Bolsa de valores: entenda como funciona e como investir

Bolsa de valores. Só de ouvir esse termo, muita gente já imagina algo complicado, distante ou exclusivo para quem entende muito de finanças.

Mas a realidade é bem diferente.

A bolsa é um ambiente onde pessoas comuns — como você — podem investir em empresas, participar dos lucros e construir patrimônio ao longo do tempo.

Não é preciso ser expert em economia ou ter muito dinheiro para começar. O que você precisa é entender como a bolsa funciona, o que é negociado ali e quais cuidados tomar.

Neste guia, vamos explicar de forma simples e direta tudo sobre a bolsa de valores: o que é, para que serve, como funciona na prática e como você pode começar a investir.

Ao final, você terá uma visão clara sobre esse mercado e estará preparado para dar seus primeiros passos com segurança.

O que é a bolsa de valores?

A bolsa de valores é um ambiente organizado onde pessoas e instituições compram e vendem ativos financeiros, principalmente ações de empresas.

Pense nela como um grande mercado.

Assim como em uma feira livre você encontra vendedores oferecendo produtos e compradores interessados, na bolsa existem investidores querendo comprar ações e outros querendo vender.

A diferença é que tudo acontece de forma eletrônica, regulada e transparente.

A bolsa não é dona das ações. Ela apenas oferece a estrutura e as regras para que as negociações aconteçam de forma segura.

É como um shopping center: o shopping não vende os produtos, mas oferece o espaço e as condições para que as lojas operem.

Os preços dos ativos são formados de acordo com a oferta e demanda. Se muita gente quer comprar uma ação e poucos querem vender, o preço sobe. Se muitos querem vender e poucos querem comprar, o preço cai.

Assim, a bolsa reflete em tempo real o que os investidores acham que cada empresa vale naquele momento.

Para que serve a bolsa de valores?

A bolsa de valores cumpre papéis importantes que favorecem empresas, investidores e até mesmo a economia como um todo. Entenda:

Captar recursos para empresas

Quando uma empresa abre capital — ou seja, oferece suas ações ao público pela primeira vez — ela está captando dinheiro de investidores para financiar seus projetos.

Esse processo é chamado de IPO (oferta pública inicial). A empresa vende parte de si mesma em troca de recursos que podem ser usados para objetivos, como:

  • expandir fábricas;
  • desenvolver produtos;
  • contratar pessoas;
  • pagar dívidas.

Depois do IPO, a empresa pode fazer novas ofertas de ações (follow-ons) para captar ainda mais recursos conforme cresce.

O ponto é: com a bolsa, as empresas conseguem gerar recursos de forma eficaz. Em vez de negociar com poucos investidores grandes, a empresa pode captar recursos de milhares de pessoas ao mesmo tempo.

Oferecer oportunidades de investimento

Para você, investidor pessoa física, a bolsa é a porta de entrada para se tornar sócio de empresas.

Ao comprar ações, você passa a ter uma pequena participação no negócio. Se a empresa crescer e lucrar, você pode ganhar de duas formas:

  1. pela valorização do preço das ações;
  2. pelo recebimento de dividendos (parte dos lucros distribuída aos acionistas).

Além disso, a bolsa oferece outros tipos de ativos, como fundos imobiliários e ETFs, ampliando suas possibilidades de investimento.

Garantir transparência e segurança

A bolsa funciona dentro de regras rigorosas definidas por órgãos reguladores, como a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Todas as negociações são registradas e fiscalizadas. Você consegue ver os preços em tempo real, sabe exatamente quanto está pagando e tem certeza de que a operação será concluída conforme o combinado.

Além disso, empresas listadas na bolsa precisam divulgar seus resultados financeiros regularmente — balanços, lucros, dívidas, perspectivas. Essas informações são públicas e acessíveis a qualquer investidor.

Isso significa que você não está comprando no escuro. Tem dados concretos para avaliar se uma empresa vale a pena ou não.

Contribuir para o desenvolvimento econômico

Quando você compra ações de uma empresa, está colocando seu dinheiro para trabalhar na economia real.

A empresa usa esse capital para criar empregos, desenvolver tecnologias, construir fábricas e expandir seus negócios.

Ou seja, a bolsa conecta quem tem dinheiro para investir com empresas que precisam de recursos para crescer e, por tabela, impulsiona a economia do país.

Como funciona a bolsa de valores na prática?

