Ethereum: o que é, como funciona e como comprar

Se o Bitcoin é o “ouro digital”, o Ethereum é como a internet financeira do futuro.

Ele não é só uma moeda digital. O Ethereum é uma plataforma que permite criar aplicativos, contratos inteligentes e serviços que funcionam sem bancos ou intermediários. É assim que surgiram setores como DeFi, NFTs e DAOs.

Participar do ecossistema Ethereum significa acessar oportunidades de investimento e inovação que vão muito além da simples compra de moedas. E com atualizações importantes, como o “The Merge”, a rede ficou mais rápida, segura e sustentável.

Se você quer entender como o Ethereum funciona e como ele pode fazer parte da sua estratégia de investimentos, continue lendo este guia.

O que é o Ethereum?

Em resumo, o Ethereum é uma plataforma de software global, de código aberto e descentralizada, construída com base na tecnologia blockchain.

Enquanto o Bitcoin foi criado principalmente para transferir valor digital, o Ethereum nasceu para executar códigos chamados contratos inteligentes.

Vitalik Buterin e a gênese

A história do Ethereum começa em 2013, com Vitalik Buterin, um jovem programador que foi co-fundador Bitcoin Magazine.

Ele enxergou o potencial da blockchain, mas ficou frustrado com as limitações do Bitcoin, como a lentidão e a linguagem restrita para programar.

Então Vitalik publicou um whitepaper, um documento explicando sua ideia: uma blockchain flexível, capaz de rodar quase qualquer tipo de aplicação descentralizada.

Para transformar o projeto em realidade, ele e a equipe fizeram uma venda pública de tokens em 2014, arrecadando US$17 milhões. Com esse dinheiro, foi possível lançar oficialmente a rede Ethereum em julho de 2015.

Embora Vitalik fosse o visionário por trás da ideia, o Ethereum também precisou de engenharia sólida. O Dr. Gavin Wood foi fundamental nesse processo.

Ele pegou a visão de Vitalik e transformou em código funcional. Se Vitalik foi o arquiteto, Wood foi o engenheiro que construiu o motor da plataforma.

Como funciona o ethereum?

O que é o Ether (ETH)?

O Ether, ou ETH, é a criptomoeda nativa do Ethereum. Ele tem dois papéis principais:

  1. Dinheiro dentro do ecossistema: você pode usar ETH como meio de troca ou como reserva de valor, assim como o Bitcoin.
  2. Combustível da rede:
    toda ação feita no Ethereum — enviar tokens, rodar um contrato inteligente, usar um app DeFi — exige um custo chamado gás.

Esse gás é sempre pago em ETH. Sem ETH, nada roda.

A Máquina Virtual Ethereum (EVM)

A grande inovação do Ethereum é a Ethereum Virtual Machine (EVM).

Pense nela como um computador global que está distribuído por milhares de máquinas no mundo.

É a EVM que executa os contratos inteligentes e garante que todos os nós da rede cheguem ao mesmo resultado.

Ela funciona como uma máquina de estado:

  • cada transação muda alguma coisa na rede (saldo, dados, regras etc.);
  • cada nó repete essa execução para confirmar o novo estado;
  • todos precisam concordar, garantindo segurança e integridade.

A EVM ficou tão importante que virou padrão. Várias blockchains concorrentes copiaram sua lógica, como Polygon, Avalanche e BNB Chain.

Contratos Inteligentes (Smart Contracts)

Contratos inteligentes são programas que vivem dentro da blockchain do Ethereum.

Eles funcionam sozinhos. Quando uma condição é atendida, o código executa automaticamente — sem depender de intermediários ou aprovação manual.

O ponto mais importante é a imutabilidade: depois que um contrato é colocado na blockchain, não dá para mudar o código.

Isso traz muita confiança, porque ninguém pode alterar as regras depois que tudo está funcionando.

Gás: o combustível do ecossistema

“Gás” é a unidade que mede o custo computacional de qualquer ação na EVM.

Uma transação simples, como enviar ETH, por exemplo,  custa uma quantidade baixa de gás.

