Juros compostos: conceito, cálculo e aplicação

O conceito de juros compostos é um dos pilares das finanças modernas.

Ele explica como o rendimento de um investimento se acumula ao longo dos meses e anos e por que o fator “tempo” faz tanta diferença nos resultados.

Neste artigo, você vai entender o que são juros compostos, como calculá-los e como aplicá-los na prática para maximizar seus resultados.

O que são juros compostos?

Em resumo, juros compostos são o resultado dos juros gerando novos juros ao longo do tempo.

Em vez de considerar apenas o valor inicial (o principal), o cálculo inclui também os rendimentos já obtidos — e é sobre esse total acumulado que os novos juros incidem.

É o que diferencia os juros compostos dos juros simples.

Nos simples, os juros são sempre calculados apenas sobre o valor original. Já nos compostos, o crescimento é exponencial, pois cada novo rendimento aumenta a base de cálculo do período seguinte.

Para visualizar, imagine um investimento inicial de R$ 1.000 com rendimento de 10% ao ano, por exemplo.

No fim do primeiro ano, o valor sobe para R$ 1.100. 

No segundo ano, o rendimento de 10% incide sobre R$ 1.100, e não mais sobre os R$ 1.000 iniciais — totalizando R$ 1.210.

Esse processo se repete, e cada novo período faz o montante crescer sobre uma base cada vez maior.

Perceba como o ganho não cresce em linha reta, mas em ritmo acelerado — o que chamamos de efeito dos juros sobre juros.

Não à toa, Albert Einstein teria dito que os juros compostos são “a oitava maravilha do mundo” e que “quem o entende, ganha, mas quem não entende, paga”.

O ponto é: com conhecimento, tempo e disciplina, pequenos investimentos podem se transformar em grandes resultados por meio dos juros compostos.

Como funcionam os juros compostos na prática?

Em um cenário de juros compostos, o montante final (M) é calculado pela fórmula:

M = P × (1 + i)^n

Onde:

  • M é o montante final (o valor total acumulado),
  • P é o principal (valor inicial),
  • i é a taxa de juros por período,
  • n é o número de períodos.

A ideia é simples: a cada período, o montante cresce com base no valor anterior, incluindo os juros que já foram acumulados. Quanto maior a taxa de juros (i) ou o número de períodos (n), maior será o crescimento do investimento.

Exemplo prático:

Suponha que você invista R$ 1.000 a 10% ao ano por 3 anos.

O cálculo do montante seria:

M = 1.000 × (1 + 0,10)^3 = 1.000 × 1,331 = R$ 1.331

Ou seja, em 3 anos, os juros sobre juros fizeram seu dinheiro crescer R$ 331 além do valor inicial.

Diferença entre juros simples e compostos

principal diferença entre juros simples e compostos está na forma como se calculam os juros.

  • Juros simples: os juros incidem apenas sobre o valor inicial (P). Eles não se acumulam ao longo do tempo.
  • Juros compostos: calculam os juros sobre o valor total acumulado (P + juros anteriores), gerando o famoso efeito de juros sobre juros.

Por exemplo, se você investir R$ 1.000 a 10% ao ano por 3 anos, esses seriam os cenários:

Juros simples

  • 1º ano: 1.000 × 10% = 100 → total: 1.100
  • 2º ano: 1.000 × 10% = 100 → total: 1.200
  • 3º ano: 1.000 × 10% = 100 → total: 1.300

Juros compostos

  • 1º ano: 1.000 × 10% = 100 → total: 1.100
  • 2º ano: 1.100 × 10% = 110 → total: 1.210
  • 3º ano: 1.210 × 10% = 121 → total: 1.331

Ou seja, ao final de 3 anos, a diferença já é de R$ 31 a mais com juros compostos.

Veja no gráfico abaixo como o crescimento dos juros compostos se acelera em comparação aos juros simples:

Gráfico mostrando com juros simples e juros compostos evoluem com o tempo
Fonte: Faz a conta

O poder dos juros compostos no longo prazo

O grande diferencial dos juros compostos está no tempo de aplicação. Quanto mais períodos o dinheiro permanecer investido, maior será o efeito dos juros sobre juros, multiplicando o valor acumulado de forma exponencial.

Uma maneira interessante para entender isso é o paradoxo de Aquiles e a tartaruga, aplicado às finanças.

Na história, Aquiles dá uma vantagem inicial à tartaruga em uma corrida. Mesmo sendo muito mais rápido, ele demora a alcançá-la porque precisa “recuperar o tempo perdido” — e a cada passo, a tartaruga já avançou um pouco mais.

No mundo dos investimentos, acontece algo parecido: quem começa antes sai na frente.

Mesmo com uma taxa menor, um investimento iniciado antes pode superar outro com taxa maior que começou depois.

Isso acontece porque os juros compostos dependem do número de períodos de capitalização, não apenas da taxa aplicada.

Por exemplo:

  • Investimento A: R$ 10.000 a 5% ao ano, iniciado hoje.
  • Investimento B: R$ 10.000 a 8% ao ano, iniciado 10 anos depois.

Após 40 anos, o investimento A terá passado por mais ciclos de capitalização (40 anos) do que o investimento B (30 anos), fazendo com que seu montante final seja maior, mesmo com taxa inferior.

O tempo extra permite que os juros sobre juros se multipliquem de forma exponencial.

Por isso, ao investir, aproveite seu maior aliado: o tempo. Quanto mais cedo você começa, mais seu dinheiro cresce com os juros sobre juros.

Conclusão

Por fim, os juros compostos são uma das ferramentas mais essenciais das finanças.

Eles mostram que o tempo é o principal aliado de quem investe com constância e visão de longo prazo.

Pequenas quantias aplicadas de forma disciplinada podem se transformar em retornos expressivos quando os rendimentos começam a gerar novos rendimentos.

Da mesma forma, o mecanismo ajuda a evitar o efeito inverso, em que as dívidas crescem rapidamente justamente pelo acúmulo de juros sobre juros.

Em resumo, os juros compostos são uma força de aceleração. Seja para fazer o dinheiro trabalhar para você, seja para entender como não deixá-lo trabalhar contra.

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