Long e short: o que são, diferenças e como operar

Comprar um ativo esperando que ele suba é a estratégia de investimento mais comum e intuitiva. Só que quando o mercado cai, você assiste seu patrimônio derreter sem ter como reagir. Mas não precisa ser assim. É possível operar nos dois sentidos: lucrar na alta com posições long e na baixa com posições short.

Long significa posição comprada. Short significa posição vendida. Embora pareçam conceitos simples, ambos abrem um universo completo de oportunidades.

Quem domina ambos nunca fica refém de uma única direção do mercado. Crises viram oportunidades com shorts bem posicionados, enquanto altas geram lucro com longs estratégicos.

No Brasil, você pode operar long ou short de várias maneiras: ações, ETFs, contratos futuros, entre outros. Cada um com características, vantagens, custos e riscos diferentes.

Entenda como funcionam long e short, quando usar cada posição e a combinar estratégias para proteger seu patrimônio, independentemente da direção do mercado.

O que é posição long?

Long é o termo usado para uma posição comprada. Ou seja, você compra um ativo esperando que ele valorize. Pode ser uma ação, ETF, fundo imobiliário ou outro ativo.

O lucro vem quando você vende o ativo por um preço maior do que pagou. A diferença é o seu ganho.

Em resumo, o long é uma aposta otimista: você acredita que o preço vai subir.

Como funciona uma operação long?

A mecânica é simples:

  1. você identifica um ativo que acredita estar subvalorizado ou com potencial de crescimento;
  2. compra cotas pelo preço atual no home broker.
  3. mantém o ativo em carteira até que o preço atinja seu objetivo ou decida realizar lucro.

O resultado líquido é a diferença entre o preço de venda e o preço de compra, menos custos e impostos.

Quando operar long?

Operações long fazem sentido quando há razões objetivas para esperar alta:

  • Tendência de alta confirmada: indicadores técnicos mostram rompimento de resistências ou momentum positivo.
  • Fundamentos sólidos: empresa cresce receita, melhora margens e fortalece posição no mercado.
  • Catalisadores futuros: lançamento de produto, fusão, expansão ou mudança regulatória favorável.
  • Recuperação de crise: ativo caiu por motivo temporário e está sendo negociado abaixo do valor real.

Portanto, o long funciona melhor quando há motivos claros para acreditar na valorização do ativo.

O que é posição short?

Short é o termo usado para uma posição vendida. Ou seja, você aposta que o preço de um ativo vai cair.

Na prática, você vende um ativo que não possui, espera que o preço caia e depois compra de volta por um valor menor.

A diferença entre o preço de venda e o preço de compra é o seu lucro.

Em resumo, short é uma aposta pessimista ou defensiva: você acredita que o preço vai cair.

Como funciona uma operação short?

Operação short é menos intuitiva que long, mas a mecânica é compreensível:

  1. você aluga ações de quem as possui, usando o banco de títulos da B3;
  2. vende essas ações no mercado pelo preço atual, recebendo dinheiro pela venda;
  3. mantém a posição aberta enquanto aguarda a queda de preço;
  4. quando o preço cai, compra as ações de volta no mercado e devolve ao dono original, encerrando o aluguel.

O lucro é a diferença entre o preço que vendeu e o preço que pagou para recomprar, menos custos do aluguel e taxas operacionais.

Quando operar short?

Operações short são indicadas em situações específicas:

  • Tendência de baixa confirmada: indicadores técnicos mostram rompimento de suportes, médias móveis descendentes ou momentum negativo.
  • Fundamentos deteriorando:  empresa perde participação de mercado, margens caem e dívida aumenta sem crescimento de receita.
  • Supervalorização evidente: valuation muito acima de pares, múltiplos irreais ou hype desconectado da realidade operacional.
  • Hedge de carteira: você tem posições long grandes e quer se proteger contra quedas temporárias sem vender tudo.

Dessa forma, short funciona quando há razão objetiva para esperar queda de preço ou necessidade de proteção.

