$30 e vencimento em 3 meses, pagando um prêmio de R$2 por ação.

Se a ação subir para R$40, ele pode exercer a opção e lucrar com a diferença (R$10 menos R$2 de prêmio) ou vender a opção no mercado por um valor próximo ao ganho potencial.

Se a ação não subir, o máximo que ele perde é o prêmio pago.

Além disso, é possível estruturar estratégias mais complexas, como:

Vantagens e riscos

VantagensRiscos
Limitam a perda ao valor do prêmio pagoPodem perder todo o valor se o cenário esperado não se concretizar
Permitem alavancar ganhos com baixo investimento inicialExigem conhecimento sobre volatilidade e comportamento do ativo
Servem para proteger posições em ações ou montar estratégias estruturadas
Oferecem flexibilidade em diferentes cenários de mercado

Como investir no mercado de derivativos?

Investidora fazendo primeiros investimentos no mercado de derivativos

Investir em derivativos exige entender o funcionamento de cada modelo de contrato e o tipo de exposição que ele oferece.

Então, ver qual mercado se encaixa tanto no seu perfil de investidor como nos seus objetivos. Para isso, o passo a passo é o seguinte:

1. Estude o mercado

Primeiramente, entenda como os derivativos são precificados e quais fatores influenciam seus resultados, como:

  • volatilidade;
  • taxa de juros;
  • prazo;
  • preço do ativo-objeto;
  • margem de garantia;
  • liquidação dos contratos.

Além disso, use simuladores e ferramentas de análise para testar estratégias e avaliar o impacto de diferentes cenários antes de se expor com capital real.

2. Escolha onde operar

A maioria dos derivativos é negociada na B3, o mercado brasileiro. Para isso, é necessário ter conta em uma corretora, que intermedeia as operações e exige garantias de acordo com o contrato.

Já os derivativos de balcão (OTC, over-the-counter) são negociados diretamente entre instituições ou investidores qualificados, sem intermediação da bolsa.

Esses contratos podem ser personalizados, mas exigem mais conhecimento técnico e suporte profissional.

3. Defina sua estratégia

Os derivativos podem servir a diferentes objetivos.

Na proteção (hedge), o foco é reduzir a exposição a oscilações de preço, travando valores de compra ou venda de ativos.

Na especulação, busca-se lucrar com movimentos de curto prazo.

Também é possível combinar estratégias para equilibrar risco e retorno.

4. Estabeleça limites e controle de risco

Nunca opere sem saber quanto está disposto a perder.

Use margens de segurança, ordens de stop e acompanhe suas posições com frequência. 

Manter o controle emocional é parte desse processo: decisões ponderadas ajudam a evitar perdas desnecessárias e tornam a gestão de risco mais eficaz.

5. Comece com pouca exposição

Ao iniciar, invista apenas com valores pequenos. Com isso, você pode ganhar experiência com a dinâmica do mercado sem comprometer seu capital.

Aumente seus investimentos gradualmente à medida que seu conhecimento e confiança crescem.

Perguntas frequentes

É possível investir em derivativos mesmo tendo pouco dinheiro?

Sim. Muitos contratos de derivativos têm versões menores, como minicontratos futuros, que exigem menos margem de garantia. Além disso, é possível começar estudando e simulando operações antes de aplicar capital real.

Qual é a principal diferença entre investir em derivativos e em ações?

Enquanto ações representam a propriedade de uma empresa, os derivativos são contratos que derivam do valor de outros ativos — como ações, índices, moedas ou commodities. Eles servem principalmente para proteção (hedge) ou especulação, e não para participação acionária.

O que acontece se eu não tiver garantias suficientes em uma operação com derivativos?

Nos contratos negociados na bolsa, a corretora exige uma margem de garantia, que serve como proteção caso o mercado se mova contra sua posição. Se o valor dessa margem ficar abaixo do exigido, o investidor precisa reforçá-la o quanto antes. Caso contrário, a corretora pode encerrar a operação automaticamente para evitar prejuízos maiores.

Conclusão

Por fim, os derivativos são excelentes ferramentas para compor sua estratégia. Seja para proteger investimentos, seja para ampliar oportunidades de ganho.

Mas, como qualquer outro produto financeiro, exigem conhecimento, planejamento e controle de risco.

O primeiro passo é entender como funcionam os contratos futuros, a termo, swaps e opções para operar com segurança.

O segundo é aplicar esse conhecimento de forma estratégica, de acordo com seus objetivos e seu perfil de investidor.

E isso leva tempo. Ainda mais se você não tiver a direção correta.

Para encurtar sua curva de aprendizado, vale a pena fazer parte do VG VIP.

Lá, você domina o uso inteligente dos derivativos com muito mais eficiência, aprendendo a identificar oportunidades, reduzir riscos e estruturar posições com lógica profissional.

Além disso, tem acesso a relatórios semanais, análises de mercado e recomendações que te ajudam a investir com confiança.

Conheça agora mesmo o VG Vip e tenha o suporte dos maiores analistas do Brasil para potencializar seus resultados!

Artigos Relacionados

Porque assinar a nossa newsletter?

Notícias Notícias

Os nossos analistas realizam uma curadoria cuidadosa das principais notícias sobre a bolsa de valores e nós te enviamos, por e-mail, a visão da VG Research sobre como isso pode impactar os seus investimentos.

Artigos Artigos

Tenha acesso a artigos completos e detalhados, toda a semana, sobre os principais temas relacionados à investimentos, empresas e economia.

Vídeos Vídeos

Aulas online e gratuitas sobre a bolsa de valores para te ajudar a entender mais sobre o universo das ações e saber tomar melhores decisões com os seus investimentos, sempre com foco em crescimento de patrimônio e aumento da renda passiva.