Investidores definindo estratégia de investimento em conjunto enquanto analisam empresas

Quando clica em “comprar” ou “vender” na sua plataforma de investimentos, o ativo aparece na sua carteira em segundos. Mas o que acontece por trás desse processo?

Vamos entender como a bolsa opera no dia a dia:

Pregão eletrônico

Antigamente, as negociações aconteciam no pregão viva-voz. Operadores se reuniam fisicamente em um salão e gritavam ofertas de compra e venda, movimentando as mãos para fechar negócios.

Hoje, tudo mudou. O pregão é eletrônico. As ordens são enviadas por computadores e celulares, e processadas automaticamente por sistemas que conectam compradores e vendedores em milésimos de segundo.

Você envia uma ordem pelo aplicativo da sua corretora, o sistema da bolsa encontra alguém disposto a negociar pelo preço que você ofereceu, e a operação é executada instantaneamente.

Não há mais gritos nem papéis. Tudo é digital, rápido e eficiente.

Horário de funcionamento

A bolsa brasileira (B3) opera em horários definidos, de segunda a sexta-feira. Eles existem para organizar o mercado e garantir que todos os participantes tenham as mesmas condições de negociar.

O pregão regular vai das 10h às 17h (horário de Brasília). Mas existem outros períodos:

  • Pré-abertura (9h45 às 10h): período em que você pode enviar ordens, mas elas só são executadas às 10h, quando o pregão abre oficialmente.
  • After-market (17h25 às 17h30): sessão de negociação após o fechamento, com volume menor e volatilidade maior.

Esses horários podem mudar de acordo com o ativo negociado. Para ações é um, para opções é outro, para mercado futuro é outro, e assim por diante.

Formação de preços

Os preços das ações mudam constantemente ao longo do dia, conforme surgem novas ordens de compra e venda.

Imagine que uma ação está sendo negociada a R$ 50. De repente, várias pessoas começam a querer comprar, mas poucos estão dispostos a vender por esse preço. 

Resultado: quem quer vender começa a pedir R$ 51, depois R$ 52, e assim por diante. O preço sobe.

O contrário também acontece. Se muitos querem vender e poucos querem comprar, o preço cai.

Esse movimento de oferta e demanda acontece em tempo real, a cada segundo.

Por isso os preços ficam piscando o tempo todo nas plataformas de investimento: são as negociações sendo fechadas continuamente.

Liquidação das operações

Quando você compra uma ação, a operação não é concluída na hora. Existe um processo de liquidação.

Para ações, a liquidação acontece em D+2 (dois dias úteis após a compra). Isso significa que você só se torna oficialmente dono das ações dois dias depois da negociação.

O mesmo vale para o dinheiro: se você vendeu ações hoje, o dinheiro só estará disponível na sua conta dois dias úteis depois.

Esse prazo existe para garantir que todos os processos de compensação, registro e transferência aconteçam de forma segura e organizada.

O que é negociado na bolsa de valores?

A bolsa não negocia apenas ações. Existem diferentes tipos de ativos disponíveis para investidores.

Ações

Ações são pequenas partes de uma empresa. Ao comprar uma ação, você se torna sócio e tem direito a uma fatia dos resultados.

Existem dois tipos principais:

Ações ordinárias (ON): dão direito a voto nas assembleias da empresa. Geralmente têm o código terminado em 3 (ex: PETR3).

Ações preferenciais (PN): não dão direito a voto, mas têm preferência no recebimento de dividendos. Geralmente terminam em 4 (ex: PETR4).

Fundos imobiliários (FIIs)

Fundos imobiliários permitem que você invista em imóveis sem precisar comprá-los diretamente.

O fundo reúne recursos de vários investidores e usa esse dinheiro para comprar, construir ou administrar imóveis, como, por exemplo:

  • shoppings;
  • galpões logísticos;
  • lajes corporativas;
  • hospitais.

Os aluguéis recebidos pelos imóveis são distribuídos mensalmente aos cotistas. Além disso, as cotas dos FIIs são negociadas na bolsa, permitindo que você compre e venda com facilidade.

ETFs (fundos de índice)

ETFs são fundos que replicam índices de mercado, como o Ibovespa.

Em vez de escolher ações uma por uma, você compra uma cota de ETF e passa a ter exposição a todas as empresas que compõem aquele índice.

Por exemplo, ao investir em um ETF de Ibovespa, você está comprando um pedacinho de dezenas de empresas ao mesmo tempo. É uma forma simples de diversificar.

