Os investidores estão discutindo nos últimos dias a possibilidade da MRV quebrar os covenants. Os covenants são termos de garantia em contratos de financiamento ou empréstimos cujo objetivo é aplicar algumas obrigações ao tomador de empréstimo, nesse caso, a empresa MRV.
Basicamente, a MRV não pode ultrapassar 0,65x o indicador de endividamento (Dívida Líquida + Propriedades a pagar)/ Patrimônio líquido). No gráfico, podemos visualizar que a MRV atingiu 0,57x no 3T22.
Os convenants estão geralmente ligados a indicadores de endividamento das empresas, no qual as instituições financeiras impõem um limite máximo para terem alguma garantia de que a empresa conseguirá cumprir suas obrigações. Caso essas obrigações não sejam cumpridas, a empresa pode ter problemas em sua estrutura de capital.
Nos últimos trimestres, a MRV vem apresentando uma forte queima de caixa e uma velocidade de vendas baixa, levando a um indicador dívida/patrimônio líquido de 65% atualmente, preocupando os investidores. No gráfico abaixo, podemos visualizar a evolução expressiva do endividamento da companhia.
Entretanto, acreditamos que o risco da MRV quebrar os covenants é relativamente baixo. Primeiramente, vale lembrar que o financiamento dos projetos da Resia (subsidiária dos EUA) não impactam os covenants da dívida da MRV, e daqui para frente a subsidiária irá crescer sem aportes da MRV, apenas via própria reciclagem de ativos. Outro ponto é que a companhia possui diversas formas de monetizar como, por exemplo, a opção de vender landbank já que no ano de 2023 o objetivo não será crescimento.
Por fim, apesar do cenário desafiador no curto prazo, há uma expectativa clara de melhora na geração de caixa da companhia ao longo de 2023, visto que a MRV vem conseguindo elevar o preço de venda e recuperar a margem bruta. Em conjunto, a MRV anunciou o lançamento do Pine Ridge na Flórida, com previsão de venda para o 2T23, o que deve ajudar bastante na geração de caixa. A empresa também deve ser beneficiada pelas mudanças que houve no MCMV com objetivo de melhorar o financiamento para as classes mais baixas.
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Lucas Lima
