As vendas no varejo apresentaram alta de 0,4% no mês de outubro, levemente acima da expectativa do mercado que era de 0,3%. Olhando para o acumulado do ano, as vendas no varejo apresentaram alta de 1,0%, enquanto nos últimos doze meses ficou em 0,1%.
Entre os principais destaques positivos podemos citar a atividade de Móveis e eletrodomésticos (+2,5%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (+2,0%). Esse desempenho do segmento de móveis e eletrodomésticos deve beneficiar os resultados de empresas varejistas como o Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3). Algumas empresas anteciparam as promoções do mês de novembro (Black Friday e copa do mundo) para tentar não canibalizar as vendas com tantos eventos importantes próximos um do outro. Esse quarto trimestre de 2022 está sendo diferente para as varejistas, porque além a Black Friday, Natal e fim de ano, tivemos a copa do mundo.
Por outro lado, a atividade de Tecidos, vestuário e calçados apresentou queda de 3,4% no mês de outubro. Com isso, podemos ver um cenário mais desafiador para empresas como Lojas Renner (LREN3), C&A (CEAB3), Guararapes (GUAR3) e outras. Obviamente, vale destacar que essas empresas tendem a apresentar um resultado acima da média do setor.
Acreditamos que a desaceleração das vendas no varejo no mês de outubro é reflexo do cenário macroeconômico desafiador com inflação e taxa de juros elevada. As famílias estão com o orçamento bastante comprometido por conta da inflação nos últimos dois anos, além do endividamento que continue em ascensão. Esses efeitos de uma política monetária restritiva devem continuar evidentes nos próximos dados do setor varejista, principalmente no ano de 2023.
Inflação
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,41% no mês de novembro, evolução abaixo da expectativa do mercado que era de 0,53%. No acumulado do ano, a inflação atingiu 5,3%, enquanto nos últimos 12 meses foi de 5,90%. O resultado foi puxado principalmente pelo grupo de Transportes (+0,83%) e Alimentação e bebidas (+0,53%). A gasolina foi responsável pelo maior impacto em Transportes.
Acreditamos que os dados de inflação foram positivos para a bolsa brasileira, uma vez que vieram abaixo da expectativa do mercado. Esse tom positivo pôde ser visto no movimento na curva de juros no pregão desta sexta-feira (09), com os vencimentos mais curtos registrando queda. Em relação às expectativas de inflação, o mercado elevou de 5,91% para 5,92% a inflação deste ano.
Por fim, precisamos acompanhar apenas o desenrolar do cenário fiscal do Brasil para tentar entender as projeções de inflação para os próximos anos. Se houver uma melhora na percepção fiscal, há espaço para redução da taxa de juros no próximo ano, uma vez que a inflação parece estar mais controlada.
Para maiores dúvidas e esclarecimentos conte com o time da VG Research, siga a gente nas nossas redes.
Lucas Lima