Recompra de Ações

Com meses subsequentes de alta volatilidade no mercado brasileiro, você provavelmente já se deparou com as seguintes notícias:

“Via (VIIA3) anuncia recompra de até 18 milhões de ações”

“Vale (VALE3) anuncia recompra de ações”

“Bradesco (BBDC3/4) anuncia a quarta renovação do seu programa de recompra de ações.”

Afinal, por que em momentos de volatilidade de mercado, grandes empresas anunciam recompra de ações, e qual o impacto final ao investidor minoritário?

Apesar de visualizarmos diversas empresas brasileiras realizando o programa de recompra de ações durante os últimos meses, essa estratégia não é exclusiva no mercado brasileiro. Pelo contrário, é vastamente usada em outros mercados, como a grande Apple (AAPL34) efetuando recompra na ordem de US$ 85 bi ao longo de 2021.

Até a data de postagem deste conteúdo, segundo a própria B3, existem cerca de 127 de programas de aquisição de ações em andamento.

Na prática, como funciona a recompra de ações?

Não tem mistério. Em um programa de recompra de ações, a própria companhia de capital aberto utiliza seus recursos para comprar ações de sua emissão disponíveis no mercado. Com isso, geralmente, as ações são posteriormente canceladas pelas companhias. Porém, as determinadas ações podem ser utilizadas para negociações nos processos de aquisições, de M&A ou de distribuições aos executivos

Por que as companhias fazem essa movimentação?

De forma geral, o processo ocorre quando a companhia identifica que a negociação de suas ações está abaixo do valor considerável justo. Por conta desse movimento irracional do mercado, a empresa aproveita para adquirir suas ações com preços atrativos. Este é um dos motivos por trás dos programas de recompra, contudo, eles podem ser realizados por outras motivações, conforme mencionado no tópico anterior

Quais são as consequências da recompra de ações?

Vamos entender, nas diferentes óticas do mercado, quais são as consequências geradas por um plano de recompra. 

Para o investidor minoritário, os efeitos são positivos se considerarmos a perspectiva de longo prazo. É possível dizer que, levando em consideração que o lucro será repartido em uma menor quantidade de ações, a linha de Lucro por ação aumentará se a companhia mantiver seus lucros. Dessa forma, haverá uma maior distribuição aos acionistas

Em primeiro lugar, se uma companhia Y hipotética possui 1.000 ações em circulação no mercado e um investidor minoritário possui 50 ações desta empresa, ele detém uma participação de 5%. No cenário em que a companhia Y anuncia uma recompra de 170 ações em circulação e posteriormente opta por cancelar estas ações recompradas, o número de ações em circulação passa de 1.000 para 830, e, dessa forma, o investidor minoritário aumenta sua participação de 5% para 6%.

Além disso, se hipotética companhia Y mantiver sua lucratividade, o valor de proventos distribuído por ação será diluído por um número menor. Dessa forma, se antes do programa de recompra a empresa Y costumava anunciar uma distribuição trimestral de R$ 1 mil para as 1.000 ações, o valor distribuído por ação era de R$ 1. Com isso, o investidor minoritário recebia R$ 50 trimestrais.

Se após o programa de recompra de ações a companhia Y mantiver a distribuição de R$ 1 mil, agora o pagamento será feito para 830 ações, gerando um dividendo pago por ação de R$ 1,20. Dessa forma, os proventos do investidor minoritário, para este exemplo hipotético, passaram de R$ 50 trimestrais para R$ 60 trimestrais.

Em contrapartida, sempre iremos nos deparar com trade offs. Para o caso de recompra de ações, embora positivo no longo prazo aos investidores, a movimentação gera uma redução em sua liquidez. Entretanto, é necessário ressaltar que, dependendo do percentual de compra e da quantidade de ações em circulação que a companhia possui no mercado, essa redução de liquidez pode ser pouco perceptível.

Com base nisso, o capital desembolsado para a recompra de ações é da própria companhia, que gera, por fim, uma redução do seu capital.

Se a companhia optar por manter essas ações em tesouraria e não cancelar as mesmas, em um segundo momento, ela pode revender essas ações ao mercado a um preço mais atrativo. Levando em consideração que a companhia obterá lucro com a operação, esse movimento irá gerar, também, um resultado positivo que, consequentemente, impactará positivamente a distribuição aos acionistas.

Eai, a recompra de ações sempre é um bom indício?

A resposta vem na primeira linha, não necessariamente. Apesar dos casos gerais aqui abordados, sempre é necessário analisar individualmente cada caso. Podem existir outras motivações por trás de um programa de recompra de ações. Ainda ficou com dúvidas? Deixe um comentário abaixo para ajudarmos! 

Para maiores dúvidas e esclarecimentos conte com o time da VG Research, siga a gente nas nossas redes.

Renan Barros

@renan.bdsbr

Artigos Relacionados

Porque assinar a nossa newsletter?

Notícias Notícias

Os nossos analistas realizam uma curadoria cuidadosa das principais notícias sobre a bolsa de valores e nós te enviamos, por e-mail, a visão da VG Research sobre como isso pode impactar os seus investimentos.

Artigos Artigos

Tenha acesso a artigos completos e detalhados, toda a semana, sobre os principais temas relacionados à investimentos, empresas e economia.

Vídeos Vídeos

Aulas online e gratuitas sobre a bolsa de valores para te ajudar a entender mais sobre o universo das ações e saber tomar melhores decisões com os seus investimentos, sempre com foco em crescimento de patrimônio e aumento da renda passiva.