BDRs (ações de empresas estrangeiras)

BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são certificados que representam ações de empresas estrangeiras negociadas aqui no Brasil.

Quer investir em Apple, Amazon, Google ou Tesla? Você pode fazer isso pela B3, comprando BDRs dessas empresas sem precisar abrir conta em corretoras internacionais.

Os BDRs facilitam o acesso a empresas globais, permitindo que você diversifique seus investimentos para além das fronteiras brasileiras.

Derivativos

Derivativos são contratos financeiros mais complexos, como opções e contratos futuros.

Eles são usados principalmente para proteção (hedge) ou especulação.

Por exemplo, um produtor rural pode vender contratos futuros de soja para travar o preço antes da colheita. Já um investidor pode comprar opções apostando na valorização de uma ação.

Esses produtos exigem conhecimento técnico e não são recomendados para iniciantes. Mas mostram a variedade de estratégias possíveis de usar na bolsa.

Principais bolsas de valores do mundo

Existem dezenas de bolsas de valores espalhadas pelo planeta. Cada país ou região tem a sua, com características próprias.

Bolsas internacionais de destaque

  • NYSE (New York Stock Exchange): a maior bolsa do mundo, localizada em Nova York. Negocia ações de gigantes como Coca-Cola, Johnson & Johnson e ExxonMobil.
  • NASDAQ: também nos Estados Unidos, é focada em empresas de tecnologia. Apple, Microsoft, Amazon, Google e Meta estão listadas lá.
  • LSE (London Stock Exchange): bolsa de Londres, uma das mais antigas do mundo. Negocia empresas europeias e de diversos outros países.
  • Bolsas asiáticas: Tóquio, Hong Kong e Xangai são grandes centros financeiros na Ásia, negociando empresas de países como Japão, China e Coreia do Sul.

B3: a bolsa brasileira

A B3 é a bolsa de valores oficial do Brasil e a maior da América Latina.

Ela surgiu da fusão entre a Bovespa (bolsa de valores de São Paulo), a BM&F (bolsa de mercadorias e futuros) e a Cetip (câmara de custódia de renda fixa).

Hoje, a B3 concentra praticamente todas as negociações de ações, fundos imobiliários, títulos de renda fixa e derivativos do país.

É onde você acessa empresas como Petrobras, Vale, Itaú, Ambev e centenas de outras companhias brasileiras listadas.

Como investir na bolsa de valores?

Investidora analisando altas e quedas de ativo que está em sua carteira pela bolsa de valores

Ao contrário do que muitos pensam, investir na bolsa não é nenhum bicho de sete cabeças. O processo envolve alguns passos simples que qualquer pessoa pode seguir. Veja:

Abrir conta em uma corretora

Você não compra ações diretamente da bolsa. É necessário abrir conta em uma corretora autorizada para intermediar suas operações.

Escolha uma corretora regulamentada pela CVM, com taxas justas e bom suporte.

Você faz o cadastro online: envia documentos como RG, CPF e comprovante de residência para análise, e a corretora confirma a abertura da sua conta em até dois ou três dias úteis.

Transferir recursos

Depois de aprovado, transfira dinheiro da sua conta bancária para a conta da corretora usando TED ou PIX.

Importante: a transferência precisa vir de uma conta no seu CPF. Transferências de terceiros são bloqueadas por segurança.

O dinheiro cai em minutos (PIX) ou até um dia útil (TED). Com saldo disponível, você já pode começar a investir.

Escolher os ativos

Agora é hora de decidir onde colocar seu dinheiro.

Estude as empresas: veja seus resultados financeiros, seus setores de atuação, suas perspectivas de crescimento. Não invista apenas porque alguém recomendou ou porque a ação está “barata”.

Você pode começar com ETFs, que oferecem diversificação automática, ou escolher algumas ações de empresas que você conhece e confia.

Defina quanto vai investir em cada ativo, levando em conta seu perfil de risco e seus objetivos.

Enviar ordens pelo home broker

Com os ativos escolhidos, acesse o home broker (plataforma de negociação da corretora).

Digite o código da ação (ticker), informe quantas você quer comprar e por qual preço máximo está disposto a pagar, e confirme a ordem.

Se houver vendedores ao preço que você ofereceu, a ordem é executada automaticamente.

Se não houver, sua ordem fica na fila aguardando até que alguém aceite vender por aquele valor.

Acompanhar seus investimentos

Depois de comprar, acompanhe seus ativos pela própria plataforma da corretora.

