Inflação acima do esperado: qual o impacto nas ações?

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,83% em maio, ante 0,31% no mês anterior. Esse é o maior resultado para um mês de maio desde 1996, ficando acima da expectativa do mercado que esperava uma alta de 0,71%.

No gráfico abaixo, podemos visualizar que desde o mês de março a inflação está acima do teto da meta de 5,25% previsto para este ano. Lembrando que o centro da meta fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,75%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima e para baixo.

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – acumulada em 12 meses

Fonte: IBGE

A inflação foi puxada principalmente pela alta de 1,78% no grupo Habitação, que pode ser explicada pelo resultado da energia elétrica (+5,37%). O movimento é reflexo da bandeira tarifária vermelha patamar 1 que passou a vigorar no mês de maio, acrescentando R$ 4,169 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos.

Outro grupo que impactou bastante foi o de Transportes (+1,15%), puxado pela alta de 2,87% da gasolina no período, que havia registrado uma redução de 0,44% no mês de abril. No ano, o combustível acumula alta de 24,70% e, em 12 meses, de 45,80%.

Vale destacar que o núcleo de inflação (desconsidera choques temporários) está acelerando, o que preocupa pelo fato de indicar que nossa inflação talvez não seja tão temporária como o próprio Banco Central vem afirmando.

Além disso, com a flexibilização das restrições ao longo do segundo semestre deste ano, a inflação de serviços que ficou bastante tempo baixa pode acelerar um pouco mais. 

Qual o impacto nas ações?

O cenário básico do Comitê de Política Monetária (Copom) indica uma normalização parcial da taxa de juros, entretanto, os membros destacaram na última reunião que não há compromisso com essa posição e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para garantir o cumprimento da meta de inflação.

A normalização que o Banco Central cita está relacionada à taxa de juros de equilíbrio, um patamar que não compromete o crescimento econômico e controla a inflação. Em comunicados anteriores, o Banco Central citou que o nível de equilíbrio é algo em torno de 6% – 7%.

Com a alta de 0,83% do IPCA em maio, sobem as apostas que o Banco Central pode descartar a normalização parcial e buscar a total já neste ano, que seria algo em torno de 6%-7% que citamos anteriormente.

No gráfico abaixo, podemos visualizar através das Opções de Copom que o mercado aponta uma probabilidade de alta de 0,75 ponto percentual na Selic na reunião da semana que vem, entretanto, aumentaram as apostas de uma alta de 1,00 ponto percentual.

 Opções de Copom

Fonte: B3

Nesse contexto, uma alta de juros acima das expectativas do mercado pode pressionar o desempenho das ações de alguns setores no curto prazo, como por exemplo, o da Construção Civil.

Entretanto, vale destacar que uma economia não precisa apenas de juros baixos para crescer, sendo possível até uma taxa de juros mais alta ter um poder estimulativo maior. A grande questão é que para uma economia crescer de forma consistente, a população precisa de confiança para investir e consumir, ou seja, necessita de um ambiente de negócios favorável com bom ambiente político, uma moeda estável e segurança jurídica.

Ontem (9), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a crise hídrica tem influenciado nas projeções de alta para inflação deste ano. Apesar do cenário desafiador, o presidente reafirmou que continua enxergando os choques como “temporários”.

Por fim, acreditamos que o movimento de alta na Selic mostra o comprometimento do Banco Central com a meta de inflação, o que é bastante positivo. O Banco Central precisa buscar credibilidade e ancorar as expectativas, ou seja, precisava mostrar ao mercado que é capaz de buscar as metas de inflação. 

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