Os meses de janeiro, abril, julho e outubro movimentam o mercado norte-americano com a temporada de resultados, também chamada de earnings season, período em que as empresas listadas nas bolsas de valores divulgam seus resultados para o trimestre anterior.
E quais são as expectativas do mercado para o terceiro trimestre de 2022?
Mas antes de debater a respeito das expectativas do terceiro trimestre, é válido lembrar que os resultados divulgados no segundo trimestre, de modo geral, vieram acima do esperado.
Mesmo com a inflação mais alta dos últimos quarenta anos, desaceleração global, guerra e incertezas macroeconômicas, as empresas do S&P 500 conseguiram superar o que o mercado previa. Em média, as empresas bateram as estimativas de lucro em 4%, acima da média histórica de 2,7%.
Entretanto, para os resultados que serão divulgados relativos aos meses de julho, agosto e setembro, as expectativas são de queda, pois desde julho as estimativas de lucro caíram 7%, com 11 dos 12 setores tendo revisões para baixo, conforme estudo realizado pelo Bank of America. O único setor imune é o de energia, pois essas empresas ainda aproveitaram o período com alto valor do preço do barril de petróleo.
Neste mesmo estudo, é esperado um aumento de lucro abaixo do que foi visto nos últimos 12 meses. A imagem abaixo ilustra a evolução do crescimento do lucro nos últimos trimestres.
Algumas das tendências que devemos perceber durante a divulgação dos resultados são: i) crescimento de receita, porém, devido ao aumento do preço de insumos e mão-de-obra, teremos menor crescimento de lucro; ii) com isso, veremos uma redução das margens operacionais e líquidas das empresas, mostrando este aumento do custo de produção; iii) com a redução do lucro e a expectativa de menor consumo para os próximos trimestres, empresas irão revisar seu guidance de forma negativa, indicando menor crescimento para o ano de 2023 e, iv) forte influência do preço do dólar para as empresas que tem a grande parte da receita vinda da Europa e outros países.
Os dois primeiro itens já foram percebidos durante o primeiro semestre, entretanto, a partir do terceiro trimestre veremos mais indicações a respeito dos dois últimos pontos elencados.
Com a tendência de desaceleração das economias globais, devido ao ciclo de aperto monetário de diversos bancos centrais, é natural que as empresas esperem um crescimento menor para o próximo ano. Assim, algumas empresas devem revisar seu guidance para o término de 2022 e expectativas para 2023.
Outro ponto importante é a força que o dólar americano tem apresentado durante o ano de 2022. Com a forte desvalorização do Euro e, mais recentemente, da Libra Esterlina, as empresas que têm grande parte de suas receitas em outros continentes irão sentir maior pressão em sua receita, seja na conversão das vendas para o dólar e o custo de matéria-prima que cotada em dólar. Lembrando que cerca de 30% da receitas das empresas do S&P 500 são geradas fora dos Estados Unidos.
Dessa forma, as empresas que apresentem maiores vantagens competitivas, boa organização e qualidade, irão passar por este período turbulento melhor do que empresas que não apresentem diferenciais. Provavelmente serão estas empresas que, ao final deste ciclo de desaquecimento, terão maior fatia de mercado e possibilidades de continuar crescendo.
Conclusão
A temporada de resultados é sempre aguardada pelo mercado, pois a partir das novas informações e números apresentados, são ajustadas as expectativas para os próximos trimestres.
Considerando o mercado durante todo o ano de 2022, espero uma volatilidade alta, pois o mercado não tem recompensado da maneira expressiva os resultados positivos. Nos últimos dias as ações de uma empresa que bate as estimativas têm subido em média 0,5% nos dois dias seguintes à divulgação, sendo que a média dos últimos 5 anos é uma alta de quase 1%, ou seja, apenas bater as estimativas não tem sido suficiente para o mercado. Entretanto, empresas que divulgam resultados abaixo do esperado têm caído, em média, 5,6% nos dois dias seguintes, enquanto a média dos últimos 5 anos é uma queda de 2,2%.
Os resultados trimestrais das empresas são importantes, mas o investidor que tem foco no longo deve buscar enxergar além desses resultados, pois mais importante que um resultado positivo ou negativo, é a tendência dos resultados que a empresa tem apresentado.
Com isso, a volatilidade vinda da temporada de resultados deve ser aproveita pelo investidor, pois resultados negativos em um trimestre são comuns por todas as companhias. Assim, o investidor que souber passar por estes períodos terá acumulado mais ações e estará mais próximo de sua liberdade financeira.
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Guilherme Morais
Analista CNPI 2682