Diferenças entre long e short

Direção da aposta

  • Long: você aposta que o preço vai subir.
  • Short: você aposta que o preço vai cair.

Long acompanha o comportamento histórico dos mercados, que geralmente sobem no longo prazo. Short exige raciocínio invertido, indo contra esse movimento natural.

Lucro e prejuízo

  • Long: lucro quando o preço sobe; prejuízo quando cai. O lucro potencial é ilimitado (o ativo pode valorizar muito) e o prejuízo máximo é o capital investido.
  • Short: lucro quando o preço cai; prejuízo quando sobe. O lucro é limitado (o preço não pode cair abaixo de zero), mas o prejuízo é teoricamente ilimitado, já que o preço pode subir indefinidamente.

Riscos envolvidos

  • Long: risco bem definido — você só pode perder o que investiu.
  • Short: risco assimétrico — prejuízos podem superar o capital aplicado se o preço disparar. Além disso, envolve custos de aluguel das ações.

Outro risco específico de short é o short squeeze: quando muitos investidores estão vendidos em um ativo, uma alta rápida força recompras simultâneas, acelerando ainda mais a valorização e aumentando perdas.

Como operar long no mercado brasileiro?

Long em ações

Operar long em ações é o processo padrão para qualquer investidor.

Basta acessar o home broker, escolher a ação desejada, definir a quantidade e enviar a ordem de compra.

As ações ficam custodiadas em sua conta até você decidir vender — não há prazo obrigatório: meses, anos ou até décadas.

Custos envolvem corretagem (se houver) e emolumentos da B3. Na venda, incide imposto de renda sobre o ganho de capital.

Long em ETFs e fundos imobiliários

ETFs e fundos imobiliários funcionam de maneira semelhante às ações para operações compradas.

A compra é feita pelo home broker, a custódia é automática e você vende quando desejar.

ETFs replicam índices ou cestas de ativos, enquanto FIIs investem em imóveis ou recebíveis imobiliários.

Ambos oferecem diversificação imediata, reduzindo o risco em comparação a ações individuais.

Long em derivativos (futuros)

No mercado futuro, operar long funciona de forma diferente.

Você adquire contratos futuros de índice, dólar ou commodities sem pagar o valor total, depositando apenas a margem de garantia.

Isso gera alavancagem: pequenas variações de preço causam grandes ganhos ou perdas percentuais sobre a margem.

Além disso, contratos têm vencimento, exigindo renovação da posição (rolagem) ou liquidação.

Dessa forma, futuros são mais indicados para operações de curto prazo e não para estratégias de buy and hold de longo prazo.

Como operar short no mercado brasileiro?

Aluguel de ações (venda a descoberto)

Vender ações que você não possui exige o aluguel delas. Você toma ações emprestadas de outro investidor pelo banco de títulos da B3, vende no mercado e depois recompra para devolver ao dono.

Para usar esse recurso, é necessário assinar um termo específico na corretora reconhecendo os riscos.

Custos incluem:

  • Taxa de aluguel: percentual anual sobre o valor das ações alugadas, que varia conforme a demanda. Papéis muito procurados podem ultrapassar 10% ao ano.
  • Comissão de intermediação: cerca de 0,25% ao ano, mínimo R$ 10.

Além disso, é exigida margem de garantia, geralmente em dinheiro ou ações próprias.

Short em mercado futuro

Operar short em futuros é mais simples que alugar ações.

Você vende um contrato futuro sem possuí-lo (venda a descoberto). Quando o preço cai, compra de volta mais barato e obtém lucro.

Não há custos de aluguel como em ações. Apenas margem de garantia, corretagem e emolumentos.

Um exemplo é o short em índice futuro (WIN), que é uma forma popular de proteger carteira ou especular em quedas.

Short através de opções

Opções oferecem estratégias mais avançadas de montar posição short.

  • Compra de put: você compra o direito de vender uma ação a um preço fixo. Se a ação cai, a put valoriza.
  • Venda de call: você vende o direito de outra pessoa comprar a ação. Se a ação cai ou fica estável, mantém o prêmio recebido.

