A BB Seguridade divulgou os seus destaques operacionais referentes a julho e os números vieram mistos. Vale destacar que houve uma forte recuperação em relação ao mês de junho, cujos números foram fracos, além de um crescimento bem mais modesto em comparação a julho de 2023, quando o reporte mensal foi um dos mais fortes do ano em curso.
A Brasilprev, a vertical de previdência da companhia, foi o destaque do mês em análise e apresentou um vigoroso crescimento mensal, impulsionado, sobretudo, pelo crescimento das receitas com taxa de gestão de 15,5%. Vale apontar que o mês de junho de 2024 teve resultados comerciais fracos em termos de contribuições previdenciárias, o que beneficiou as comparações na base mensal.
As contribuições com previdência apresentaram um aumento de 70,9% na comparação mensal, após um junho fraco em termos de captação, ao passo que, na comparação anual, as contribuições aumentaram apenas +2,6% a/a, consideravelmente pior que o mercado ex-BB Seg, que expandiu +14,5% a/a. Vale apontar também que, caso o ticket médio das contribuições periódicas não tivesse aumentado na base mensal, o desempenho poderia ter sido pior.
Por sua vez, a Brasilseg, a vertical de seguros do grupo, em julho, registrou um total de R$ 1,6 bilhão em prêmios emitidos, uma redução de 5,6% na comparação anual, um resultado consideravelmente abaixo do resto do mercado, cujo aumento foi de 25,7% a/a na base anual. Entre os segmentos, destacou-se positivamente o seguro prestamista com expansão de 37,3% em prêmios emitidos no período e, por outro lado, os prêmios emitidos do segmento rural retraíram 14,9%, desempenho explicado principalmente pelo menor volume de emissões no seguro agrícola (-39,7%).
Vale apontar que o resultado mensal da vertical foi beneficiado por uma expressiva redução nas despesas com sinistros (-38,3% m/m e -12,7% a/a), que levou à diminuição do índice de sinistralidade (com resseguro) em -1,7pp m/m e -6,5pp a/a, totalizando 28,5%. Os dados reportados são preliminares, mas é possível supor que a forte diminuição do índice de sinistralidade esteja relacionada ao término do reconhecimento das enchentes no Rio Grande do Sul, o que pode indicar início a algumas reversões técnicas.
Já na vertical de capitalização, a Brasilcap, no mês de julho de 2024, houve um grande aumento da arrecadação de +25,1% na base anual e +12,7% na base mensal, consideravelmente acima do mercado segurador como um todo. Além disso, as reservas técnicas também +3,2% m/m, levemente superior ao mercado ex-BB Seg, que cresceu 2,0% m/m.
Como foram os últimos resultados da BB Seguridade?
No 2T24, o lucro líquido ajustado da BB Seguridade foi de R$1,9 bilhão (+1,6% s/ 2T23). Os principais fatores que levaram ao incremento de R$29,8 milhões no resultado em relação ao reportado no 2T23 foram:
BB Corretora (+R$87,7 milhões): em função do crescimento das receitas de corretagem, com destaque para aquelas provenientes da Brasilseg e da Brasilprev, melhora da margem operacional e, em menor proporção, alta do resultado financeiro pela expansão do saldo médio de aplicações financeiras;
Brasilseg (+R$23,8 milhões): conduzido pelo crescimento dos prêmios ganhos retidos e redução da sinistralidade; e
Brasilcap (+R$4,6 milhões): atribuído à redução da alíquota efetiva de impostos, decorrente de decisão favorável em ação relativa à CSLL, além da expansão do resultado financeiro, suportada por aumento do saldo médio de aplicações.
No período em análise, o resultado financeiro combinado da BB Seguridade e de suas investidas atingiu R$323,5 milhões, líquido de impostos, montante 14,0% inferior ao reportado no mesmo período de 2023. A queda pode ser atribuída em grande parte ao resultado financeiro da Brasilprev, impactado pelo aumento de 8,5 p.p. na taxa média de atualização dos passivos dos planos de benefício definido e pela marcação a mercado negativa nos investimentos, decorrente da abertura da estrutura a termo de taxa de juros, enquanto no 2T23 a marcação a mercado foi positiva. A redução da taxa média Selic no comparativo foi outro fator que contribuiu para a retração do resultado financeiro combinado, sendo parcialmente compensada por um aumento de 8,2% no saldo médio de aplicações financeiras combinado de todas as empresas do grupo.
No 2T24, o lucro líquido da operação de seguros cresceu 3,3% ante o 2T23, impulsionada pela expansão dos prêmios ganhos retidos (+7,3%) e redução da sinistralidade (-0,9 p.p.). Tal desempenho foi parcialmente compensado pela alta de 1,1 p.p. na alíquota de imposto efetiva, explicada pela utilização de incentivos fiscais relacionados à Lei do Bem no 2T23, o que não se repetiu no 2T24.
No trimestre, o lucro líquido ajustado da operação de previdência foi 20,8% inferior ao reportado no mesmo período de 2023, alcançando R$346,9 milhões. A redução do resultado financeiro foi a principal detratora do lucro, motivada pelo aumento do custo do passivo, influenciado principalmente pela inflação do IGP-M no 2T24 vs. deflação no 2T23, e pela marcação a mercado negativa nos investimentos, decorrente da abertura da estrutura a termo de taxa de juros, enquanto no 2T23 a marcação a mercado havia sido positiva.
Já o lucro líquido da operação de capitalização foi 10,9% superior ao reportado no mesmo período de 2023, atingindo R$70,4 milhões. O desempenho é atribuído em grande parte a queda na alíquota de impostos no trimestre (-9,4 p.p.), decorrente de decisão favorável em ação relativa à CSLL, com impacto positivo de R$11,3 milhões.
Por fim, o lucro líquido da BB Corretora cresceu 12,4% ante o 2T23, expansão conduzida pela alta de 11,8% das receitas de corretagem, melhora de 1,1 p.p. da margem operacional e incremento de 2,9% do resultado financeiro.
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Milton Rabelo
Analista CNPI 2444
@miltonrabelo.financas