Máquinas, veículos, computadores, imóveis. Esses bens aparecem no balanço de praticamente toda empresa, mas você sabe o que eles têm em comum? São classificados como ativo imobilizado.
Eles representam os bens tangíveis que a empresa utiliza para operar, produzir e gerar receita. Sem eles, a operação simplesmente não acontece.
Para quem investe em ações, entender o ativo imobilizado faz toda a diferença.
Isso porque revela quanto a empresa direciona para infraestrutura, se está crescendo ou encolhendo, e como isso impacta a capacidade produtiva e a rentabilidade do negócio, por exemplo.
Logo abaixo, vamos te explicar o que compõe o ativo imobilizado, como ele funciona na prática e por que você deve prestar atenção nesse item ao analisar empresas. Acompanhe!
O que é ativo imobilizado?
O ativo imobilizado representa o conjunto de bens tangíveis que a empresa utiliza de forma contínua para operar. Segundo o CPC 27, ele inclui os bens que:
- servem à produção, prestação de serviços, aluguel a terceiros ou atividades administrativas;
- permanecem em uso por mais de um período — normalmente acima de 12 meses.
Em outras palavras, são os bens físicos essenciais ao funcionamento do negócio. Eles não estão à venda (como o estoque), mas sim destinados a sustentar a operação ao longo do tempo.
Ativo imobilizado no balanço patrimonial
No balanço patrimonial, o ativo imobilizado aparece dentro do grupo Ativo Não Circulante, porque reúne bens de baixa liquidez, isto é, que não podem ser convertidos em dinheiro rapidamente.
A estrutura costuma aparecer assim:
- Ativo
- Ativo Circulante – Caixa, contas a receber, estoques
- Ativo Não Circulante
- Realizável a Longo Prazo
- Investimentos
- Imobilizado (máquinas, imóveis, veículos, equipamentos)
- Intangível
Esse agrupamento evidencia que o imobilizado sustenta a operação por longos períodos, mas não faz parte do giro financeiro de curto prazo da empresa.
Classificação e exemplos de ativo imobilizado
Os ativos imobilizados são organizados conforme sua natureza e o papel que desempenham na operação. Entre os exemplos mais comuns, estão:
- Imóveis: terrenos, galpões, escritórios e unidades fabris.
- Móveis e utensílios: mesas, cadeiras e armários.
- Máquinas e equipamentos: prensas, tornos, robôs industriais, fornos e máquinas de produção.
- Veículos: caminhões de entrega, carros da equipe comercial e empilhadeiras.
- Equipamentos de informática: computadores, servidores e periféricos que tenham valor relevante.
Importante: bens de baixo valor — como lixeiras, grampeadores ou pequenos acessórios — geralmente são registrados diretamente como despesa, seguindo o princípio da materialidade.
Dessa forma, evita-se controles excessivamente detalhados para itens que não afetam de forma significativa as demonstrações financeiras.
Ativo imobilizado tangível e intangível: qual a diferença?
De fato, é comum haver confusão entre esses dois grupos do Ativo Não Circulante. A principal diferença está na existência física.
Enquanto o imobilizado é formado por bens concretos, o intangível reúne direitos e ativos sem substância física. Veja a comparação:
| Característica | Ativo imobilizado (Tangível) | Ativo intangível |
| Natureza | Possui corpo físico (pode ser tocado). | Não possui corpo físico (imaterial/abstrato). |
| Exemplos | Veículos, máquinas, terrenos e móveis. | Softwares, patentes, marcas e direitos autorais. |
| Perda de valor | Sofre depreciação (desgaste físico). | Sofre amortização (perda de validade/direito). |
| Norma contábil | Regido pelo CPC 27. | Regido pelo CPC 04. |
Depreciação de ativo imobilizado
Em resumo, a depreciação registra contábil e sistematicamente a perda de valor de um bem ao longo do tempo, seja pelo uso, desgaste natural, ação da natureza ou obsolescência tecnológica.
Esse processo permite alocar o custo do ativo durante sua vida útil, refletindo com mais precisão o valor real no balanço patrimonial.
