Novos desligamentos ocorrem na diretoria do Bradesco

  Nos últimos dias, mais quatro executivos foram desligados pelo Bradesco, após o desligamento que houve de Eurico Fabri, o vice-presidente de atacado, na semana passada.  Não fazem mais parte dos quadros do banco Marlos Araújo, o diretor executivo de gestão de risco; Klayton Tomaz dos Santos, diretor executivo de organização, produtos e serviços; Adelmo Perez, o diretor de patrimônio; e Alan Marinovic, diretor do banco de atacado.

  Novo planejamento estratégico

É válido apontar que o novo planejamento estratégico só será divulgado no início do ano que vem. Porém o novo CEO, Marcelo Noronha, já parece direcionar esforços para a eficiência de custos da instituição. O Bradesco tem uma estrutura de custos inchada com muitas diretorias e remunerações pagas a diretores e administradores acima da média de mercado. Assim, parece haver um senso de urgência por parte do novo presidente do banco a respeito da necessidade de uma reorganização mais ampla do banco, após os últimos resultados pouco animadores.

     Dessa maneira, os desligamentos ocorridos sinalizam a busca por uma estrutura mais enxuta no senior management do banco. Vale apontar que a necessidade do ajuste de custos no Bradesco é intensa e deve ir além das demissões desses diretores executivos, esperando-se reposicionamento de algumas áreas.

     Há alguns anos, também houve reestruturação e corte de gastos semelhante no Itaú, quando o atual CEO, Milton Maluhy Filho, substituiu Cândido Bracher. A gestão de Maluhy tem diversos pontos fortes. A forte busca pela eficiência da instituição certamente contribuiu para a boa dinâmica de resultados apresentada pelo maior banco da América Latina.

Como foram os últimos resultados do Bradesco?

     O Bradesco reportou resultados pouco entusiasmantes, porém ligeiramente acima das expectativas de mercado e com algumas evidências de que possivelmente o ponto de inflexão do seu canal bancário foi iniciado. Houve algumas melhorias no índice de inadimplência acima de 90 dias, no NPL e na margem com o mercado, que se tornou positiva após sucessivos trimestres negativos. Mais uma vez, as operações de seguros tiveram resultados pujantes, apesar de algumas retrações nas comparações trimestrais. Apesar de números ainda fracos do canal bancário, existem algumas evidências que levam a crer que o pior ficou para trás para o Bradesco, o que poderá ser confirmado nos próximos trimestres.

Lucro Líquido recorrente

 No 3T23, o Lucro Líquido Recorrente do Bradesco foi de R$4,62 bilhões O aumento de 2,3% em relação ao 2T23 e diminuição de 11,5% em relação ao 3T22, ao passo que o ROAE trimestral alcançou a 11,3%, elevação de 0,2% na comparação trimestral e diminuição de 1,7% na comparação anual.

     No referido trimestre, a margem financeira foi de R$15,859 bilhões, diminuição de 4,2% em relação ao 2T23 e de 2,6% em comparação ao 3T22. Enquanto isso, a margem com o mercado teve um resultado positivo de R$23 milhões, após vários trimestres consecutivos de prejuízos nessa linha. Isso sinaliza algo positivo para as operações de tesouraria do Bradesco.

Carteira de Crédito

A carteira de crédito expandida alcançou R$877,5 bilhões no trimestre, aumento de 1% na comparação trimestral e leve diminuição de 0,1% na comparação anual. A carteira de pessoa física do banco cresceu 2,3% na comparação, apesar de todos os esforços da gestão na restrição na concessão de crédito.

PDD Expandida

A PDD expandida, por sua vez, alcançou R$9,188 bilhões no 3T23, redução de 10,9% na comparação trimestral e elevação de 26,4% na comparação anual. Em um ambiente ainda pressionado pelo cenário econômico, as despesas do trimestre seguem concentradas nas safras mais antigas. As safras de crédito mais novas demonstram resultados positivos, em consonância com as novas estratégias de crédito adotadas. 

Inadimplência

 Por sua vez, a inadimplência total acima de 90 dias foi de 5,6%, diminuição de 0,1% em comparação ao 2T23 e uma elevação de 1,7% em relação ao 3T22. Vale destacar que o segmento de Pessoas Físicas apresenta gradativa melhora nos meses do terceiro trimestre.

NPL (Non Performing Loan)

No trimestre em análise, o NPL (Non Performing Loan) foi de R$9,987 bilhões, uma melhora de R$ 1,6 bi na comparação trimestral em todos os segmentos, o equivalente a uma redução de 0,2 % no indicador de representatividade sobre a carteira do período em análise. Grande parte do total de NPL Creation vem de créditos 100% provisionados ou com nível elevado de provisões oriundas da carteira renegociada e de safras mais antigas.

Receita de prestação de serviços

No 3T23, as receitas de prestação de serviços foram de R$9,112 bilhões. A elevação de 4,1% em comparação ao trimestre anterior e de 2,9% em relação ao 3T22. As receitas de conta corrente se encontram bastante pressionadas, em função da competição, ao passo que as receitas oriundas de cartão de crédito mostram números animadores.

 Despesas operacionais

É importante salientar que as despesas operacionais alcançaram R$13,428 bilhões, aumento de 2,7% em comparação ao trimestre anterior e de 8,1% na comparação anual. Vale apontar que a maior parte desse aumento, no trimestre, é reflexo das maiores despesas com comercialização de cartões e contingências cíveis.

 Operações de seguros, previdência e capitalização

Por fim, as operações de seguros, previdência e capitalização reportaram um lucro líquido recorrente de R$2,354 bilhões, uma diminuição de 0,8% na comparação trimestral e um aumento de 57,5% na comparação anual. O ROAE trimestral da operação foi de 23,9%, redução de 0,6% na comparação trimestral e aumento de 5,8% na comparação anual. É válido apontar que o canal de seguros representou aproximadamente 50% do lucro líquido do banco no trimestre em análise.

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Milton Rabelo

Analista CNPI 2444

@miltonrabelo.financas

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