Spread bancário: O que é e como afeta o seu bolso

Para a maior parte dos investidores e das pessoas, de maneira geral, o spread bancário parece um conceito distante e abstrato, porém ele tem efeitos extremamente práticos tanto nos investimentos quanto no funcionamento da economia de um país. 

Na realidade, o spread bancário consiste na diferença entre os juros que a instituição financeira paga aos aplicadores de seus produtos financeiros, como um CDB, por exemplo, e as taxas que são cobradas aos seus clientes pessoas físicas ou jurídicas por meio de empréstimos. No entanto, o spread bancário não é composto apenas pelos lucros dos bancos, mas também por vários outros componentes como custo de captação, inadimplência, tributos ou despesas administrativas.

Se, por exemplo, você aplica em um CDB do Bradesco que rende 15% ao ano, porém o banco cobra 45% nos empréstimos pessoais a seus clientes, de maneira mais simplificada, podemos dizer que o spread bancário seria 30%. É válido destacar, nesse caso, que os custos acima citados como inadimplência e tributos já estão deduzidos nesses valores hipotéticos mencionados. 

Variação de acordo com a operação

É interessante esclarecer também o spread varia de acordo com o tipo de operação financeira realizada pelo banco, em função dos tributos e da inadimplência do tomador, especificamente. Alguns tipos de crédito como o consignado e agrário têm uma taxa de inadimplência consideravelmente mais baixa do que créditos destinados à pessoa física, por exemplo, que é mais vulnerável às instabilidades macroeconômicas. Assim, quanto mais arriscada tende a ser a operação, via de regra, mais elevado será o crédito cobrado pela instituição financeira. 

Além disso, o Brasil sofre também uma grande insegurança jurídica em relação a questões relativas à recuperação judicial de crédito. Inclusive, de acordo com dados do Banco Mundial, a cada 1 dólar que é emprestado no país, apenas 0,13 cents são recuperados. Isso é apenas 13% do valor.

Dessa forma, por conta do mal elaborado e complexo arranjo institucional vigente, existe uma dificuldade por parte das instituições financeiros em recuperar os créditos perdidos. O que certamente também contribui para aumentar o spread bancário brasileiro

Altas taxas básica de juros

Outro fator a ser mencionado é a alta taxa básica de juros da economia brasileira, bastante acima inclusive de outros países em desenvolvimento. Vale destacar também que a participação do lucro das instituições financeiras no spread varia bastante em relação aos outros componentes. Podendo aumentar ou diminuir relativamente em linha com a taxa básica de juros vigente.

Não, por acaso, os bancos brasileiros são conhecidos no mercado por serem contracíclicos, muitas vezes, beneficiando-se das crises e dos aumentos de juros nesses períodos. Inclusive, no biênio 2015-2016, quando o país estava numa gravíssima crise econômica, os bancos obtiveram um elevado spread, situação não muito diferente da atual. Assim, a referida taxa varia conforme as circunstâncias políticas e macroeconômicas correntes no período em questão. De maneira geral, o aumento na taxa básica de juros beneficia os resultados dos bancos após as reprecificações das suas respectivas carteiras de crédito.

Fonte: Banco Central

Diminuição do spread bancário

Desde a estabilização macroeconômica na década de 90, houve uma grande diminuição do spread bancário no Brasil. Porém ele ainda figura como um dos mais altos do planeta. Além disso, após a grande crise financeira de 2008, foram realizadas uma série de regulamentações no mercado bancário que visava proteger o sistema financeiro de novas instabilidades. Um dos efeitos colaterais dessas medidas foi o aumento da concentração bancária. Em consequência disso, alguns anos depois, a partir de 2016, o Banco Central instituiu a Agenda BC+ que visava criar um ambiente institucional mais propício ao surgimento e desenvolvimento de novas instituições financeiras.

Mesmo após a ascensão das fintechs nos últimos anos, a ainda elevada concentração bancária também contribui para esse alto spread. No fim de 2021 e após tudo isso, mais de 70% de todo o crédito oferecido no Brasil foi ofertado pelos 5 maiores bancos do país que são Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica, o que dá mais poder de mercado a essas instituições em detrimento do cliente final.

E interessante contextualizar também que o Brasil tem uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo. O que aumenta o spread bancário uma vez que esses impostos como CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido), PIS/COFINS e IRPJ. Na prática, são repassadas ao tomador de crédito, o que também maximiza a taxa em questão. 

Apesar das consequências negativas do alto spread bancário para a economia brasileira, uma série de medidas, já parcialmente postas em prática há alguns anos, podem diminuir a taxa. Como, por exemplo, a criação de leis que assegurem mais segurança jurídica às instituições financeiras em relação à liquidação de bens e garantias.

Conclusão

Por fim, diante do exposto acima, concluímos que o spread bancário é importante do ponto de vista do investidor pessoa física que gerencia os seus investimentos. Mas também tem consequências muito relevantes sobre a produtividade e o crescimento econômico de uma nação.

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Espero que você tenha entendido o funcionamento do spread bancário e conte conosco da VG Research para continuar aprendendo sobre finanças, economia e investimentos. Obrigado pela leitura e até a próxima!

Milton Rabelo

Analista CNPI 2444

@miltonrabelo.financas

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