EWZ: o ETF que leva o Brasil para Wall Street

Investir nas maiores empresas brasileiras sem abrir conta na B3, sem lidar com custódia no Brasil e operando em dólares na bolsa de Nova York. Sim, isso é possível por meio do EWZ.

Em resumo, o EWZ é um ETF (fundo de índice) negociado na NYSE, a bolsa de valores de Nova York, que reúne as principais ações do mercado brasileiro.

Para investidores estrangeiros, ele é uma das formas mais simples de obter exposição ao Brasil.

Já para investidores brasileiros, a história muda — e existem alternativas que podem ser mais vantajosas.

A seguir, você vai entender o que é o EWZ, como funciona, seus prós e contras e para quem esse investimento realmente faz sentido. Acompanhe!

O que é o EWZ?

EWZ é a sigla para iShares MSCI Brazil ETF, um fundo de índice gerido pela iShares, empresa do grupo BlackRock, uma das maiores gestoras de ativos do mundo.

Esse ETF foi criado para oferecer aos investidores exposição às principais ações brasileiras de forma simples e prática.

Até 2013, ele replicava o desempenho do índice MSCI Brazil, que reúne as maiores empresas de capital aberto do país. Após essa data, ele passou a replicar o MSCI Brazil 25/50 Index.

A diferença é que o índice 25/50 impõe limites de peso para evitar que uma única ação (ou um grupo pequeno de ações) domine excessivamente o fundo, garantindo uma maior diversificação e cumprindo regras regulatórias americanas. 

O EWZ é negociado na NYSE (New York Stock Exchange), a maior bolsa de valores do mundo. Assim, qualquer investidor que tenha conta em uma corretora americana pode comprar cotas do EWZ como se fossem ações.

Cada cota do EWZ representa uma participação em uma carteira diversificada de ações brasileiras. Assim, ao comprar uma cota, você está indiretamente investindo em dezenas de empresas brasileiras ao mesmo tempo.

O fundo existe desde 2000 e é um dos ETFs de mercados emergentes mais negociados do mundo, com bilhões de dólares em ativos sob gestão.

Como funciona o EWZ?

Para entender o EWZ, é importante conhecer sua estrutura e composição.

Estrutura do ETF

O EWZ replica o índice MSCI Brazil 25/50, que é calculado pela MSCI, uma empresa global especializada em índices de mercado.

O índice MSCI Brazil 25/50 seleciona as maiores empresas brasileiras com base em capitalização de mercado ajustada pelo free float (ações disponíveis para negociação pública). 

Além disso, considera critérios de liquidez e governança corporativa. A nomenclatura 25/50 indica limites de concentração: nenhuma empresa pode representar mais de 25% do índice, e as empresas que individualmente representam mais de 5% não podem, juntas, ultrapassar 50% do peso total.

A gestora iShares compra ações dessas empresas na proporção definida pelo índice, mantendo o portfólio do ETF alinhado com o benchmark.

Dessa forma, o desempenho do EWZ acompanha de perto o desempenho do mercado acionário brasileiro.

Principais empresas do portfólio

O EWZ é altamente concentrado. Poucas empresas representam a maior parte do fundo.

As principais posições geralmente incluem:

  • Petrobras (PETR4): maior empresa de petróleo e gás do Brasil. Costuma ter o maior peso no ETF.
  • Vale (VALE3): maior mineradora do país e uma das maiores do mundo. Grande peso devido ao tamanho e liquidez.
  • Itaú Unibanco (ITUB4): maior banco privado do Brasil.
  • Bradesco (BBDC4): outro grande banco brasileiro.
  • Ambev (ABEV3): maior produtora de bebidas da América Latina.
  • Banco do Brasil (BBAS3): banco estatal com grande presença no país.

Essas seis empresas, juntas, frequentemente representam mais de 50% do EWZ. Ou seja, o desempenho do ETF é fortemente influenciado por esses poucos ativos.

Setores representados

O EWZ reflete a estrutura do mercado brasileiro, que é dominado por alguns setores específicos:

  • Financeiro: bancos como Itaú, Bradesco e Banco do Brasil têm grande peso.
  • Commodities: Vale (minério de ferro), Petrobras (petróleo), empresas de celulose e siderúrgicas.
  • Energia: além de Petrobras, há empresas de energia elétrica.
  • Consumo: Ambev, Magazine Luiza, varejistas.

