O indicador Beta é bastante conhecido e, caso utilizado da maneira correta, pode ser bastante útil aos investidores no gerenciamento dos seus investimentos. Em linhas gerais, o referido índice mede a relação entre o risco sistemático e o retorno esperado dos ativos.
Vale apontar que o Beta é uma medida da volatilidade de um investimento ou de um portfólio em comparação a um benchmark de mercado. No caso do mercado brasileiro, o benchmark mais comumente utilizado seria o Ibovespa, o principal índice acionário do país, ao passo que em outros mercados são usados outros indicadores.
É interessante mencionar também que o beta é usado no modelo de precificação de ativos de capital (CAPM), que descreve a relação entre o risco sistemático e o retorno esperado dos ativos. Apesar de não haver consenso sobre a sua utilidade prática, o CAPM é comumente utilizado como método de precificação de títulos de risco e para a geração de estimativas dos retornos esperados dos ativos, levando em conta tanto a sua volatilidade quanto o custo de capital.
Dessa forma, o coeficiente calculado pelo beta é realizado por meio de uma divisão entre a variação da rentabilidade do investimento em questão com a variação da rentabilidade de um algum benchmark específico. De maneira simples, a fórmula considera a divisão das duas variações:
De maneira mais técnica, o Beta é calculado dividindo-se a covariância do retorno do ativo (Ra) com o retorno do índice de mercado (Rm). O resultado dessa expressão, por sua vez, deve ser dividido pela variância do mercado para se chegar ao número final:
Já o beta de um portfólio inteiro pode ser medido pela média ponderada de todos os ativos que o compõem. É válido esclarecer também que covariância seria uma medida do grau de interdependência (ou inter-relação) numérica entre duas variáveis aleatórias. Já a variância é um conceito estatístico que diz respeito à distância que um valor médio apresentado demais valores de um conjunto de dados.
Como interpretar o valor de beta?
1.Beta > 1
Se uma ação hipotética tem um beta superior a um, isso indica que tende apresentar variações maiores do que o benchmark de mercado em questão. A título de exemplo, podemos citar as ações da Gol (GOLL3) que, nos últimos cinco anos, apresentaram um beta de 1,74. No caso, esse indicador supõe que as variações das ações da Gol tendem a ser 74% mais voláteis do que as variações do Ibovespa.
2. Beta = 1
Se uma ação tem um beta igual a 1, isso indica que ela está perfeitamente correlacionada ao benchmark. A título de exemplo, podemos elencar a Qualicorp (QUAL3) que, nos últimos 5 anos, apresentou um beta igual a 1. Isso indica que, nesse intervalo de tempo, as ações da Qualicorp variaram fortemente de acordo com o Ibovespa.
3. Beta < 1
Uma ação cujo beta é menor que 1 tende a ser menos volátil do que o benchmark em questão. Como exemplo de investimento conservador, podemos citar as ações da Sanepar (SAPR4), as quais, nos últimos 5 anos, tiveram um beta de apenas 0,14.
4. Beta < 0
Em determinados intervalos de tempo, algumas ações podem ter beta negativo. Isso indica que a ação está, nesse intervalo de tempo hipotético, inversamente correlacionada ao benchmark do mercado.
Conclusão
Por fim, fica bastante claro que o Beta pode ser uma ferramenta útil aos investidores, uma vez que dá uma visão sobre o nível da volatilidade de um investimento ou de um portfólio em relação a um benchmark em análise. Assim, o referido indicador pode ser uma ferramenta complementar muito interessante disponível a todos os investidores que sabem como interpretá-lo.
E você ainda tem alguma dúvida sobre o Beta? Posta aqui nos comentários!
Milton Rabelo
Analista CNPI 2444