Essas operações exigem conhecimento técnico mais profundo. Assim, não são recomendadas para iniciantes sem estudar mecânica completa.

Vantagens de operar long

Investidora analisando comportamento anterior de ativos para abrir posições de long ou short

Operações long oferecem benefícios que explicam sua popularidade, incluindo:

Simplicidade operacional

Long é intuitivo. Comprar esperando que suba não exige raciocínio complexo.

Você não lida com aluguel, margens de garantia complicadas ou prazos de vencimento.

Basta comprar e aguardar. Quando quiser, vende.

Risco limitado ao capital investido

Você jamais perde mais do que investiu em posição long.

Se a ação vai para zero, perde 100% daquele capital específico. Não perde além disso.

Essa limitação de risco traz tranquilidade operacional ausente em shorts.

Alinhado com tendência histórica dos mercados

Mercados tendem a subir no longo prazo. Economias crescem, empresas geram valor, índices se valorizam ao longo das décadas.

Long aproveita essa tendência secular. Mesmo atravessando crises, quem mantém posições long eventualmente recupera.

Short luta contra essa tendência, funcionando apenas em janelas específicas.

Vantagens de operar short

Apesar dos desafios, short oferece vantagens únicas:

Lucro em quedas

Short permite ganhar dinheiro quando o mercado cai.

Em vez de só assistir o patrimônio derreter, quem domina short consegue prosperar no período.

Proteção de carteira (hedge)

Short pode reduzir risco sistêmico quando utilizado como hedge. Uma posição short pode compensar prejuízo de posições long durante quedas de mercado.

Por exemplo, você tem R$ 100.000 em ações long e vende R$ 30.000 em índice futuro.

Se o mercado cai 10%, suas ações perdem R$ 10.000, mas short rende R$ 3.000, reduzindo a perda líquida.

Oportunidades em crises

Crises criam oportunidades de short lucrativas.

Empresas frágeis colapsam e setores inteiros desabam. Mas quem está posicionado no short lucra enquanto outros entram em pânico.

Além disso, crises geram volatilidade. Movimentos bruscos de queda permitem ganhos rápidos em short.

Riscos de operar long

Quedas de mercado

Seu maior risco em long é o mercado cair.

Correções de 20%, 30% ou mais acontecem periodicamente. Neste caso, você só assiste o capital evaporar.

Se você precisar de dinheiro durante a queda, pode ter que vender com prejuízo realizando perda.

Tempo indefinido para recuperação

Ações podem levar anos para recuperar de quedas severas.

Nasdaq levou 15 anos para recuperar o nível de 2000. Ou seja, investidor que comprou no topo teve que esperar uma década e meia para conseguir seu dinheiro de volta.

Portanto, o long exige paciência. Sem horizonte adequado, o risco de vender na baixa aumenta.

Custo de oportunidade

Capital travado em posição long que não performa gera custo de oportunidade.

Você poderia estar ganhando em outro ativo, mas está preso em uma posição que está estagnada ou caindo.

Esse custo invisível reduz significativamente o retorno de longo prazo quando as escolhas são ruins.

Riscos de operar short

Prejuízo teoricamente ilimitado

O preço da ação pode subir infinitamente. Seu prejuízo em short acompanha essa alta sem limite.

Se você vende short a R$ 10 e ação vai para R$ 100, perdeu R$ 90 por ação. Se vai para R$ 1.000, perdeu R$ 990 por ação.

De fato, esse risco assusta. Por isso, gestão de risco rigorosa é obrigatória em short.

Custos de aluguel de ações

Aluguel de ações gera custo contínuo enquanto a posição está aberta.

As taxas podem variar de 1% a mais de 20% ao ano dependendo da ação.

Esses custos corroem o lucro potencial. Em ações com aluguel caro, você precisa de queda significativa apenas para cobrir custos.

Short squeeze

Short squeeze acontece quando muitos investidores estão vendidos simultaneamente e o preço começa a subir.

Shorts entram em pânico e compram para limitar perdas. Essa compra em massa acelera alta, forçando mais shorts a comprar, criando um ciclo vicioso.

