Warren Buffett recomenda que a maioria dos investidores coloque dinheiro em fundos de índice do S&P 500. Bilionários alocam parte significativa do patrimônio nesse índice. Gestores profissionais raramente conseguem superá-lo consistentemente. Para investir nessa estratégia, o SPY é a forma mais líquida e uma das mais acessíveis.
Desde seu lançamento, em 1993, o SPY acumulou trilhões de dólares em patrimônio e movimenta bilhões diariamente. É o ETF mais negociado do mundo, com volume superior ao da maioria das ações individuais.
Mas liquidez não é o único atrativo. O produto oferece exposição às 500 maiores empresas americanas em uma só compra. Apple, Microsoft, Amazon, Google, Tesla, entre outras. Todas reunidas no mesmo ticker.
Além disso, a taxa de administração é inferior a 0,10% ao ano e, no longo prazo, sua performance histórica supera a maioria dos gestores ativos.
A seguir, entenda como o SPY funciona, como acessá-lo a partir do Brasil e se ele faz sentido para sua carteira!
O que é o SPY?
Em resumo, SPY é um fundo de índice negociado em bolsa que replica o desempenho do índice S&P 500.
Trata-se do primeiro ETF lançado nos Estados Unidos e continua sendo o maior do mundo em volume de negociação.
O SPY é gerido pela State Street Global Advisors e negociado na NYSE Arca, uma das bolsas americanas.
Quando você compra uma cota do SPY, está adquirindo uma fração proporcional das 500 empresas que compõem o S&P 500.
Assim, o SPY funciona como um atalho para investir em uma carteira diversificada das maiores companhias americanas.
História e criação do SPY
O SPY foi lançado em 29 de janeiro de 1993, revolucionando o mercado financeiro.
Antes disso, investidores individuais tinham dificuldade para replicar índices amplos.
Precisavam comprar centenas de ações individuais ou investir em fundos mútuos com taxas elevadas e baixa liquidez.
O SPY mudou esse cenário. Pela primeira vez, investidores podiam negociar o S&P 500 como se fosse uma ação, ao longo de todo o pregão.
O produto foi criado pela American Stock Exchange em parceria com a State Street, que já tinha experiência em gestão passiva.
Inicialmente, havia ceticismo. Muitos acreditavam que investidores não se interessariam por um produto tão simples.
No entanto, o SPY cresceu exponencialmente. Hoje administra centenas de bilhões de dólares e é referência global em ETFs.
Por que o SPY é tão popular?
A popularidade do SPY vem de múltiplos fatores combinados.
- Liquidez excepcional: o SPY negocia volume superior a US$ 30 bilhões diariamente. Assim, você consegue comprar ou vender milhões de dólares sem impactar significativamente o preço.
- Simplicidade: investir no SPY é mais simples que escolher ações individuais. Você obtém exposição ao mercado americano inteiro com um clique.
- Custos baixos: a taxa de administração é de apenas 0,0945% ao ano. Muito inferior a fundos ativos que cobram 1% a 2% ou mais.
- Histórico comprovado: ao longo de décadas, o S&P 500 entregou retornos médios próximos de 10% ao ano. O SPY replica esse desempenho fielmente.
- Referência de mercado: gestores, analistas e investidores usam o SPY como benchmark. É a medida padrão de desempenho do mercado americano.
Dessa forma, o SPY se tornou infraestrutura essencial do mercado financeiro global.
Como funciona o SPY?
Composição do portfólio
O SPY mantém ações de 500 empresas americanas de grande capitalização.
Elas são selecionadas por um comitê da S&P Dow Jones Indices com base em critérios específicos: tamanho, liquidez, lucratividade e representatividade setorial.
A composição do portfólio é ponderada por capitalização de mercado. Ou seja, empresas maiores têm peso maior no índice.
Só que existem limites: nenhuma empresa pode representar uma fatia desproporcional que desequilibre o índice.
O SPY rebalanceia automaticamente conforme o índice S&P 500 muda. Empresas que crescem ganham peso, enquanto aquelas que perdem relevância são substituídas.
Replicação do S&P 500
O SPY segue o S&P 500 por meio de replicação física, comprando efetivamente as ações das 500 empresas do índice nas mesmas proporções.
O fundo não utiliza derivativos nem estratégias sintéticas; sua carteira espelha exatamente a composição do S&P 500.
