A B3 é a bolsa de valores brasileira. O lugar em que acontece a maioria das negociações do mercado financeiro.
É nela que os preços dos ativos são formados, empresas captam recursos e investidores compram ou vendem ativos.
Por isso, entender como a B3 funciona, o que é negociado ali e qual é o seu papel na economia é um passo essencial para quem está começando a investir.
Neste guia, vamos explicar de forma simples e prática tudo o que você precisa saber sobre a B3: desde sua história e funcionamento até como operar na prática.
Depois desta leitura, você terá uma visão clara do que realmente acontece “por trás da tela” quando realiza um investimento.
O que é a B3 e para que serve?
A B3 é a bolsa de valores oficial do Brasil, a instituição responsável por organizar e garantir a segurança das operações do mercado financeiro no país.
Ela não está entre as 10 maiores bolsas do mundo, mas é a maior da América Latina, com um total de 19,4 milhões de investidores pessoa física, que combinam aplicações em renda variável e fixa.
Quando você investe, mesmo por meio de uma corretora ou distribuidora, sua ordem sempre passa pela B3.
Ela existe para garantir que todas as operações aconteçam de forma segura, transparente e padronizada, oferecendo o ambiente e a estrutura necessária para a negociação de diversos ativos, como, por exemplo:
- ações;
- fundos imobiliários;
- contratos futuros;
- commodities;
- títulos de renda fixa.
Sem a B3, cada negociação dependeria de um acordo direto entre comprador e vendedor — algo lento, inseguro e sujeito a erros. Com ela, o processo é automático, rastreável e regulado.
Além de facilitar negociações, a B3 também cumpre outras funções essenciais:
- Formação de preços: o valor de cada ativo é definido ali, de acordo com oferta e demanda.
- Registro e compensação: todas as operações são registradas e conferidas para garantir que cada compra tenha uma venda correspondente.
- Liquidação: assegura que o dinheiro chegue ao vendedor e o ativo chegue ao comprador nos prazos corretos.
- Infraestrutura do mercado: oferece sistemas, regras e tecnologias que permitem que o mercado opere de forma estável.
- Fomentar o crescimento: ao possibilitar que empresas captem recursos e investidores apliquem seu dinheiro, contribui diretamente para o desenvolvimento econômico do país.
Em resumo, a B3 é o centro operacional do mercado financeiro brasileiro, pois praticamente tudo passa por ela.
Como surgiu a B3?
A história da B3 começa muito antes do nome atual.
Sua origem está na antiga Bolsa de Valores de São Paulo, a Bovespa, fundada em 1890 para organizar as primeiras negociações de ações no Brasil.
Naquele período, tudo era feito de forma manual, com pregão presencial e pouca tecnologia.
Com a expansão do mercado financeiro ao longo das décadas, a Bovespa passou por grandes modernizações.
Uma das mais importantes ocorreu em 2007, quando ela deixou de ser uma instituição sem fins lucrativos e se tornou uma empresa — processo conhecido como desmutualização.
Esse movimento abriu espaço para a fusão com a BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), que era responsável por contratos futuros, commodities e derivativos. Dessa união nasceu a BM&FBovespa, integrando renda variável e derivativos em uma única estrutura.
O passo final veio em 2017, quando a BM&FBovespa se juntou à CETIP, que era a plataforma responsável pelo registro, liquidação e custódia de títulos de renda fixa, como CDBs, LCIs, LCAs e debêntures.
A partir dessa fusão, todo o mercado — renda fixa, renda variável e derivativos — passou a operar de maneira centralizada.
Foi nesse momento que surgiu o nome B3, sigla para Brasil, Bolsa, Balcão. A escolha representa justamente essa integração:
- Brasil: a bolsa oficial do país;
- Bolsa: o ambiente de negociação de ações;
- Balcão: o mercado organizado de renda fixa e derivativos.
A criação da B3 teve um objetivo claro: tornar o mercado financeiro brasileiro mais eficiente, seguro e prático.
Em vez de cada segmento funcionar em sistemas separados, tudo passou a ser centralizado, reduzindo custos, padronizando processos e aumentando a confiabilidade das operações.
É dessa evolução que surgiu a estrutura moderna que sustenta o mercado financeiro brasileiro hoje.
Quais investimentos são feitos na B3?

Na B3, você encontra diversos tipos de investimento, cada um com características próprias. A escolha depende do seu perfil, objetivos e quanto risco você está disposto a correr. Conheça os principais:
Ações
As ações representam pequenas partes de uma empresa.
Ao comprar uma ação, você se torna sócio e participa dos resultados da companhia. Seja pela valorização do preço, seja pela distribuição de lucros (os chamados dividendos).