Resultado: ação dispara 50%, 100% ou mais em dias. Dessa forma, shorts são massacrados.

GameStop em 2021 é exemplo clássico de um short squeeze devastador.

Estratégias combinando long e short

Investidores discutindo estratégias de long e short para aumentar rendimentos e proteção de carteira

É possível combinar posições long e short em estratégias avançadas, como, por exemplo:

Long & Short (hedge)

Long & Short é a estratégia que combina posição comprada em um ativo com posição vendida em outro ativo correlacionado.

O objetivo é lucrar com a diferença de performance entre os dois, reduzindo exposição ao risco de mercado.

Exemplo comum: comprar Itaú (ITUB4) e vender Banco do Brasil (BBAS3). Ambas são do setor financeiro e correlacionadas. Se o setor sobe, você lucra mais na que subir mais. Se o setor cai, perde menos porque uma posição compensa outra.

Essa operação permite alavancagem financeira, pois é lastreada com margens de garantia. O financeiro da operação fica próximo de zero.

Pair trade

Pair trade é uma variação de long & short focada em reversão à média.

Você identifica dois ativos historicamente correlacionados. Quando spread entre eles aumenta além do normal, compra o ativo relativamente barato e vende o mais caro.

Quando o spread volta ao normal, você desfaz a posição e lucra na diferença.

Market neutral

Busca eliminar totalmente a exposição ao mercado. O total investido em posições long é igual ao total investido em shorts.

O objetivo não é prever a direção do mercado, mas identificar ativos que terão desempenho melhor ou pior que seus pares.

Se o mercado sobe 10%, você ganha se seus longs subirem 12% e seus shorts subirem apenas 8%.

Se o mercado cai 10%, ganha se seus longs caírem 8% e shorts caírem 12%.

Essa estratégia exige habilidade excepcional de seleção de ativos individuais.

Perguntas frequentes

Posso operar short sendo iniciante?

Não é recomendado. Short envolve riscos assimétricos, custos adicionais e mecânica mais complexa que long. Por isso, inicie dominando operações long. Domine análise de ativos, gestão de risco e controle emocional. Somente após ter consistência em longs, considere estudar shorts profundamente, testá-lo com valores menores e arriscar seu capital real.

Qual é mais arriscado: long ou short?

Short é objetivamente mais arriscado que long devido a prejuízo potencialmente ilimitado. Long tem piso (zero). Short não tem teto. Além disso, short enfrenta custos de aluguel ausentes em long. Entretanto, risco mal gerenciado destrói capital em ambas direções. Long sem stop loss em queda de 80% é tão destrutivo quanto short sem proteção. Assim, o risco depende mais de gestão que da direção da posição.

Preciso de capital grande para operar short?

Depende do método. Aluguel de ações para venda a descoberto geralmente exige capital razoável devido a margens de garantia e custos de aluguel. Contudo, short em mercado futuro (índice, dólar) pode ser feito com capital menor devido a alavancagem. Opções permitem exposição short com capital limitado ao prêmio pago em put. Dessa forma, existem formas de operar short com diferentes níveis de capital inicial.

Conclusão

Por fim, posição long e posição short não competem entre si; elas cumprem papéis diferentes.

Operar long é comprar ativos esperando valorização. É simples, intuitivo, tem risco limitado ao capital investido e funciona bem para quem busca crescimento de patrimônio ao longo do tempo.

Por isso, long costuma ser o ponto de partida da maioria dos investidores.

Operar short é vender ativos esperando queda. Essa estratégia permite ganhar em mercados negativos e proteger a carteira em momentos de correção, mas envolve custos, risco assimétrico e requer disciplina maior na gestão de risco.

Na prática, long constrói patrimônio. Short protege e complementa. Usá-las em conjunto é o ideal para não ficar dependente de uma única direção do mercado.

Se você ainda é iniciante, foque em dominar operações long, gestão de risco e leitura de mercado. Só depois avalie o uso de short, começando pequeno e com limites de perda bem definidos.

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