Você verá a quantidade de ações que possui, o preço atual, a valorização ou desvalorização, os dividendos recebidos e o saldo total da sua carteira.

Não é necessário acompanhar a bolsa todo dia. Para quem investe pensando no longo prazo, o ideal é revisar sua carteira periodicamente (mensal ou trimestralmente) e ajustar conforme necessário.

Riscos de investir na bolsa de valores

Investir na bolsa oferece boas oportunidades, mas também envolve riscos. É importante conhecê-los para tomar decisões acertadas:

Volatilidade

Os preços das ações oscilam diariamente, às vezes de forma brusca.

Uma ação pode subir 5% em um dia e cair 8% no dia seguinte. Essas oscilações são normais e fazem parte do mercado.

Contudo, para quem não está acostumado, ver o valor da carteira mudar constantemente pode gerar ansiedade.

Por isso, é importante ter clareza sobre seu perfil de investidor e não se desesperar com movimentos de curto prazo.

Risco de perda de capital

Diferente da renda fixa, na bolsa você pode perder parte ou até todo o dinheiro investido.

Se você compra ações de uma empresa que depois passa por dificuldades financeiras, o preço das ações pode cair muito.

Em casos extremos, a empresa pode até falir, e suas ações perdem todo o valor.

Isso reforça a importância de estudar antes de investir e não colocar todo o seu dinheiro em uma única ação.

Risco de liquidez

Liquidez é a facilidade de comprar ou vender um ativo rapidamente sem grandes perdas.

Ações de grandes empresas, como Petrobras e Vale, têm alta liquidez: você consegue vender a qualquer momento.

Já ações de empresas pequenas podem ter baixa liquidez: às vezes não há compradores interessados, e você fica “preso” no ativo.

Antes de investir, verifique o volume de negociação da ação. Quanto maior, mais fácil será vender quando precisar.

Como gerenciar os riscos?

Você não consegue eliminar os riscos, mas pode reduzi-los:

  • Diversifique: não coloque todo o dinheiro em uma única ação ou setor. Espalhe seus investimentos entre diferentes empresas e tipos de ativos.
  • Invista no longo prazo: a bolsa pode ser volátil no curto prazo, mas historicamente tende a subir no longo prazo. Quanto mais tempo você deixar seu dinheiro investido, maiores as chances de bons resultados.
  • Estude antes de investir: não compre ações no impulso. Entenda o negócio da empresa, seus fundamentos, seus riscos. Conhecimento reduz a chance de decisões erradas.

Diferença entre bolsa de valores e mercado de balcão

Além da bolsa, existe outro ambiente onde ativos financeiros são negociados: o mercado de balcão.

Bolsa: ambiente centralizado e regulado

Na bolsa, todas as negociações passam por um sistema centralizado, com regras claras, transparência e fiscalização constante.

Os preços são públicos, ou seja, qualquer pessoa pode ver as cotações em tempo real. Além disso, a bolsa registra todas as operações.

Balcão: negociação direta entre partes

No mercado de balcão, as negociações acontecem diretamente entre comprador e vendedor, sem passar pela estrutura da bolsa.

Esse modelo é comum para títulos de renda fixa, como CDBs e debêntures, e para operações entre grandes investidores institucionais.

O mercado de balcão pode operar de forma organizada, com algum nível de regulação, ou de forma não organizada, em negociações totalmente privadas.

Quando usar cada um?

Vale a pena usar a bolsa para ativos padronizados e de alta liquidez, como ações de grandes empresas.

O balcão, por sua vez, funciona melhor para produtos customizados, negociações privadas ou ativos com menor volume de negociação.

Para você, investidor iniciante, a bolsa oferece mais transparência e segurança. É ali que você deve focar seus investimentos em renda variável.

Conclusão

A bolsa de valores é o ambiente onde empresas captam recursos e investidores constroem patrimônio.

Ela não é exclusiva para especialistas: qualquer pessoa pode participar, desde que estude e invista com consciência.

Agora você sabe como a bolsa funciona, o que é negociado, quais são os riscos e como dar os primeiros passos.

O mercado está aberto, as ferramentas estão disponíveis e as oportunidades de lucrar estão ao seu alcance.

O próximo movimento é seu: escolha uma corretora, defina quanto pode investir, estude algumas empresas e faça sua primeira compra.

Comece devagar, aprenda no caminho e construa uma carteira rentável aos poucos!

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