Apesar de ainda não estar clara qual é a exposição exata de cada banco às operações não contabilizadas pela Americanas, no momento, trabalhamos com o cenário – base de que inconsistências contábeis não deverão impactar significativamente os resultados das instituições financeiras brasileiras. Vale destacar que, de acordo com Sérgio Rial, ex- CEO da varejista, a empresa não tem dívidas relevantes vencendo no curto prazo, sendo as principais iniciando em 2025.
Diante de ainda não estar clara a exposição concreta de cada instituição financeira a Americanas, podemos nos basear na exposição de cada banco ao setor de varejo como um todo. Santander Brasil (SANB11) e o BTG Pactual (BPAC11), por exemplo, são os bancos com maior exposição ao segmento de varejo com aproximadamente 7% do crédito total, seguidos por Bradesco (BBDC3) com cerca de 5,9%. Por sua vez, Itaú (ITUB4) e ABC Brasil (ABCB4) têm aproximadamente 3% da sua carteira exposta ao setor, ao passo que Banrisul (BRSR6) e Banco do Brasil (BBAS3) têm cerca de 2% de exposição. Naturalmente, essa exposição ao varejo é dada através de várias empresas do setor, e não apenas da Americanas.
As operações realizadas por essas instituições financeiras referem-se à securitização de contas a pagar (crédito de fornecedores). No caso, a empresa compradora contrata uma instituição financeira que realiza um pré-pagamento aos fornecedores mediante o pagamento de juros. Porém, a Americanas estava tomando essas dívidas e as deixando de fora do balanço, o que não foi perceptível nem para os próprios credores.
É interessante destacar que os bancos detentores de dívidas da Americanas concordaram em rolar e renegociar os pagamentos para evitar que a varejista quebre e, segundo o Valor Econômico, os acionistas majoritários da Americanas garantiriam o pagamento das dívidas. Atualmente, os principais sócios da empresa são os fundadores da gestora 3G, os brasileiros Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, os quais teriam assegurado que a Americanas fará uma nova oferta de ações para levantar recursos para cobrir o eventual rombo no balanço. Em outras palavras: Lemann, Sicupira e Telles teriam garantido aos bancos que vão colocar a mão no bolso para salvar a Americanas, colocando-se como âncoras dessa operação.
Apesar disso e da pouca visibilidade de como essas questões impactariam o Balanço e Demonstrativo de Lucros e Perdas, as principais instituições financeiras operam hoje em queda diante do aumento do grau de incerteza ocasionado pelas inconsistências contábeis.
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Milton Rabelo
Analista CNPI 2444