Essa abordagem garante tracking error (erro de rastreamento) mínimo, com desempenho acompanhando o índice com diferença inferior a 0,10% ao ano.
Ou seja, ao investir no SPY, você sabe exatamente o que está recebendo: o retorno do S&P 500, descontada uma taxa ínfima.
Principais empresas do SPY
As maiores posições do SPY concentram-se em gigantes tecnológicos e empresas consolidadas.
Atualmente, as principais empresas incluem:
- Apple: maior empresa do mundo por capitalização de mercado. Peso significativo no índice.
- Microsoft: líder em software corporativo e computação em nuvem.
- Amazon: dominante em e-commerce e infraestrutura de nuvem (AWS).
- Nvidia: líder em chips para inteligência artificial e GPUs.
- Alphabet (Google): domínio em buscas, publicidade digital e diversas tecnologias.
- Meta (Facebook): redes sociais e realidade virtual.
- Tesla: líder em veículos elétricos.
As dez maiores posições geralmente representam cerca de 30% a 35% do índice. Assim, o desempenho dessas empresas impacta significativamente o retorno do SPY.
Setores representados
O SPY oferece diversificação setorial ampla, refletindo a economia americana.
Os principais setores incluem:
- Tecnologia da Informação: maior fatia, com aproximadamente 28% a 30% do índice.
- Financeiro: bancos, seguradoras e gestoras. Cerca de 13% do índice.
- Saúde: farmacêuticas, biotecnologia e equipamentos médicos. Aproximadamente 12%.
- Consumo discricionário: cerca de 10%.
- Comunicação: aproximadamente 9%.
- Industriais: cerca de 8%.
Os demais setores (energia, utilities, imobiliário, materiais básicos) completam o portfólio.
Essa diversificação protege contra choques setoriais específicos, embora o peso elevado de tecnologia seja uma característica marcante.
Vantagens de investir no SPY

Investir no SPY oferece grandes vantagens, principalmente para iniciantes ou quem busca diversificação global. Entre as principais, destacamos:
Diversificação instantânea
Com uma única cota do SPY, você investe simultaneamente em 500 empresas.
Essa diversificação reduz drasticamente o risco específico de cada companhia. Se uma empresa enfrenta problemas, as outras 499 compensam.
Ademais, a diversificação setorial protege contra crises em setores isolados.
Construir manualmente uma carteira com 500 ações seria inviável para a maioria dos investidores, tanto pelo capital necessário quanto pela complexidade operacional.
O SPY resolve isso instantaneamente.
Liquidez excepcional
O SPY é o ETF mais líquido do mercado americano, com volume diário superior a US$ 30 bilhões.
Isso permite comprar ou vender praticamente qualquer quantidade com facilidade, com spread muito baixo — geralmente apenas alguns centavos.
Para investidores institucionais, essa liquidez é crucial; para investidores individuais, garante execuções eficientes sem slippage.
Portanto, o SPY oferece uma flexibilidade operacional incomparável.
Custos baixos
A taxa de administração do SPY é de 0,0945% ao ano, ou aproximadamente US$ 0,95 para cada US$ 1.000 investidos.
Comparado com fundos ativos que cobram 1% a 2% ao ano, a economia é significativa.
Ao longo de décadas, essa diferença de custos se acumula através dos juros compostos. Um fundo que cobra 1,5% a mais terá desempenho drasticamente inferior no longo prazo, mesmo que entregue retornos brutos semelhantes.
Desse modo, custos baixos são vantagem estrutural permanente do SPY.
Histórico de rentabilidade consistente
O S&P 500, e por consequência o SPY, tem histórico de longo prazo impressionante.
Desde 1957 (criação do S&P 500), o índice entregou retorno médio anual próximo de 10%, incluindo dividendos reinvestidos.
Houve períodos ruins (crise de 2008, estouro da bolha pontocom em 2000, pandemia em 2020). Entretanto, investidores que mantiveram posições no longo prazo foram recompensados.
O SPY captura esse desempenho fielmente, tornando-se veículo confiável para construção de patrimônio ao longo do tempo.
Riscos do SPY
É claro que também há riscos ao investir no SPY que o investidor precisa estar atento. Os principais são:
Concentração no mercado americano
O SPY investe exclusivamente em empresas americanas.
Isso significa exposição concentrada à economia dos Estados Unidos. Se a economia americana enfrenta recessão prolongada, seu investimento sofre.