Assim, o EWZ oferece uma diversificação setorial limitada, refletindo a concentração do mercado brasileiro em finanças, commodities e energia.

Por que o EWZ existe?

O EWZ foi criado para resolver um problema específico: facilitar o acesso de investidores estrangeiros ao mercado brasileiro.

Antes da popularização dos ETFs, investidores estrangeiros que queriam exposição ao Brasil enfrentavam diversas barreiras:

  • abrir conta em corretoras brasileiras;
  • regulamentações locais, custódia, câmbio;
  • custos elevados e burocracia.

O EWZ eliminou essas barreiras. Com ele, qualquer investidor americano ou internacional pode comprar exposição ao Brasil com um clique, da mesma forma que compraria ações da Apple ou Microsoft.

Para investidores globais, principalmente americanos, o Brasil representa diversificação geográfica e setorial.

O mercado brasileiro tem forte presença em commodities (minério de ferro, petróleo, celulose, agricultura), setores menos representados no mercado americano dominado por tecnologia e serviços.

Ademais, mercados emergentes como o Brasil tendem a ter ciclos econômicos diferentes dos mercados desenvolvidos. Portanto, incluir EWZ em uma carteira global pode reduzir o risco através da diversificação.

Quais são as vantagens de investir no EWZ?

Investidora analisando dados de empresas e informações do mercado brasileiro para investir em EWZ

O EWZ oferece ótimos benefícios para determinados perfis de investidores. Entre os principais, destacamos:

Simplicidade

Com uma única compra, você obtém exposição a dezenas de empresas brasileiras.

Não precisa escolher quais ações comprar, analisar balanços individuais ou acompanhar cada empresa separadamente. O ETF faz esse trabalho, replicando o índice automaticamente.

Além disso, as operações são feitas em dólares, na bolsa de Nova York. Não há necessidade de converter moeda manualmente ou lidar com sistemas brasileiros.

Liquidez

O EWZ é um dos ETFs mais líquidos de mercados emergentes.

Seu volume diário de negociação é alto, o que significa que você consegue comprar e vender cotas facilmente, sem grandes impactos no preço. Isso é especialmente importante para investidores institucionais ou para quem opera com grandes volumes.

Exposição ao Brasil sem complicação

Para investidores estrangeiros, o EWZ elimina todas as barreiras operacionais de investir diretamente na B3.

Não há necessidade de entender regulamentações brasileiras, abrir conta em corretora local, lidar com custódia ou declarar investimentos em dois países. Tudo acontece dentro do mercado americano, seguindo regras e procedimentos familiares.

Desvantagens e riscos do EWZ

Apesar das vantagens, o EWZ tem limitações e riscos que você precisa conhecer:

Alta concentração

Como mencionado, poucas empresas dominam o EWZ. Petrobras, Vale, Itaú e Bradesco frequentemente representam mais da metade do fundo.

Isso significa que o desempenho do ETF depende fortemente dessas empresas. Se Petrobras cai 10%, o impacto no EWZ é enorme. Dessa maneira, você tem menos diversificação do que parece à primeira vista.

Volatilidade elevada

O Brasil é um mercado emergente, e mercados emergentes são mais voláteis que mercados desenvolvidos.

O EWZ pode subir ou cair 5%, 10% ou mais em poucos dias, dependendo de notícias sobre política, economia, commodities ou câmbio. Assim, investir no EWZ exige alta tolerância ao risco e estômago para aguentar oscilações bruscas.

Custos

O EWZ cobra uma taxa de administração (expense ratio) de aproximadamente 0,57% ao ano.

Embora não seja altíssima, é significativa quando comparada a ETFs de mercados desenvolvidos, que cobram 0,03% a 0,10%. Além disso, há o spread cambial (diferença entre compra e venda de dólar) e eventuais taxas de corretagem.

