Depreciação de ativos: o que é e como impacta sua empresa

Quando uma empresa compra um ativo, como equipamentos, a tendência é que seu valor caia progressivamente com o uso, o desgaste natural ou até a obsolescência tecnológica. Na contabilidade, esse fenômeno tem nome: depreciação.

Trata-se de uma ferramenta contábil que registra essa perda de valor ao longo do tempo.

Entender esse processo é fundamental para planejar investimentos, controlar custos, otimizar impostos e refletir com precisão a situação financeira da empresa.

Além disso, ajuda investidores a avaliar com mais clareza o valor real de um negócio.

Neste artigo, vamos explicar de forma clara o que é depreciação, quais métodos existem, como calculá-la e como ela impacta tanto as finanças da empresa quanto a visão de quem investe. Confira!

O que é depreciação?

Em resumo, depreciação é o processo contábil que distribui, ao longo dos anos, o custo de um ativo que perde valor com o tempo.

Em vez de registrar o gasto total no momento da compra, a empresa reconhece esse custo de forma gradual, acompanhando a vida útil do bem.

Essa prática deixa os demonstrativos financeiros mais fiéis à realidade, facilita o controle de recursos e melhora o planejamento dos resultados.

Por que depreciar ativos?

Depreciar ativos traz benefícios contábeis e fiscais importantes.

Do lado contábil, ela ajusta o valor dos bens para refletir sua utilização real ao longo do tempo.

Do lado fiscal, ela reduz a base de cálculo dos impostos, já que o valor depreciado entra como despesa e diminui o lucro tributável.

Ou seja, ao fazer o registro, a empresa representa melhor o desgaste dos seus ativos e ainda pode pagar menos impostos de forma legal.

O que é o valor residual?

O valor residual é a quantia que se estima que um ativo ainda valerá ao final de sua vida útil.

Esse valor é descontado do custo inicial para determinar quanto será efetivamente depreciado ao longo dos anos.

Em termos simples, é o valor que a empresa espera recuperar ao vender ou descartar o ativo quando ele já não for mais útil.

O valor residual importa porque reduz o total de depreciação a ser contabilizado: quanto maior o residual, menor o valor a depreciar.

Exemplo:

Se uma máquina custa R$ 10.000 e seu valor residual estimado é de R$ 1.000, o valor depreciável será de R$ 9.000. Esse montante será dividido pelos anos de vida útil do ativo.

Métodos de depreciação

Existem diferentes formas de calcular a depreciação, e a escolha do método pode impactar os resultados financeiros da empresa. Os principais métodos são:

1. Método linear

O método linear é simples e amplamente utilizado. Nele, a depreciação é constante ao longo de toda a vida útil do ativo. A cada ano, a mesma quantia é registrada.

Por exemplo, um ativo de R$ 10.000 com vida útil de 5 anos terá depreciação anual de R$ 2.000.

2. Método acelerado

No método acelerado, a depreciação é maior nos primeiros anos e diminui com o tempo. É indicado para ativos que perdem valor rapidamente, como equipamentos tecnológicos.

Exemplo: um ativo de R$ 10.000 com vida útil de 5 anos pode depreciar R$ 3.000 no primeiro ano, R$ 2.500 no segundo, e assim por diante.

3. Método de unidades produzidas

O método de unidades produzidas, por sua vez, calcula a depreciação com base no uso efetivo do ativo, como a quantidade produzida, sendo útil para equipamentos usados diretamente na produção.

Como calcular a depreciação?

Para calcular a depreciação, você precisa saber três coisas:

  • custo do ativo;
  • vida útil;
  • valor residual (quanto ele ainda valerá ao final da vida útil).

Vamos ver um exemplo do método linear. Relembrando, ele distribui a perda de valor igualmente ao longo dos anos. Assim, a fórmula é:

Depreciação Anual =​ Custo Inicial do Ativo – Valor Residual / Vida Útil do Ativo

Exemplo:

  • Custo do ativo: R$ 10.000
  • Valor residual: R$ 1.000
  • Vida útil: 5 anos

A depreciação anual será:

Depreciação Anual = 10.000 – 1.000​ / 5 = 1.800 por ano

Taxas de depreciação por tipo de ativo

Cada categoria de ativo possui uma taxa de depreciação recomendada, definida com base em sua vida útil estimada. Veja alguns exemplos comuns:

  • Máquinas e equipamentos: 10% a 20% ao ano
  • Veículos: 20% a 25% ao ano
  • Imóveis: 2% a 5% ao ano
  • Móveis e utensílios: 10% a 20% ao ano

Essas taxas são referências gerais, podendo mudar conforme a legislação vigente, o setor e as práticas contábeis adotadas pela empresa.