Não há diversificação geográfica. Mercados emergentes, Europa, Ásia ficam fora do portfólio.
Assim, apesar da diversificação dentro dos EUA, há concentração geográfica que representa risco.
Contudo, investidores podem contornar isso ao combinar o SPY com ETFs de outras regiões.
Exposição cambial
Para brasileiros, investir no SPY significa exposição ao dólar.
Se o dólar se valoriza frente ao real, você ganha duplamente: valorização do SPY mais ganho cambial.
Por outro lado, se o dólar cai, mesmo que o SPY suba em dólares, você pode ter retorno reduzido ou até prejuízo quando convertido para reais.
Assim, a variação cambial adiciona volatilidade ao investimento.
Alguns investidores veem isso como vantagem (proteção contra desvalorização do real), enquanto outros preferem evitar exposição cambial.
Impossibilidade de superar o S&P 500
O SPY replica o S&P 500. Assim, nunca vai superá-lo.
Se você acredita que consegue escolher ações vencedoras ou contratar gestor capaz de bater o mercado, o SPY não é a ferramenta certa.
Mas lembre-se: pouquíssimos gestores superam o S&P 500 consistentemente após descontar taxas.
Então, essa “limitação” é também realismo. Você aceita o retorno do mercado, que historicamente supera a maioria das tentativas de superá-lo.
Como investir no SPY do Brasil?

Existem pelo menos três formas diferentes de investir no SPY estando no Brasil: corretoras internacionais, BDRs e ETFs brasileiros que replicam o S&P 500. Entenda abaixo!
Através de corretoras internacionais
A forma mais direta de investir no SPY é abrir conta em uma corretora americana.
Corretoras como Interactive Brokers, TD Ameritrade e outras aceitam investidores brasileiros.
Você transfere dólares para a conta, compra cotas do SPY e mantém custodiadas no exterior.
- Vantagens: acesso direto ao produto original, taxas baixas, variedade de outros ativos americanos disponíveis.
- Desvantagens: burocracia para abertura de conta, necessidade de declarar investimentos no exterior no IR, custos de transferência internacional.
Através de BDRs
BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são certificados negociados na B3 que representam ativos no exterior.
Existe um BDR do SPY negociado na bolsa brasileira. O ticker é S1PY34.
Comprando S1PY34, você obtém exposição a esse ETF sem precisar abrir conta internacional.
- Vantagens: simplicidade, negociação em reais, sem necessidade de enviar dinheiro para fora.
- Desvantagens: liquidez menor que o SPY original, possibilidade de spread mais alto, custos adicionais de estrutura do BDR.
ETFs brasileiros que replicam o S&P 500
Existem ETFs listados na B3 que replicam o índice S&P 500.
O IVVB11 (iShares S&P 500) é um exemplo popular. Ele replica o mesmo índice que o SPY, mas é negociado no Brasil.
Funciona de forma semelhante ao BDR, oferecendo praticidade para investidores que preferem operar localmente.
Enfim, brasileiros têm múltiplas formas de acessar o S&P 500, cada uma com vantagens e desvantagens específicas.
SPY x outros ETFs de S&P 500
Além do SPY, existem outros ETFs que replicam o S&P500. Eles podem ser mais vantajosos dependendo do seu perfil e objetivos. Veja:
SPY vs VOO (Vanguard)
O VOO é o ETF da Vanguard que também replica o S&P 500.
A principal diferença é a taxa de administração. O VOO cobra 0,03% ao ano, significativamente menos que os 0,0945% do SPY.
Entretanto, o SPY tem liquidez muito superior. Para investidores que fazem operações frequentes ou movimentam grandes volumes, a liquidez do SPY compensa a taxa maior.
Para investidores de longo prazo que compram e mantêm, o VOO pode ser mais vantajoso devido à taxa menor.
SPY vs IVV (iShares)
O IVV é o ETF da iShares (BlackRock) que replica o S&P 500.
A taxa de administração do IVV é de 0,03% ao ano, igual ao VOO.
Novamente, a diferença está na liquidez. O SPY negocia volume muito maior, enquanto o IVV tem liquidez intermediária.
Em termos de performance, os três ETFs (SPY, VOO, IVV) entregam retornos praticamente idênticos, pois todos replicam o mesmo índice.
Qual escolher?
A escolha depende do seu perfil:
- SPY: ideal para traders ativos, investidores que operam grandes volumes ou quem valoriza liquidez máxima.