Risco Brasil

Investir no EWZ significa assumir todos os riscos do Brasil como país, incluindo:

  • Instabilidade política: mudanças de governo, crises institucionais, escândalos de corrupção afetam o mercado.
  • Risco fiscal: dívida pública elevada, déficits, questões sobre sustentabilidade das contas públicas.
  • Dependência de commodities: o Brasil exporta muito minério de ferro, petróleo e soja. Quando os preços dessas commodities caem, a economia sofre.
  • Volatilidade cambial: o real é uma moeda volátil. Movimentos bruscos no câmbio afetam empresas exportadoras e importadoras.

Desse modo, o EWZ é um investimento de alto risco, adequado apenas para quem aceita essa volatilidade em troca do potencial de retorno.

EWZ x investir diretamente em ações brasileiras

Para brasileiros, surge uma questão importante: vale mais a pena investir no EWZ ou comprar ações diretamente na B3?

Quando o EWZ faz sentido?

O EWZ faz sentido principalmente para investidores estrangeiros que querem exposição ao Brasil sem as complicações operacionais de investir diretamente na B3.

Para brasileiros com conta internacional, o EWZ pode fazer sentido se você quer:

  • manter patrimônio em dólares (proteção cambial);
  • simplicidade de ter uma carteira brasileira em um único ativo;
  • operar no mercado americano, onde você já tem estrutura.

Quando investir direto na B3 é melhor?

Para a maioria dos brasileiros, investir diretamente em ações na B3 é mais vantajoso:

  • Isenção de Imposto de Renda: vendas de ações até R$ 20 mil por mês são isentas de IR. Essa isenção não existe ao investir no EWZ.
  • Mais opções de ativos: na B3, você pode escolher entre centenas de ações, fundos imobiliários, ETFs, títulos de renda fixa. O EWZ limita você às empresas do índice MSCI Brazil.
  • Menor custo operacional: não há taxa de administração do ETF, não há spread cambial, e você pode usar corretoras com taxa zero.
  • Dividendos isentos: dividendos recebidos de ações brasileiras são isentos de IR para pessoa física. No EWZ, os dividendos sofrem tributação nos EUA antes de serem distribuídos.

Portanto, para brasileiros residentes no Brasil, investir diretamente na B3 costuma ser mais eficiente do ponto de vista tributário e operacional.

Desempenho histórico do EWZ

O EWZ tem uma história de alta volatilidade, refletindo as oscilações do mercado brasileiro.

Volatilidade

O EWZ já passou por grandes altas e quedas ao longo de sua história.

Durante o “boom” das commodities nos anos 2000, o ETF valorizou fortemente. No entanto, com a crise de 2008, despencou junto com mercados globais.

Nos anos 2010, enfrentou períodos de baixa devido à recessão brasileira, crise política e queda nos preços das commodities. Em 2020, durante a pandemia, caiu drasticamente, mas depois se recuperou.

Além disso, anos recentes mostraram recuperação, mas com volatilidade constante, refletindo incertezas políticas e econômicas do país.

Correlação com commodities

O desempenho do EWZ está fortemente correlacionado com os preços das commodities, especialmente petróleo e minério de ferro.

Quando o petróleo sobe, Petrobras valoriza, puxando o EWZ para cima. Quando o minério de ferro cai, Vale despenca, arrastando o ETF para baixo.

Em função disso, acompanhar os mercados de commodities é essencial para entender os movimentos do EWZ.

Impacto do câmbio

Investir no EWZ envolve dupla exposição cambial.

Você compra o ETF em dólares, mas ele investe em ações cotadas em reais. Assim, o retorno final depende tanto da valorização das ações brasileiras quanto da variação do real frente ao dólar.

Se as ações brasileiras sobem 10% em reais, mas o real se desvaloriza 5% frente ao dólar, seu retorno em dólares será menor. Por outro lado, se o real se valoriza, seu retorno em dólares aumenta.

Essa dupla exposição adiciona complexidade e volatilidade ao investimento.

Como investir no EWZ do Brasil?

Investidor acompanhando comportamento de ativos-brasileiros após abri posições com carteira diversificada

Brasileiros têm algumas opções para investir no EWZ:

Conta internacional

A forma mais direta é abrir conta em uma corretora internacional (como Interactive Brokers, Avenue, Stake, TD Ameritrade) e comprar cotas do EWZ diretamente na NYSE.