Por exemplo, se você comprou 100 ações de uma empresa a R$ 10 cada, e o preço sobe para R$ 12, você terá um ganho de R$ 200.
Se a empresa pagar R$ 0,50 de dividendo por ação no período, você receberá mais R$ 50.
A B3 garante que a negociação e a distribuição desses dividendos aconteçam de forma segura e transparente.
Fundos Imobiliários (FIIs)
Os FIIs permitem investir em imóveis sem precisar comprá-los diretamente.
Ao adquirir cotas de um fundo, você passa a receber parte dos aluguéis ou lucros gerados pelos imóveis do portfólio.
Imagine um FII que administra shoppings, por exemplo.
Se você comprar 50 cotas e o fundo distribuir R$ 1 por cota de rendimento mensal, você receberá R$ 50 todo mês.
Na B3, essas cotas são negociadas como ações. Assim, você pode comprá-las ou vendê-las facilmente.
Títulos de renda fixa
A B3 também centraliza a negociação de títulos de renda fixa, como, por exemplo:
- CDBs;
- LCIs;
- LCAs;
- debêntures.
Diferente das ações, esses produtos têm rendimento pré-determinado ou atrelado a índices, como o CDI ou a inflação.
Se você investir R$ 5.000 em um CDB com rendimento de 8% ao ano, por exemplo, ao final do período receberá R$ 400 de juros, além do valor investido.
A B3 cuida do registro, da liquidação e da custódia desses títulos, garantindo que tudo ocorra de forma correta e segura.
Derivativos
Em resumo, derivativos são contratos financeiros cujo valor “deriva” de outro ativo, como ações, índices, moedas ou commodities.
Eles podem ser usados tanto para proteção (hedge) quanto para especulação, sendo considerados investimentos mais avançados.
Entre os derivativos mais utilizados, destacamos:
Contratos futuros
São acordos de compra ou venda de um ativo por um preço fixo em uma data futura.
Funciona assim: duas partes fazem um contrato hoje combinando um preço, mas a negociação só será concluída lá na frente. Uma se compromete a comprar, a outra a vender.
O interessante é que você não precisa ter o ativo (se está vendendo) nem o dinheiro total (se está comprando) agora. Você deposita apenas uma margem de garantia — um percentual pequeno do valor total do contrato — para assegurar que vai cumprir o acordo.
Conforme o preço do ativo sobe ou desce no mercado, seu contrato vai gerando lucro ou prejuízo diariamente. Esse ajuste é feito todo dia pela B3 e é chamado de “ajuste diário”.
Se o preço do ativo subir e você vendeu o contrato, você perde dinheiro (porque se comprometeu a vender mais barato). Se o preço cair e você vendeu, você ganha (porque vai vender mais caro do que o mercado está pagando).
Por exemplo, imagine que você tem uma carteira de ações e teme uma queda no mercado. Pode vender contratos futuros do Ibovespa a 120 mil pontos. Se o índice cair para 115 mil pontos, você lucra com essa diferença de 5 mil pontos, compensando as perdas da sua carteira.
Opções
Opções dão o direito (mas não a obrigação) de comprar ou vender um ativo por um preço definido até uma data limite.
Existem dois tipos básicos:
- Opção de compra (call): dá o direito de comprar o ativo. Você acredita que o preço vai subir e quer garantir um valor fixo de compra.
- Opção de venda (put): dá o direito de vender o ativo. Você teme uma queda e quer garantir um preço mínimo de venda.
Exemplo: uma ação está a R$ 50, mas você acha que vai subir. Em vez de comprar a ação diretamente, você compra uma opção de compra por R$ 2.
Se a ação subir para R$ 60, você exerce a opção e a compra pelo valor fixado, obtendo lucro. Se não subir, perde apenas os R$ 2 investidos no contrato.
Contratos a termo
Parecidos com os futuros, mas com diferenças importantes no funcionamento.
Nos contratos a termo, duas partes fazem um acordo personalizado: definem o ativo, a quantidade, o preço e a data de vencimento de acordo com suas necessidades específicas.
A principal diferença para os futuros é que não há ajuste diário. O acerto financeiro acontece apenas no vencimento: quem comprou paga o valor combinado e recebe o ativo, ou simplesmente as partes acertam a diferença em dinheiro.
Além disso, os contratos a termo têm menos liquidez — você não consegue sair da posição facilmente vendendo o contrato para outra pessoa, como acontece nos futuros.
Por essas características (menor liquidez, falta de padronização e acerto só no final), são menos negociados por investidores individuais e mais usados por instituições financeiras e grandes empresas em operações específicas.