- VOO ou IVV: melhores para investidores de longo prazo focados em buy and hold, que priorizam taxas mínimas.
Para a maioria dos investidores brasileiros acessando via BDR ou corretora internacional, a diferença de taxa é negligível no longo prazo.
O importante é escolher um dos três e manter consistência.
Tributação do SPY para brasileiros
Imposto de renda sobre ganhos de capital
A Lei nº 14.754/2023 mudou completamente a tributação de investimentos no exterior para brasileiros a partir de 2024.
- Antes da Lei 14.754/2023: ganhos de capital eram pagos mensalmente via DARF.
- Desde 2024: tanto ganhos de capital quanto dividendos são apurados e tributados uma vez por ano na Declaração de Ajuste Anual (DIRPF), à alíquota fixa de 15%.
Isso gera diferimento fiscal. Se você vende SPY com lucro em janeiro, só pagará o imposto entre março e maio do ano seguinte, durante o período de declaração.
Você deve calcular o ganho em reais, considerando a variação cambial entre a compra e a venda.
Não há isenção para vendas abaixo de determinado valor, como acontece com ações na B3.
Assim, mantenha um controle rigoroso de todas as operações e dos rendimentos recebidos para informar corretamente na declaração anual.
Declaração de ativos no exterior
Se você investe no SPY através de corretora internacional, deve declarar esses ativos na ficha “Bens e Direitos” da sua declaração anual.
Importante sobre conversão cambial: o valor de aquisição deve ser mantido pelo custo histórico em reais (o valor que você pagou na data da compra). Você NÃO atualiza esse valor pela cotação de 31 de dezembro a cada ano.
A variação cambial só é tributada quando você vende o ativo, sendo incluída no ganho de capital total.
Capitais Brasileiros no Exterior (CBE)
A declaração CBE junto ao Banco Central tem regras específicas:
- CBE anual: obrigatória para quem possui ativos no exterior que totalizem US$ 1 milhão ou mais em 31 de dezembro.
- CBE trimestral: obrigatória apenas para quem possui ativos que totalizem US$ 100 milhões ou mais.
A maioria dos investidores individuais só precisa se preocupar com a CBE anual, caso ultrapasse o limite de US$ 1 milhão.
Come-cotas não existe para SPY
Uma vantagem do SPY em relação a fundos brasileiros é a ausência de come-cotas.
No Brasil, fundos tradicionais têm antecipação semestral de imposto de renda (come-cotas de 15%).
O SPY, por ser ETF americano, não sofre essa tributação antecipada semestral. O imposto é calculado apenas uma vez ao ano, na Declaração de Ajuste Anual.
Dessa forma, o capital pode permanecer mais tempo investido ao longo do ano, potencializando juros compostos.
Perguntas frequentes
Quanto custa uma cota do SPY?
O preço de uma cota varia conforme o S&P 500, atualmente entre US$ 600 e US$ 700. Corretoras americanas permitem compra fracionada, possibilitando investir a partir de US$ 10 ou US$ 20. Ou seja, não é necessário comprar uma cota inteira para começar.
O SPY paga dividendos?
Sim, distribui dividendos trimestralmente recebidos das empresas do S&P 500. O dividend yield médio é cerca de 1% ao ano. É um complemento ao retorno total e pode ser reinvestido automaticamente, potencializando os juros compostos.
Vale a pena investir no SPY morando no Brasil?
O SPY oferece diversificação internacional e exposição ao dólar, protegendo contra desvalorização do real. Porém, envolve tributação e declaração de ativos no exterior. Faz sentido para quem busca longo prazo e carteira diversificada; iniciantes podem começar com investimentos locais antes de investir nesse ETF.
Conclusão
Por fim, o SPY te permite investir de forma prática nos EUA, oferecendo liquidez, diversificação e custos baixos.
É uma porta de entrada excelente para diversificar seu patrimônio na economia mais robusta e inovadora do planeta.
Além disso, o SPY não é uma aposta arriscada em empresas desconhecidas. É exposição sistemática às 500 maiores corporações americanas.
Apple, Microsoft, Amazon — empresas que definem tecnologia, consumo e inovação globalmente. Tudo dentro de um único ticker, com custos ínfimos e liquidez ilimitada.
Abra sua posição o quanto antes, seja via corretora internacional, BDR ou ETF local, e comece a diversificar geograficamente de forma estratégica.
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