Os mercados reagiram de forma muito positiva à eleição de Javier Milei à presidência da Argentina. As ações da petrolífera estatal YPF subiram mais de 41% após o presidente eleito reforçar as promessas de privatização da companhia de capital misto.
As promessas de Javier Milei
A maior parte das promessas eleitorais do presidente eleito soa como música nos ouvidos dos investidores. Entre elas, podemos destacar corte de gastos públicos, privatizações de empresas estatais, dolarização da economia e reforma trabalhista. No entanto, a execução dessas promessas de campanha dependerá das condições de governabilidade no início do seu mandato. Afinal, o partido de Milei, A Liberdade Avança, tem menos de um terço do Congresso argentino.
É válido apontar que a própria coalizão de centro-direita, Juntos por El Cambio, não se encontra plenamente unida em torno do presidente eleito. Dessa maneira, o presidente libertário terá que angariar apoio de outros grupos do poder político, seja em facções de direita ou em setores que eventualmente estejam ligados ao atual governo peronista. Especula-se também que Milei possa ser politicamente ajudado pelo ex-presidente e apoiador Mauricio Macri e pela ex-candidata da centro-direita, Patricia Bullrich.
Assim, apesar de eleito sob uma retórica anti-establishment, para fazer um governo bem-sucedido, Milei terá que costurar acordos políticos com diversos setores da sociedade argentina, entre eles os de oposição. É interessante destacar que o economista já moderou o tom na reta final da campanha e existem evidências de que haja um nível de relativização na construção da sua imagem pública explosiva com fins de governabilidade.
Conforme mencionado, o presidente eleito é a favor de privatizações, o que agrada fortemente o mercado. Porém, até o momento, existe a interrogação se essas desestatizações seriam politicamente possíveis. Além da negociação com o congresso, ainda não parece plenamente clara a aderência da opinião pública argentina a respeito da venda dessas companhias controladas pelo Estado.
Conclusão
Apesar das incertezas, o mercado tem adotado um tom positivo em relação ao futuro Governo Milei, sobretudo diante da forte deterioração de todas as variáveis macroeconômicas na atual gestão. Dessa maneira, a continuidade do otimismo e do rali dos ativos argentinos dependerá, em larga medida, da capacidade política do presidente eleito.
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Milton Rabelo
Analista CNPI 2444