Swaps
São contratos de troca de fluxos financeiros entre duas partes.
O mais comum é o swap de taxa: uma parte paga juros fixos e recebe juros variáveis (ou vice-versa).
Exemplo: uma empresa tem uma dívida atrelada ao CDI (taxa variável) mas prefere pagar juros fixos para ter previsibilidade. Então, faz um swap trocando o CDI por uma taxa fixa.
Para investidores pessoa física, swaps são menos comuns, mas existem fundos que usam essa estratégia.
Importante: derivativos exigem conhecimento técnico, controle rigoroso de risco e acompanhamento constante do mercado. Não são recomendados para iniciantes, mas mostram a flexibilidade e sofisticação que a B3 oferece para diferentes estratégias.
Commodities
Commodities se referem à negociação de produtos como petróleo, ouro, café, soja e boi gordo.
Na B3, a compra e venda desses ativos acontece por meio de contratos futuros — você não compra sacos de café físicos, mas contratos que representam esses produtos.
- Proteção (hedge): produtores travam preços para se proteger contra oscilações.
- Exemplo: um fazendeiro vende contratos futuros de soja a R$ 150 por saca antes da colheita. Se o preço cair para R$ 130, o contrato compensa a diferença. Se subir para R$ 170, ele vende pelo preço travado, abrindo mão do ganho extra em troca de segurança.
- Especulação: investidores apostam na valorização ou queda dos preços.
- Exemplo: você acredita que o petróleo vai subir. Compra contratos futuros. Se o preço valorizar, você lucra com a diferença vendendo o contrato antes do vencimento.
A B3 garante a liquidação desses contratos, seja por entrega física ou ajuste financeiro.
Principais índices da B3
Índices são como termômetros do mercado. Eles representam carteiras teóricas de ações que funcionam como referência para medir o desempenho de diferentes segmentos da bolsa.
Ao acompanhá-los, você entende como o mercado está se movimentando e consegue comparar o desempenho da sua carteira para identificar oportunidades.
A B3 calcula diversos índices, cada um com um propósito diferente. Veja os principais:
Ibovespa (IBOV)
O Ibovespa é o principal índice da bolsa brasileira. Ele reúne as ações mais negociadas da B3, representando cerca de 80% do volume de negociações do mercado.
Funciona como uma carteira teórica: a B3 seleciona as empresas com base em critérios como liquidez (volume de negociação) e representatividade, e acompanha o desempenho conjunto dessas ações.
Se o Ibovespa subiu 10% no ano, significa que, em média, as principais ações da bolsa subiram esse percentual. Se caiu 5%, o mercado como um todo recuou.
Para o investidor, o Ibovespa serve como referência de desempenho.
Se sua carteira rendeu 8% e o índice subiu 12%, você ficou abaixo do mercado, por exemplo.
Além disso, é a base de comparação para fundos de ações e a principal referência quando se fala em “a bolsa subiu” ou “a bolsa caiu”.
Índice Small Cap (SMLL)
O Small Cap acompanha o desempenho das empresas de menor capitalização da bolsa — aquelas que valem menos no mercado.
Diferente do Ibovespa, que concentra as gigantes, o SMLL reúne empresas menores, geralmente em fase de crescimento.
Elas tendem a ser mais voláteis (oscilam mais), mas também podem oferecer maior potencial de valorização. Alguns exemplos são:
- empresas regionais;
- companhias em expansão;
- negócios de nicho que ainda não atingiram grande porte.
Dessa forma, se você busca oportunidades em empresas com maior espaço para crescer, acompanhar o Small Cap vale a pena.
IBrX 100
O IBrX 100 reúne as 100 ações mais negociadas da B3, oferecendo uma visão mais ampla do mercado que o Ibovespa (que tem cerca de 85 ações em média).
Por incluir mais empresas, o índice é menos concentrado e representa uma diversificação maior do mercado brasileiro.
Ele serve como referência alternativa ao Ibovespa, principalmente para investidores que buscam uma visão mais completa da bolsa, incluindo os negócios que não estão entre os maiores.
Índices setoriais
A B3 também calcula índices que acompanham o desempenho de setores específicos da economia, como:
- IFNC: setor financeiro (bancos, seguradoras)
- ICON: setor de consumo (varejo, alimentos, bebidas)
- UTIL: utilidade pública (energia elétrica, saneamento, gás)
Esses índices servem para acompanhar como cada área está performando em relação ao mercado geral.
Se você investe em ações de bancos, por exemplo, pode comparar o desempenho da sua carteira com o IFNC para saber se está acima ou abaixo do setor.
IDIV (Índice Dividendos)
O IDIV reúne empresas conhecidas por distribuir dividendos de forma consistente e em bom volume.
