Entenda o que é antifragilidade e como ela pode ser aplicada nos investimentos

A estratégia de investimento antifrágil foi criada pelo matemático e filósofo Nassim Nicholas Taleb por meio do seu livro  “Antifrágil: Coisas que se beneficiam com o Caos”, lançado em 2012. Em primeiro lugar, é interessante destacar que a palavra foi realmente criada pelo financista libanês, não havendo formalmente nos dicionários de língua portuguesa ou inglesa, por exemplo.

A princípio, podemos definir ”frágil” como algo que se quebra ou se despedaça facilmente. Intuituivamente, seria esperado pensar que o oposto de frágil poderia ser “robusto” ou “resiliente”, porém Tabeb não concorda com essa definição. Segundo o pensador, a  antifragilidade está além da resiliência ou da robustez, já que o resiliente tem a capacidade de resistir a choques, permanecendo o mesmo, ao contrário do antifragil, que além de se recuperar diante da adversidade, torna-se mais forte. 

Assim, a antifragilidade manifesta-se diante do caos e da desordem. Naturalmente, esse conceito formulado pelo acadêmico libanês é abstrato e pode ser aplicado na vida pessoal, no empreendedorismo, assim como nos investimentos financeiros, que é o nosso foco.

Por exemplo, vamos supor que uma determinada companhia teve seus demonstrativos contábeis fraudados por sua administração e o mercado, após descobrir as irregularidades, penalizou fortemente as ações. A empresa imaginária estaria submersa numa grave crise de credibilidade perante os agentes do mercado financeiro, porém, após todos esses eventos traumáticos, uma nova gestão fez um profundo e abrangente processo de restruturação.        

Assim, a companhia hipotética passou a ter balanços atualizados, transparentes, críveis, realizou o pagamento de débitos antigos e lançou novos produtos bem avaliados no mercado. Nesse caso, é possível dizer que essa organização é antifrágil no sentido que conseguiu usar suas adversidades momentâneas em benefício próprio, tornando-se uma empresa mais forte do que era antes da crise na qual foi submersa.

Entre as principais ideias de Taleb, podemos citar a estratégia Barbell, de acordo com a qual se deve alocar a maior parte dos recursos em investimentos de baixo risco, como renda fixa pública, por exemplo, e o restante em ativos muito agressivos de alto risco.

Assim, um portfólio deveria ter uma exposição assimétrica ao risco de modo que se houver perda, ela fica restrita àquela parcela pequena da carteira, porém um ganho exponencial pode beneficiar o portfólio como um todo. Além disso, segundo a estratégia, o investidor deveria fazer alocações em ativos de baixo e alto risco ao passo que os investimentos de médio risco deveriam ser evitados por supostamente não terem uma boa relação de risco x retorno.

Outra sugestão importante que pode ser extraída da obra de Taleb é a preferência por ativos com potencial de retorno ilimitado, porém com potencial de perda limitada. De acordo com isso, podemos concluir que ações são antifrágeis, já que, na pior das hipóteses, o investidor perderá todo o capital investido ao passo que os ganhos decorrentes de valorização podem ser ilimitados. Por outro lado, é possível elencar operações de venda descoberta de opções como frágeis já que, nesse caso, os ganhos seriam limitados e as perdas ilimitadas.

Obviamente, não é possível prever crises ou choques econômicos como a Crise do Subprime ou o Corona Crash, por exemplo. No entanto, de acordo com Taleb, quando esses eventos inesperados e impactantes chamados de ”Cisnes negros” ocorrem, por pior que sejam, podem impulsionar o crescimento e o aprimoramento da economia e da sociedade nas mais diferentes áreas.

Quando houve o Corona Crash, por exemplo, em março de 2020, os ativos de renda variável do mundo inteiro, inclusive brasileiros, tiveram fortíssimas desvalorizações, diante da imensa incerteza na qual o mundo mergulhava. Porém, apesar de todo os prejuízos financeiros e humanitários decorrentes do COVID-19, quem investiu naquele cenário de pânico e incerteza em bons ativos, de maneira geral, teve resultados muito positivos.

Além disso, Taleb aponta ainda a necessidade do estudo contínuo do mercado para o sucesso nos investimentos, sendo necessário o investidor entender o que são conceitos como volatilidade, as categorias dos ativos e sua aderência à estratégia proposta. 

O acadêmico libanês também ressalta a importância de uma atitude humilde perante a incerteza e a imprevisibilidade dos mercados. Segundo ele, deve-se aceitar que as incertezas existem e são inevitáveis, não sendo prudente o investidor acreditar que está com a situação sob o seu total controle. Assim, diante da impossibilidade de controlar o futuro, Taleb sublinha a necessidade de os investimentos escolhidos estarem preparados para os chamados ”Cisnes negros” que, em algum momento, acontecerão.

Em linha com alguns outros estrategistas, o filósofo também acredita na importância da diversificação das carteiras, ressaltando inclusive a relevância de estar exposto a fundos de ouro e de dólar, os quais tendem a ser beneficiados durante as crises por serem considerados reservas de valor.

Em linha também com vários outros grandes financistas, Taleb ressalta importância da dilatação do horizonte temporal nas finanças uma vez que realizar bons investimentos nas crises pressupõe a manutenção de uma perspectiva de longo prazo. A mentalidade curtoprazista, em muitos casos, leva os investidores a resgatarem valores de forma precipitada em caso de qualquer instabilidade que surja no mercado, o que pode acarretar diminuição de rentabilidade e grandes prejuízos nos investimentos.

Ao tentar aplicar as ideias de grandes financistas à gestão dos próprios investimentos, o investidor deve ter sempre em mente o princípio do bom senso e também saber dosar corretamente a sua tolerância a riscos. Por fim, é sempre excelente a disposição de conhecer e avaliar como funcionam as estratégias dos grandes investidores e financistas como Taleb, por exemplo e, a partir disso, estabelecer um mindset adequado no gerenciamento do próprio patrimônio financeiro.

Se você não tem tempo para acompanhar todos os movimentos do mercado ou se quer investir com segurança e foco em resultados tendo todo o suporte de uma equipe de analistas com experiência:

Conheça o Plano VG VIP

São 6 carteiras recomendadas separadas em 4 categorias de ações: dividendos, valorização, small caps, microcaps, fundos imobiliários e fundos imobiliários high yield. Essa é uma excelente alternativa para investidores que querem construir uma carteira bem completa, diversificada, com uma boa renda passiva e aproveitando as oportunidades de valorização da bolsa.

Foi possível aprender um pouco mais sobre o conceito de anti-fragilidade? Deixe as suas dúvidas nos comentários e até a próxima!

Milton Rabelo

Analista CNPI 2444

Artigos Relacionados

Porque assinar a nossa newsletter?

Notícias Notícias

Os nossos analistas realizam uma curadoria cuidadosa das principais notícias sobre a bolsa de valores e nós te enviamos, por e-mail, a visão da VG Research sobre como isso pode impactar os seus investimentos.

Artigos Artigos

Tenha acesso a artigos completos e detalhados, toda a semana, sobre os principais temas relacionados à investimentos, empresas e economia.

Vídeos Vídeos

Aulas online e gratuitas sobre a bolsa de valores para te ajudar a entender mais sobre o universo das ações e saber tomar melhores decisões com os seus investimentos, sempre com foco em crescimento de patrimônio e aumento da renda passiva.