Já uma interação complexa, como trocar um ativo em uma corretora descentralizada, custa muito mais gás.

De qualquer maneira, o preço do gás é pago em ETH.

Diferença entre Ethereum e Bitcoin

A dúvida mais comum entre iniciantes é entender como Ethereum e Bitcoin se diferenciam. Embora ambos usem blockchain, eles têm objetivos completamente distintos.

  • Bitcoin: foi criado como uma alternativa ao dinheiro tradicional. Seu foco é ser um meio de troca e uma reserva de valor segura. Ele promove estabilidade, segurança e imutabilidade, sendo frequentemente comparado ao “ouro digital”.
  • Ethereum: foi criado como uma plataforma programável para contratos inteligentes. Seu objetivo é ser a infraestrutura para aplicações descentralizadas e para a Web3. Enquanto o Bitcoin prioriza estabilidade e confiabilidade, o Ethereum prioriza flexibilidade e programabilidade.

O que é construído sobre a rede do Ethereum?

A programabilidade do Ethereum abriu espaço para uma verdadeira “explosão cambriana” de inovação, permitindo o surgimento de diversos tipos de aplicações, como:

Aplicações Descentralizadas (dApps)

As dApps são aplicações cujos sistemas rodam em contratos inteligentes, não em servidores centralizados.

Elas são:

  • transparentes (código aberto);
  • imutáveis (as regras não podem ser alteradas depois de publicadas);
  • sempre disponíveis (não podem ser desligadas);
  • resistentes à censura.

Finanças Descentralizadas (DeFi)

DeFi reúne aplicações financeiras que funcionam sem bancos, corretoras ou outros intermediários. Isso porque são executados por contratos inteligentes.

Principais categorias:

  • Corretoras Descentralizadas (DEXs) – como Uniswap, que permitem negociar tokens diretamente, sem intermediários.
  • Empréstimos (Lending) – como Aave, em que usuários podem emprestar ativos para receber juros ou tomar empréstimos usando garantias.
  • Stablecoins – criptomoedas estáveis, normalmente atreladas ao dólar, como USDT.

Tokens Não Fungíveis (NFTs)

NFTs são tokens criptográficos que provam a propriedade ou autenticidade de um item digital ou físico.

Ao contrário dos tokens tradicionais — que são todos iguais entre si — , cada NFT é único e não pode ser trocado por outro.

Por causa dessa exclusividade, surgiram mercados inteiros em torno deles, como:

  • arte digital;
  • colecionáveis (CryptoKitties, Bored Ape Yacht Club);
  • itens de jogos.

Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs)

Uma DAO funciona como uma organização governada inteiramente por código, sem hierarquia tradicional. É assim:

  • as decisões são tomadas por meio de votação com tokens de governança.
  • se uma proposta é aprovada, o contrato inteligente executa automaticamente — podendo até movimentar fundos da tesouraria sem intervenção humana.

A grande transição: o “The Merge” e o Ethereum 2.0

O problema do Proof-of-Work (PoW)

No começo, o Ethereum usava o mesmo sistema do Bitcoin: o Proof-of-Work.

Nesse modelo, os mineradores competem para resolver cálculos difíceis usando computadores potentes. Quem resolve primeiro valida um bloco de transações e recebe a recompensa.

O Ethereum 1.0 usava Proof-of-Work (PoW), um sistema onde “mineradores” competem para resolverem quebra-cabeças matemáticos complexos usando hardware especializado.

O PoW é bem seguro, mas tem dois problemas claros:

  1. Consumo de energia: minerar exige muita eletricidade. Muita mesmo.
  2. Limite de escala: aumentar o poder de mineração não aumenta a capacidade da rede de processar mais transações.

Assim, surgiu a necessidade de mudar.

O que foi o “The Merge”?

O “The Merge” foi a maior atualização da história do Ethereum — a migração definitiva do Proof-of-Work para o Proof-of-Stake (PoS).

Este evento não foi uma simples atualização, mas a fusão de duas blockchains que estavam rodando em paralelo há quase dois anos, a Mainnet e a Beacon Chain.