Depreciação acumulada

A depreciação acumulada representa todo o valor depreciado de um ativo ao longo do tempo. Ela não reduz o valor do ativo diretamente, mas aparece no balanço patrimonial como uma conta redutora, diminuindo o valor contábil líquido do bem.

Exemplo:

Se um ativo sofre depreciação anual de R$ 2.000, após 3 anos a acumulada será de R$ 6.000. Assim, o valor contábil líquido do ativo será ajustado para refletir essa perda de valor ao longo do período.

Depreciação contábil vs fiscal

A depreciação pode ser calculada de duas formas, dependendo do objetivo:

  • Contábil: é definida pela empresa, que pode escolher o método e a vida útil mais adequados para representar o uso real do ativo em suas operações.
  • Fiscal: segue regras específicas estabelecidas pela legislação tributária. Assim, o governo determina tabelas e critérios rígidos para padronizar os cálculos e evitar distorções na base de cálculo dos impostos.

Em muitos casos, os valores contábil e fiscal não serão iguais, e a empresa precisa controlar ambas as versões para fins de demonstrações financeiras e obrigações fiscais.

Impacto da depreciação nas demonstrações financeiras

A depreciação tem um papel importante nas demonstrações financeiras, principalmente por afetar diretamente o lucro operacional de uma empresa.

Como é registrada como despesa, ela reduz o lucro tributável e, consequentemente, o valor do imposto a pagar — sem representar saída de caixa no período, o que contribui para uma gestão financeira mais eficiente.

No balanço patrimonial, a depreciação acumulada atua como uma conta redutora, diminuindo o valor contábil dos ativos ao longo do tempo. Isso ajuda a demonstrar de forma mais realista o valor atual dos bens da empresa.

Exemplos práticos de cálculo de depreciação

Método linear

ItensValores
Custo do ativoR$12.000
Vida útil4 anos
Valor residualR$2.000
Depreciação anual12.000 – 2.000/4 = 2.500

Método acelerado (depreciação dobro do método linear)

ItensValores
Custo do ativoR$12.000
Vida útil4 anos
Depreciação no primeiro ano(12.000/4)*2=6.000
Depreciação no segundo ano3.000, e assim por diante.

A importância da depreciação para os investidores

A depreciação não é relevante apenas para a contabilidade das empresas.

Isso porque também fornece informações valiosas para quem analisa desempenho, rentabilidade e capacidade de geração de caixa.

Entender como esse processo afeta as finanças ajuda o investidor a avaliar melhor a saúde e as perspectivas de longo prazo de uma companhia.

1. Impacto no lucro líquido

O registro reduz o lucro líquido, o que pode afetar a percepção inicial sobre a rentabilidade.

No entanto, por ser uma despesa não monetária, ela não interfere diretamente no caixa.

Investidores costumam ajustar suas análises para considerar esse efeito.

Assim, conseguem entender que a depreciação altera o lucro contábil, mas não representa saída de recursos no período.

2. Indicadores de rentabilidade e valorização

A depreciação influencia indicadores importantes. O EBITDA, por exemplo, exclui essa despesa e mostra a capacidade operacional de geração de caixa da empresa.

Ela também afeta métricas de avaliação como P/L e P/VP, já que modifica tanto o lucro quanto o valor contábil dos ativos. Por isso, compreender o impacto da registro é essencial para análises mais completas.

3. Fluxo de caixa operacional

Embora reduza o lucro, a depreciação não diminui o fluxo de caixa operacional.

Investidores que acompanham o fluxo de caixa livre observam que, mesmo com uma depreciação elevada, a empresa pode continuar investindo, distribuindo dividendos e reduzindo dívidas.

4. Previsão de desempenho futuro

A depreciação também ajuda a entender a necessidade futura de reinvestimento.

Um nível alto de depreciação acumulada pode indicar que a empresa precisará renovar seus ativos, o que afeta projeções de caixa e planos de expansão.

5. Avaliação de setores intensivos em capital

Em setores que dependem de investimentos pesados, como infraestrutura, energia e manufatura, por exemplo, o impacto da depreciação é ainda maior.

Nesses casos, investidores analisam atentamente os métodos e as taxas de depreciação, pois ativos muito depreciados podem exigir novos aportes, afetando custos, competitividade e rentabilidade no longo prazo.

Conclusão

Por fim, a depreciação é essencial para representar a perda de valor dos ativos ao longo do tempo, afetando diretamente as demonstrações financeiras e a tributação das empresas.

Conhecer os métodos de cálculo e aplicá-los corretamente contribui para uma gestão mais eficiente e transparente dos recursos.

Para os investidores, compreender o impacto da registro no lucro, no caixa e nas necessidades futuras de investimento é indispensável.

Essa análise fornece uma visão mais precisa da saúde financeira da empresa e ajuda a embasar decisões estratégicas no mercado.

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