Alíquota: o que é, tipos e como funciona na prática

Quando se fala em impostos, taxas ou contribuições, um termo aparece com frequência: alíquota.

Ela é um dos principais elementos do sistema tributário brasileiro e está presente em praticamente todos os tributos — do ICMS sobre produtos no supermercado ao Imposto de Renda que incide sobre salários e rendimentos de investimentos.

Mas afinal, o que é alíquota e como ela influencia o valor final de um imposto?

Neste artigo, você vai entender como ela funciona e por que conhecer suas variações pode ajudar a planejar melhor suas finanças e investimentos. Confira!

O que é alíquota?

A alíquota é o percentual ou valor fixo aplicado sobre uma base de cálculo para determinar o valor de um tributo.

Em termos simples, é a taxa usada para transformar a base de cálculo — como preço, renda ou patrimônio — no valor do imposto a ser pago.

Exemplo 1 – produto com ICMS:

Imagine que você compra uma televisão por R$ 2.000.

Se o ICMS no seu estado é de 18%, o cálculo será:

R$ 2.000 × 18% = R$ 360

Nesse caso, R$ 360 é o valor do imposto embutido no preço do produto.

Exemplo 2 – serviço com ISS:

Uma empresa de design cobra R$ 1.000 por um projeto.

Se a alíquota de ISS definida pelo município for de 5%, o cálculo será:

R$ 1.000 × 5% = R$ 50

Ou seja, R$ 50 correspondem ao imposto sobre aquele serviço.

Como calcular alíquota? 

O cálculo básico segue a fórmula:

Imposto a pagar = base de cálculo × alíquota

No entanto, nem sempre o cálculo é tão simples.

Em alguns casos, há faixas de tributação, deduções e benefícios fiscais, o que altera o valor efetivo pago pelo contribuinte.

Por isso, é importante conhecer as características de cada tipo de alíquota e entender como elas influenciam o valor do imposto.

Tipos de alíquota

As alíquotas podem ser classificadas conforme sua forma de aplicação e finalidade. Veja como cada tipo funciona:

1. Alíquota nominal

A alíquota nominal é a taxa oficial estabelecida por lei ou regulamento. Ela representa o valor teórico do imposto, sem considerar descontos, deduções ou isenções.

Exemplo:

No Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), a alíquota nominal máxima é de 27,5%.

Isso significa que, segundo a lei, o contribuinte com maior renda paga até 27,5% sobre a parcela tributável.

2. Alíquota efetiva

A alíquota efetiva representa o percentual real pago pelo contribuinte, já considerando todas as deduções (como dependentes, educação e saúde).

Ou seja, mostra quanto do rendimento total foi realmente destinado ao imposto.

Exemplo:

Um contribuinte tem renda de R$ 6.000 por mês.

Pelas tabelas do IR, ele estaria na faixa de 27,5%, mas após deduzir gastos com saúde e dependentes, ele acaba pagando cerca de 15% efetivos sobre sua renda total.

Assim, a alíquota efetiva costuma ser menor que a nominal. 

3. Alíquota progressiva

Na alíquota progressiva, o percentual aumenta conforme cresce a base de cálculo.

Esse modelo busca promover justiça tributária, cobrando proporcionalmente mais de quem tem maior capacidade de pagamento.

No IRPF, por exemplo, as alíquotas variam por faixa:

Faixa de renda mensalAlíquota
Até R$ 2.428,80Isento
De R$ 2.428,80 a R$ 2.826,657,5%
De R$ 2.826,66 a R$ 3.751,0515%
De R$ 3.751,06 a R$ 4.664,6822,5%
Acima de R$ 4.664,6827,5%

Contudo, quem ganha mais paga uma alíquota maior somente sobre o valor que ultrapassa cada faixa — e não sobre toda a renda.

Por exemplo, se alguém ganha R$ 5.000, apenas a parte acima de R$ 4.664,68 é tributada em 27,5%. As faixas anteriores continuam sendo taxadas pelos percentuais menores.

4. Alíquota regressiva

A regressiva funciona no sentido oposto da progressiva: quanto maior a base de cálculo, menor a alíquota aplicada.

É comum em investimentos de longo prazo, como planos de previdência (PGBL e VGBL), justamente para estimular o tempo de permanência.

Na previdência privada, por exemplo, a alíquota do Imposto de Renda começa em 35% para resgates feitos antes de 2 anos e diminui gradualmente até 10% após 10 anos de investimento (dependendo dos termos específicos do contrato).

5. Alíquota fixa

A alíquota fixa aplica um mesmo percentual a todos os contribuintes, independentemente da renda ou valor da base de cálculo.