Você transfere dólares para a corretora e compra o ETF como compraria qualquer ação americana. Porém, é necessário declarar esses investimentos no Imposto de Renda e pagar impostos sobre ganhos de capital conforme a legislação brasileira.

BDRs

Existe um BDR do EWZ negociado na B3, com o código EWZ34.

BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são certificados que representam ativos estrangeiros negociados no Brasil. Ao comprar EWZ34, você está investindo no EWZ através de um certificado lastreado nas cotas do ETF.

A vantagem é operar em reais, na B3, sem precisar de conta internacional. Contudo, há custos adicionais (taxa de custódia do BDR, spread cambial) e menor liquidez comparado ao EWZ original.

Fundos que investem em EWZ

Alguns fundos multimercados ou fundos de ações internacionais disponíveis no Brasil podem ter posições em EWZ.

Nesses fundos, você delega a gestão para profissionais que decidem a alocação. Em contrapartida, você paga taxa de administração e, muitas vezes, taxa de performance.

Para quem o EWZ é indicado?

O EWZ não é para todo mundo. Veja os perfis para quem faz mais sentido:

Investidores estrangeiros

Se você não é brasileiro e quer exposição ao mercado brasileiro, o EWZ é a forma mais simples e eficiente.

Você não precisa entender regulamentações locais, abrir conta no Brasil ou lidar com sistemas desconhecidos. Tudo acontece no mercado americano, que você já conhece.

Brasileiros com conta internacional

Se você já investe no exterior e quer manter parte do patrimônio em ativos brasileiros cotados em dólares, o EWZ pode fazer sentido.

Contudo, avalie se não seria mais vantajoso investir diretamente na B3, aproveitando isenções fiscais e menor custo operacional.

Perfil de risco

O EWZ é para investidores com alta tolerância ao risco e horizonte de longo prazo.

A volatilidade é elevada. Quedas de 20%, 30% ou mais podem acontecer em poucos meses.

Portanto, você precisa estar preparado psicologicamente e financeiramente para suportar essas oscilações sem vender no pânico.

Ademais, o EWZ não é indicado para quem busca estabilidade ou renda passiva previsível.

Perguntas frequentes

EWZ paga dividendos?

Sim. O EWZ distribui dividendos recebidos das empresas brasileiras aos cotistas. Por outro lado, esses dividendos são tributados nos EUA antes da distribuição. Para investidores brasileiros, há acordo de reciprocidade que permite compensar parte desse imposto, mas o processo é burocrático e reduz o rendimento líquido comparado a receber dividendos diretamente de ações na B3.

Qual a taxa de administração do EWZ?

O EWZ cobra uma taxa de administração (expense ratio) de aproximadamente 0,59% ao ano. Essa taxa é deduzida automaticamente do patrimônio do fundo e já está refletida no preço das cotas. É uma taxa relativamente alta comparada a ETFs de mercados desenvolvidos, refletindo a complexidade e os custos de operar em mercados emergentes.

Vale a pena investir no EWZ sendo brasileiro?

Para a maioria dos brasileiros, não. Investir diretamente em ações na B3 oferece vantagens tributárias significativas (isenção de IR até R$ 20 mil/mês, dividendos isentos), menor custo operacional e mais opções de ativos. O EWZ faz mais sentido para brasileiros que já têm conta internacional e querem manter parte do patrimônio em dólares com exposição ao mercado brasileiro.

Conclusão

Por fim, o EWZ é uma excelente alternativa para investidores estrangeiros que querem exposição ao mercado brasileiro sem complicações operacionais.

Ele oferece simplicidade, liquidez e acesso a dezenas de empresas brasileiras em uma única compra. Mas também traz alta concentração, volatilidade elevada e custos que precisam ser considerados.

Para brasileiros, a história é diferente. Na maioria dos casos, investir diretamente em ações na B3 é mais vantajoso do ponto de vista tributário e operacional.

Em outras palavras, o EWZ faz mais sentido para quem já investe no exterior e quer manter patrimônio em dólares.

Antes de investir, avalie seu perfil de risco, seus objetivos e se você está preparado para a volatilidade característica dos mercados emergentes.

O EWZ pode ser uma adição interessante a uma carteira diversificada, mas não deve ser a única aposta.

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