Na prática, duas blockchains que rodavam em paralelo (a Mainnet e a Beacon Chain) foram fundidas. A Mainnet cuidava das transações. A Beacon Chain já rodava, em segundo plano, o novo mecanismo de consenso. O Merge uniu as duas.

E o que mudou?

  • No PoW: A segurança depende de mineradores gastando eletricidade para provar seu trabalho.
  • No PoS: a segurança vem de validadores que travam (fazem staking) seus próprios ETH como garantia. Para participar, é preciso bloquear 32 ETH.

Os validadores são escolhidos aleatoriamente para propor e verificar blocos.

  • se agirem corretamente, ganham recompensas.
  • se tentarem trapacear, perdem parte (ou todo) o valor em staking — o famoso slashing.

Ou seja, no PoS, ser honesto é lucrativo. Ser desonesto custa caro.

Além disso, o Marge trouxe outras vantagens importantes, como:

  • Sustentabilidade: o consumo de energia caiu cerca de 99,95%. Isso eliminou a principal crítica ambiental e ajudou a aproximar investidores institucionais.
  • Economia do ETH: a emissão de novos ETH caiu cerca de 90%. Como não existem mais mineradores gastando energia, a rede pode pagar recompensas menores — e ainda assim continuar segura.
  • Escalabilidade futura: o PoS foi a base necessária para as próximas fases de upgrade, como o sharding.

Mas vale dizer que ponto o Merge não reduziu as taxas nem acelerou as transações. Ele preparou o terreno para isso, mas não entregou essas melhorias sozinho.

O desafio da escalabilidade: camadas 2 (L2s)

O trilema da blockchain

Vitalik Buterin descreveu um problema que toda blockchain precisa enfrentar: o Trilema da Blockchain. A ideia é simples: uma rede só consegue otimizar duas das três propriedades abaixo ao mesmo tempo:

  • Descentralização: ninguém controla a rede.
  • Segurança: a rede é resistente a ataques.
  • Escalabilidade: muitas transações, baixo custo e rapidez.

O Ethereum, na camada principal (Layer 1), escolheu priorizar Segurança e Descentralização.

A consequência? Baixa escalabilidade.

Por isso, em momentos de alta demanda, a rede fica cheia e as taxas de gás sobem.

A solução: um roteiro modular (L1 + L2)

A resposta do Ethereum para esse problema não foi “tentar fazer tudo sozinho”, mas se tornar modular.

Funciona assim:

  • Layer 1 (Ethereum): é a base de segurança da rede. Tudo importante — dados, liquidação e consenso — acontece aqui. A L1 é lenta de propósito, porque prioriza segurança e descentralização.
  • Layer 2 (L2): são redes construídas em cima do Ethereum. As L2s processam transações de forma rápida e barata fora da L1, mas publicam seus resultados na L1. Com isso, elas herdam a segurança do Ethereum, mas entregam escalabilidade.

Na prática, as L2s permitem que a rede cresça sem sacrificar aquilo que a torna confiável.

Ethereum como investimento: tese, riscos e como comprar

Tese do ETH como investimento

A tese por trás do ETH é simples e poderosa. O Ethereum transformou o token nativo da rede em um ativo útil e produtivo ao mesmo tempo — algo raro no mercado cripto.

1. ETH como ativo consumível

O ETH funciona como o “combustível” do Ethereum.

Toda ação dentro da rede exige ETH:

  • enviar uma transação;
  • criar um NFT;
  • usar uma DEX;
  • participar de um protocolo DeFi.

Ou seja, quanto mais o Ethereum é usado, maior a demanda por ETH. Isso cria valor baseado no uso real da rede, e não apenas em especulação.

2. ETH como ativo produtivo

Com o Proof-of-Stake, o ETH também virou um ativo que gera renda.

Ao fazer staking, o investidor recebe um retorno em ETH, como se fossem “juros”.

Na prática, o staking transforma o ETH em um ativo produtivo — algo que aproxima o token de um investimento tradicional com fluxo de caixa.