Para referência, a Receita Federal estabelece algumas taxas usuais de depreciação no Brasil (IN RFB 1700/2017):
| Tipo do bem | Vida útil estimada | Taxa de depreciação anual |
| Veículos | 5 anos | 20% |
| Equipamentos de informática | 5 anos | 20% |
| Móveis e utensílios | 10 anos | 10% |
| Máquinas e equipamentos | 10 anos | 10% |
| Edificações (imóveis) | 25 anos | 4% |
Cálculo da depreciação (Método Linear)
O método linear é o mais utilizado para depreciar ativos, distribuindo o custo do bem de forma uniforme ao longo de sua vida útil. A fórmula é simples:
Para calcular a depreciação, utiliza-se a seguinte fórmula:
Depreciação = (Custo de aquisição – Valor Residual) / Vida útil
Onde:
- Custo de aquisição: preço pago pelo bem, incluindo frete e instalação.
- Valor residual: estimativa de quanto o ativo poderá ser vendido ao final da vida útil (quando aplicável).
- Vida útil: período, em anos ou meses, durante o qual o ativo será utilizado.
Controle e gestão de ativo imobilizado
Gerir o ativo imobilizado vai muito além da contabilidade, porque envolve cuidar da integridade física dos bens e manter o controle patrimonial atualizado. Entre as melhores práticas, destacam-se:
- Emplaquetamento: identificar cada ativo com etiqueta, QR Code ou RFID, garantindo que cada cadeira, computador ou equipamento seja único no sistema.
- Inventário rotativo: realizar contagens periódicas para confirmar que os bens registrados realmente existem, evitando os chamados “ativos fantasmas”.
- Teste de impairment (recuperabilidade): avaliar periodicamente se o valor contábil não supera o valor recuperável do ativo. Se houver perda significativa, é preciso ajustar o balanço.
Essas medidas ajudam a empresa a proteger seus recursos, manter a confiabilidade contábil e facilitar decisões estratégicas sobre o uso e substituição dos ativos.
Baixa e alienação de ativos imobilizados
Quando um bem deixa de ser útil, a empresa pode optar por vender (alienação) ou descartar (baixa por obsolescência ou sucateamento).
- Venda: é preciso calcular o ganho ou perda de capital. Se o preço de venda supera o valor contábil (custo de aquisição menos depreciação acumulada), a empresa registra lucro; caso contrário, registra prejuízo.
- Descarte: o valor residual contábil é registrado como perda ou despesa no resultado do exercício.
Esses procedimentos garantem que o balanço reflita corretamente a situação patrimonial e que as decisões sobre substituição ou alienação de ativos sejam precisas e estratégicas.
Importância do ativo imobilizado na empresa
O ativo imobilizado representa a infraestrutura que mantém a empresa funcionando. Sua relevância se manifesta em três frentes principais:
- Capacidade operacional: máquinas, equipamentos e veículos em bom estado garantem a produção contínua. Uma gestão eficiente evita paradas inesperadas e prejuízos operacionais.
- Análise financeira: investidores e bancos avaliam o imobilizado para medir a robustez do negócio. Ativos antigos ou muito desgastados podem sinalizar necessidade de investimentos futuros significativos, impactando o fluxo de caixa.
- Impacto tributário: a depreciação reduz o lucro contábil e, em empresas do Lucro Real, diminui a base de cálculo de impostos, como IRPJ e CSLL, por exemplo.
Controlar e compreender o imobilizado é, portanto, estratégico para a saúde operacional, financeira e fiscal da empresa.
Conclusão
Em resumo, ativo imobilizado é o conjunto de ferramentas que mantém a empresa funcionando — do prédio da fábrica ao computador do escritório. Sem esses bens, a operação simplesmente para.
Gerenciá-los vai muito além de cumprir regras contábeis. Uma boa gestão responde a três perguntas essenciais:
- o que eu tenho? Para evitar compras desnecessárias ou perdas de ativos.
- onde está e funciona? Para prevenir surpresas com equipamentos parados ou quebrados.
- quanto vale? Para entender a real riqueza e capacidade da empresa.
Cuidar do imobilizado é, acima de tudo, proteger o capital já investido e garantir que ele continue gerando valor pelo maior tempo possível.