Para o devido estudo das empresas que vamos investir, é preciso ter o conhecimento de base necessário para sabermos em detalhes os números e entendermos os pontos fortes e fracos da companhia.
Pensando nisso, dentre os diversos demonstrativos contábeis que são emitidos, entender sobre o Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) se torna algo fundamental para o investidor.
O que é?
O DFC é um relatório contábil onde são listadas as origens de todos os recursos que uma companhia utilizou em determinado período, sendo que assim como o DRE e o balanço patrimonial, o DFC é divulgado trimestralmente e anualmente pelas empresas de capital aberto.
Mas de forma resumida, o DFC indica as entradas e saídas de dinheiro da empresa.
Para que serve?
Conforme explicado acima, este demonstrativo ilustra as saídas e entradas de dinheiro da empresa, ou seja, através do DFC é possível avaliar se a administração dos recursos da empresa estão bem geridos, se o planejamento de pagamento de importantes despesas e o recebimento de receita estão saudáveis, entre outros aspectos.
Caso um DFC tenha saldo positivo, é possível concluir que houve mais entradas de capital que saídas, o que é o ideal para uma empresa. Já um fluxo de caixa negativo indica maiores saídas do que entradas de recursos, o que indica ser algo negativo. Entretanto, sempre devemos avaliar todos os números da demonstração para entender onde a empresa investiu e se há uma expectativa de maior receita no futuro, compensando os investimentos do passado.
A partir do DFC podemos prever, planejar e controlar o dinheiro da empresa, avaliar se todas as despesas serão pagas, avaliar as condições de investimento da empresa e se será necessário buscar fontes alternativas de financiamento, entre outros.
DRE x DFC
A partir da definição do DFC é possível que você tenha se lembrado da Demonstração de Resultado do Exercício (DRE). De fato, nos dois documentos é possível entender sobre como a empresa utilizou seus recursos. Entretanto, há uma diferença importante entre os demonstrativos.
Caso você tenha interesse em saber mais a respeito da DRE, convido você a ler este artigo.
Mas a principal diferença entre os demonstrativos é o tratamento do regime fiscal adotado. O DFC utiliza o regime de caixa, ou seja, ele ilustra todas as entradas e saídas de dinheiro que de fato aconteceram na empresa, independente se o fato ocorreu no mês. Ou seja, caso uma empresa tenha recebido um valor referente ao mês de fevereiro no mês de março, no DFC de março será registrada a receita, pois foi o mês em que ocorreu o crédito do valor.
Já a DRE utiliza o regime de competência, ou seja, todas as atividades da empresa do período são registradas, independente se ela ocorreu ou se irá acontecer fora do período. Por exemplo, a receita que a empresa registrou durante o mês de fevereiro que foi recebida em março na DRE é registrada em fevereiro, pois segundo a competência este valor se refere a fevereiro, independentemente se foi recebido ou não durante o período de referência.
Qual a sua estrutura?
A estrutura do DFC é definida pelo Pronunciamento Técnico CPC n. 03. De modo geral, este demonstrativo é dividido em três partes: as atividades operacionais, de investimento e de financiamento.
- Atividades operacionais
São todas as atividades relativas ao dia a dia da empresa, este item reúne dados da DRE e do balanço patrimonial. Neste item são computadas as informações sobre o caixa gerado nas operações subtraindo as despesas e gastos da produção e comercialização dos bens/serviços. São as atividades ligadas diretamente ao capital circulante da empresa.
Os principais itens indicado são:
- Contas a pagar e a receber;
- Receitas;
- Pagamentos realizados;
- Tributos.
- Atividades de investimento
Neste tópico são indicados os itens relacionados a investimentos que irão beneficiar a empresa ao longo do tempo. Alguns exemplos são:
- Compra/venda de imóveis;
- Compra/venda equipamentos;
- Compra/venda de veículos
- Investimentos financeiros, entre outros.
Usualmente estes itens são indicados no ativo não circulante do balanço patrimonial.
- Atividades de financiamento
Aqui são indicadas as atividades que a empresa realizou para realizar seus principais gastos operacionais e de investimentos. Alguns exemplos são:
- Pagamento/solicitação de empréstimos e financiamentos;
- Emissão de ações
- Recompra de ações;
- Pagamento de dividendos;
- Entre outros.
No exemplo ao final do texto são indicados todos os pontos de uma DFC.
Métodos
Segundo o CPC 3, são disponibilizadas duas formas de apresentação da DFC: método direto e indireto.
- Método direto
Neste método são evidenciados os pagamentos e recebimentos da empresa no período. São apresentados apenas o que entrou e saiu de dinheiro.
- Método indireto
O método indireto é realizado a partir do ajuste do lucro líquido de acordo com todos os itens que afetaram o resultado. Este tipo de DFC que usualmente é utilizado para os cálculos de valuation da empresa.
Exemplo
A seguir segue o exemplo da DFC apresentada pela Lojas Renner para o quarto trimestre de 2022.
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Guilherme Morais
Analista CNPI 2682