Exemplo:

O Imposto Sobre Serviços (ISS) costuma ter alíquotas fixas de 2%, 3% ou 5% na maioria dos municípios. Ela varia conforme o tipo de serviço, mas não conforme o valor cobrado.

Diferença entre alíquota e imposto

Um erro comum é confundir alíquota com imposto. Apesar de relacionados, são conceitos diferentes.

  • Alíquota: é o percentual ou valor fixo determinado por lei.
  • Imposto: é o resultado da aplicação da alíquota sobre a base de cálculo.

Exemplo:

Suponha que um carro custa R$ 50 mil e o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) tem alíquota de 3%.

Cálculo do imposto:

50.000 × 3% = R$ 1.500

Neste caso, a alíquota é 3%, enquanto o imposto devido é R$ 1.500.

Por que entender alíquotas é importante?

Entender o que é alíquota vai muito além de um detalhe técnico: esse conhecimento ajuda qualquer pessoa ou investidor a planejar melhor e agir de forma precisa. Veja as vantagens:

Para qualquer contribuinte

Saber sobre alíquotas ajuda a:

  • planejar o pagamento de tributos e evitar surpresas;
  • comparar impostos entre produtos e serviços;
  • avaliar políticas públicas e reformas tributárias com mais clareza;
  • tomar decisões financeiras mais conscientes, especialmente para quem empreende.

Para investidores

Alíquotas também influenciam diretamente o retorno dos investimentos.

Toda aplicação financeira tem tributação, e a alíquota determina quanto do rendimento vai para o governo.

Ao conhecer as regras, você pode avaliar melhor o retorno líquido e planejar seus investimentos de forma eficiente. Funciona assim:

1. Renda fixa e a reserva de emergência

As aplicações de renda fixa, como Certificado de depósito bancário (CDB), Tesouro Direto e fundos DI, por exemplo, são as mais comuns para montar uma reserva de emergência.

Isso porque oferecem segurança e liquidez.

No tipo de investimento, o IR é cobrado apenas sobre o lucro e segue uma tabela regressiva. Ou seja, a alíquota diminui quanto mais tempo o dinheiro permanece investido. Veja:

Prazo de aplicaçãoAlíquota
Até 180 dias22,5%
181 a 360 dias20%
361 a 720 dias17,5%
Acima de 720 dias15%

Exemplo:

Você aplica R$ 10.000 em um CDB e, em seis meses, tem um lucro de R$ 400. A alíquota será de 22,5%, então o IR será:

R$ 400 × 22,5% = R$ 90 de imposto.

Se esse mesmo investimento fosse mantido por dois anos, a alíquota cairia para 15% e o imposto seria de apenas R$ 60.

Além disso, há produtos de renda fixa isentos de IR, como Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).

Mesmo com taxas brutas menores, podem render mais porque não sofrem desconto de alíquota — um detalhe importante na hora de comparar investimentos.

2. Ações e mercado de renda variável

No mercado de ações, a alíquota também afeta o resultado final:

  • Operações comuns (compra e venda em dias diferentes): IR de 15% sobre o lucro;
  • Day trade (compra e venda no mesmo dia): IR de 20%.

Mas existe uma vantagem importante: vendas mensais de até R$ 20 mil são isentas de IR.

Por exemplo, se você vendeu R$ 18 mil em ações e lucrou R$ 1.000, não pagará IR.

Em contrapartida, se vendeu R$ 25 mil, o lucro total entra na base de cálculo e será tributado em 15%.

De qualquer forma, saber como as alíquotas funcionam ajuda o investidor a:

  • escolher investimentos mais adequados ao seu prazo e objetivo;
  • avaliar o rendimento líquido, e não apenas a taxa bruta;
  • planejar resgates e vendas de modo a reduzir a carga tributária.

Conclusão

Em resumo, entender o papel da alíquota é essencial tanto para quem paga impostos sobre salário, produtos ou serviços quanto para quem investe.

Para o contribuinte, esse conhecimento ajuda a:

  • planejar melhor o pagamento de tributos;
  • evitar surpresas;
  • tomar decisões financeiras mais conscientes.

Para o investidor, conhecer as regras de tributação sobre renda fixa e variável permite:

  • avaliar retorno líquido real;
  • escolher investimentos mais adequados;
  • planejar resgates e vendas de forma eficiente, reduzindo a carga tributária e aumentando a rentabilidade.

Assim, é uma ferramenta prática para controlar seu dinheiro e fazer escolhas financeiras mais inteligentes, seja no dia a dia ou ao lidar com investimentos.

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