Cenário econômico norte-americano: o que de mais importante aconteceu no mês de março

A agenda econômica do mês de março foi intensa. Além da reunião do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, foram divulgados novos dados sobre confiança dos consumidores e de payroll (dados sobre o mercado de trabalho). 

Em 16 de março o Federal Reserve anunciou o aumento de 0,25 pontos percentuais na taxa de juros dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que já sinalizou mais aumentos em 2022. Desde 2021 o Federal Reserve tem procurado traçar uma política monetária que possibilite reduzir a inflação sem frear bruscamente a atividade econômica do país – em uma busca por um “soft landing”. Já sabemos que iremos verificar aumentos nas taxas de juros em todas as próximas reuniões de 2022, mas ainda não sabemos qual será o ritmo.

A inflação persistente e em níveis elevados sugere um ritmo de aumento mais acelerado do que o antecipado pelo Fed. A invasão da Rússia pela Ucrânia, que tende a impulsionar a inflação no mercado de commodities, tende a gerar pressões inflacionárias ainda maiores. O Citigroup espera aumentos de 0,5 pontos percentuais para as reuniões de maio e junho, já estimando uma taxa de juros terminal de até 3,5%-3,75% em 2023.

Além da reunião do Fed, houve a divulgação do número de pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos. Foram 187 mil pedidos de seguro-desemprego em março, abaixo da expectativa do mercado (210 mil), e sendo o menor número dos últimos 3 meses. Os dados reforçam que a economia norte americana continua superaquecida e em condição de pleno emprego. Para colocar em perspectiva, é o menor nível de pedidos de seguro-desemprego desde 1969.

Entretanto, números como este pressionam ainda mais a inflação, pois as empresas tendem a oferecer salários cada vez maiores na busca por novos funcionários, aumentando a pressão nas margens das empresas, que são forçadas a repassar pelo menos parte deste aumento aos consumidores.

Por fim, outro indicador importante para a economia norte-americana é o índice de sentimento do consumidor (atualizado mensalmente pela Universidade de Michigan). Em março, o indicador atingiu 59,4, um dos piores números para a última década. O pessimismo dos consumidores com a inflação foi o principal driver para essa piora.

Assim, o acompanhamento durante os próximos meses continua sendo extremamente relevante para que o investidor possa tomar as melhores decisões para sua carteira de investimentos.

Guilherme Morais

Analista CNPI 2682

@guilhermeammorais

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