Como comprar ETH

Para a maioria dos investidores, comprar ETH é simples e rápido.

O caminho padrão é usar uma corretora de criptomoedas (exchange):

  • Corretoras brasileiras: Mercado Bitcoin, Mynt (BTG) e Foxbit.
  • Corretoras globais: Coinbase e Binance.

O processo costuma seguir este fluxo:

  1. criar uma conta;
  2. passar pela verificação de identidade (KYC);
  3. depositar via Pix ou TED;
  4. fazer a ordem de compra dentro da plataforma.

Como Armazenar ETH (Custódia)

Depois da compra, vem a parte mais importante: onde guardar o ETH.

Manter o saldo direto na corretora é simples, mas não dá ao investidor controle total sobre as chaves privadas — que são, basicamente, a senha dos fundos.

Para quem quer mais segurança, existem dois tipos de carteiras:

Hot Wallets (Carteiras Quentes)

São carteiras conectadas à internet, como, por exemplo, MetaMask e Rabby.

São práticas para usar dApps e protocolos DeFi, mas mais vulneráveis a ataques.

Hardware Wallets (Carteiras Frias)

São dispositivos físicos, como um “pendrive” criptografado. Exemplos: Ledger e Trezor.

Por ficarem offline, são a forma mais segura de armazenar criptos.

Melhor prática

Uma combinação dos dois mundos:

  • Hardware wallet para guardar o ETH.
  • MetaMask como interface para interagir com a rede.

Assim, você opera na Web3, mas com segurança máxima.

Desafios e riscos

Investir em Ethereum oferece oportunidades, mas também traz riscos que precisam ser entendidos antes de colocar dinheiro na rede.

Risco de centralização

Apesar de ser uma rede descentralizada, o staking ainda é concentrado em poucas entidades — principalmente grandes corretoras e provedores institucionais.

Se essas empresas controlarem boa parte dos validadores, a rede pode ficar mais vulnerável a decisões centralizadas.

Incerteza regulatória

No mundo inteiro, reguladores ainda tentam definir o que o ETH realmente é:

  • uma commodity, como o Bitcoin?
  • ou um valor mobiliário?

Essa indefinição pode gerar mudanças em regras fiscais, operacionais e até na forma como exchanges oferecem o ativo.

Concorrência

O Ethereum lidera o mercado de contratos inteligentes, mas não está sozinho.

Redes como Solana, Cardano e Polkadot, por exemplo, disputam espaço oferecendo propostas focadas em velocidade, escalabilidade ou especialização.

Se alguma delas ganhar tração, a demanda por ETH pode ser impactada.

Risco de execução

O roadmap do Ethereum é grande e complexo.

Após o The Merge, a rede segue em um ciclo constante de atualizações — e qualquer falha, atraso ou mudança técnica pode afetar a confiança no ecossistema.

Volatilidade

Como toda criptomoeda, o ETH é altamente volátil.

E por ter um valor de mercado menor que o Bitcoin, seus movimentos de preço tendem a ser ainda mais intensos — tanto para cima quanto para baixo.

Conclusão

Por fim, Ethereum não existe para competir com o Bitcoin. Eles resolvem problemas diferentes.

Enquanto o Bitcoin busca ser uma reserva de valor — o “ouro digital” — o Ethereum nasceu para ser uma plataforma flexível, programável e capaz de sustentar uma nova economia digital.

Essa diferença aparece no próprio design das redes. O Bitcoin é estável e resistente a mudanças.

Já o Ethereum está sempre evoluindo. A migração para o Proof-of-Stake e o avanço das soluções de Camada 2 mostram esse compromisso com o longo prazo.

Por isso, o futuro do Ethereum não depende de substituir o Bitcoin.

Seu papel é outro: ser a base de segurança e liquidação para aplicações, serviços e mercados totalmente descentralizados. Uma espécie de infraestrutura invisível, mas essencial, que permite que a Web3 funcione.

Se a visão se cumprir, o Ethereum não será apenas uma blockchain, mas sim o alicerce tecnológico de uma nova economia global.

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