É focado em investidores que buscam renda passiva: em vez de ganhar apenas com a valorização das ações, o objetivo é receber proventos regulares.
Empresas de energia, saneamento e bancos, por exemplo, costumam compor o índice por gerarem receita estável e pagarem dividendos regularmente.
Como investir na bolsa brasileira?

Investir na B3 é mais simples do que parece. Veja o passo a passo para começar:
1. Abra conta em uma corretora ou distribuidora de valores
Você não negocia diretamente com a bolsa, pois precisa de intermediários autorizados que fazem essa ponte entre você e o mercado.
Quem faz isso são as corretoras e distribuidoras. Trata-se de instituições autorizadas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) a intermediar operações na B3.
Escolha uma que ofereça boas ferramentas, custos baixos e suporte adequado. A abertura de conta é gratuita e pode ser feita online, com envio de documentos digitalizados.
2. Transfira dinheiro para a conta da corretora
Após abrir a conta, você precisa transferir dinheiro da sua conta bancária para a conta da corretora via TED ou PIX.
Esse dinheiro ficará disponível para você realizar suas operações de compra e venda.
3. Escolha os ativos que quer investir
Defina quais investimentos fazem sentido para o seu perfil, objetivos e prazo: ações, fundos imobiliários, títulos de renda fixa, ETFs ou outros produtos disponíveis na B3.
Estude os ativos antes de investir. Analise fundamentos, histórico, setor de atuação e perspectivas. Assim, você aumenta as probabilidades de conseguir bons retornos.
4. Envie ordens de compra ou venda pelo home broker
O home broker é a plataforma da corretora onde você realiza as operações. Nela, você digita o código do ativo (ticker), a quantidade que quer comprar e o preço que está disposto a pagar.
Por exemplo, para comprar 100 ações da Petrobras (PETR4) a R$ 35 cada, você envia uma ordem de compra no home broker. Se houver vendedores a esse preço, a ordem é executada automaticamente.
5. Acompanhe seus investimentos
Depois da compra, os ativos ficam registrados em seu nome na B3, sob custódia da corretora.
Você pode acompanhar o desempenho da sua carteira pelo próprio home broker ou aplicativo da corretora (ou distribuidora), verificando valorizações, dividendos recebidos e saldo atualizado.
6. Declare no Imposto de Renda
Investimentos em renda variável (ações, FIIs) precisam ser declarados anualmente no Imposto de Renda.
Além disso, se você vender ações com lucro acima de R$ 20 mil no mês, precisa pagar 15% de imposto sobre o ganho de capital até o último dia útil do mês seguinte.
Perguntas frequentes
Quem pode investir na B3?
Qualquer pessoa física maior de 18 anos pode investir na B3. Basta abrir conta em uma corretora ou distribuidora de valores autorizada pela CVM, enviar os documentos necessários e transferir dinheiro para começar a operar. Não há valor mínimo obrigatório para investir, embora algumas corretoras possam ter seus próprios requisitos.
Qual o horário de funcionamento da B3?
A B3 funciona de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h (horário de Brasília), com um período de pré-abertura das 9h45 às 10h e after-market (negociações após o fechamento) das 17h25 às 17h30. Esse horário vale para o mercado à vista de ações, enquanto outros mercados, como o de derivativos, podem ter horários diferentes. A bolsa não abre em feriados nacionais.
A B3 é confiável?
Sim, a B3 é uma instituição regulamentada e fiscalizada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e pelo Banco Central. Ela possui sistemas de segurança robustos, mecanismos de registro e compensação de todas as operações, além de garantir a custódia dos ativos em nome dos investidores. Por ser a bolsa oficial do Brasil e estar sujeita a rigorosa regulação, oferece um ambiente seguro para investimentos.
Quantas empresas estão listadas na B3?
A B3 tem mais de 400 empresas com ações negociadas. Esse número varia conforme novas empresas abrem capital (fazem IPO) ou saem da bolsa (por fusões, aquisições ou fechamento de capital). Além das empresas, a B3 também lista fundos imobiliários, ETFs e outros ativos que ampliam as alternativas de investimento disponíveis.
Conclusão
Por fim, a B3 é o coração do mercado financeiro brasileiro. Lá, acontecem as negociações de ações, fundos imobiliários, títulos de renda fixa, derivativos e commodities — tudo de forma segura, transparente e regulada.
Agora que você conhece a estrutura, os produtos disponíveis, índices e como usá-la, o próximo passo é colocar esse conhecimento em prática.
Abra sua conta em uma corretora, estude os ativos que fazem sentido para o seu perfil e comece a investir de forma consciente e planejada.