No processo de avaliação de empresas é comum que alguns mitos estejam presentes. Algumas “afirmações” são consideradas mitos porque não se confirmam na realidade. Então, é bom que sejam esclarecidas.
Então, no conteúdo de hoje vamos falar sobre esses mitos para que você tenha mais segurança no valuation, pois à medida que você entende mais sobre ele, você sente mais segurança para investir com base em fundamentos.
Com certeza você já deve ter escutado falar expressões do tipo: “quanto mais números melhor”; “quanto mais informações melhor”; “exatidão”; “precisão”; “preço não importa”; “atemporal”.
Sim, tudo bem, é comum ouvir esses tipos de expressões quando utilizamos o valuation para decidir sobre o melhor investimento (empresas).
Desse modo, vamos entender alguns (existem vários) mitos! Venham comigo.
1º – “Valuation é uma busca objetiva pelo valor real da empresa”
Em outro conteúdo que abordamos sobre valuation, deixamos bem claro que se trata de um processo subjetivo, que envolve diversas premissas selecionadas pelos analistas. Desse modo, o objetivo é sempre se aproximar ao máximo dos fundamentos, trazendo um valor coerente para a empresa. No entanto, o fato é que a avaliação possui viés de quem o faz. Então, lembre-se que é alguém externo à empresa, com o máximo de informações possíveis, porém, a definição do valor da empresa não é tão objetiva assim.
Vale destacar que tais premissas subjetivas não eliminam a qualidade da avaliação. É apenas para que você fique atento (a) às premissas utilizadas, e não fique na busca de uma avaliação objetiva com a finalidade de acertar em cheio o valor.
2º – “Uma boa avaliação fornece uma estimativa precisa de valor”.
Como vocês já sabem, o valuation adota premissas subjetivas, claro, as que proporcionam melhor qualidade para o modelo. No entanto, conforme já mencionado, o objetivo do valuation não é a exatidão, pois não se trata de uma ciência exata. Assim, por mais conservador, agressivo ou mesmo neutro que o analista seja, o seu objetivo não é ser trazer uma estimativa precisa, isto é, exatidão. Pelo contrário, a vantagem do valuation é justamente a subjetividade.
Claro, o analista vai e deve utilizar as melhores informações possíveis para que consiga trazer uma avaliação de qualidade, o que não significa exatidão, pois estamos falando de uma empresa que constantemente se altera, seja pelo ambiente microeconômico ou mesmo macroeconômico.
3º – “Quanto mais quantitativo for, melhor é o modelo de valuation”.
Engana-se quem pensa que quanto mais complexo melhor é o modelo de valuation. Bom, se de fato você precisar de muitas informações para chegar ao valor da empresa, ótimo, caso contrário, se para outro analista uma quantidade menor de informações resolve, isto não significa que o modelo deste último não funcione, só porque adotou o princípio da parcimônia.
De fato, há que se considerar que algumas empresas possuem um modelo de negócio mais complexo, o que demanda maior número de informações. Assim, neste caso, a complexidade é justificada.
O mito está sobre a questão de sempre o modelo precisar ser complexo ou ser preferível o mais complexo ao mais simples. A regra é optar por aquele que proporcione mais consistência, que faça sentido, que guarde relação com os fundamentos da empresa. Então, a regra não é o mais quantitativo, o mais complexo.
4º – “Uma avaliação bem feita é atemporal”.
Ora, ao falarmos de empresas, mercado, estamos falando de ambientes em constantes mutações, assim, como um valuation será atemporal? Com certeza, se surgirem fundamentos, sejam positivos ou negativos, o valuation feito será alterado. Essas alterações podem ser decorrentes da própria empresa, como adição de um novo produto, por exemplo, ou mesmo por questões macroeconômicas, como taxa de juros, inflação e etc.
Desse modo, por mais que o valuation seja completo, e esteja, atualmente, alinhado com os fundamentos da empresa, posteriormente, considerando a ocorrência de eventos que impactem o valor da empresa, ele será alterado, seja para mais ou para menos. A questão será avaliar se tais ocorrências alteram ou não o valor da empresa.
5º – O produto da avaliação é o que importa, não o processo”.
Claro, eu sei que você quer saber o valor da empresa, aquele “final”. No entanto, é importante que você conheça as premissas que são consideradas pelo analista. Por exemplo, a taxa de crescimento, as receitas, a taxa de desconto e etc. É interessante que você conheça o negócio daquela empresa, não precisa ser expert, no entanto, é ideal que tenha noção das condições da empresa. Por exemplo, se ela é endividada, se tem operações nacionais e internacionais, etc. Assim, quando sair alguma notícia ou quando do acontecimento de algum fato relevante macroeconômico ou mesmo micro (da própria empresa), saberá, em linhas gerais se têm impacto ou não, até mesmo para obter melhores informações com o seu analista.
6º – “Preço não importa”.
Com certeza o preço importa! Pois, é na diferença entre o preço (a menor) e o valor (a maior) que o investidor irá lucrar. O objetivo da análise fundamentalista é não pagar por um ativo preço superior ao que realmente ele vale. Sendo assim, a finalidade é identificar o valor do ativo, sendo este superior ao seu preço, indica-se compra. Então, preço importa.
Claro que um ponto a se destacar é que a análise fundamentalista tem foco no longo prazo, então, quando ocorrem variações nos preços dos ativos para os quais já temos o valor, tais variações são irrelevantes, pois no curto prazo o preço não se ajusta aos fundamentos.
Então, ficou mais claro para você que existem alguns mitos no processo de valuation que precisamos esclarecer? Foque em explorar o mercado financeiro. Abaixo você pode fazer comentários sobre esse conteúdo ou deixar suas dúvidas.
Por falar em empresas, você tem percebido que a bolsa brasileira apresenta muitas oportunidades em diversos ativos, empresas resilientes e que o mercado tem precificado abaixo dos fundamentos?! Para aproveitar essas oportunidades é importante que você conte com uma casa de análise independente com ideias de investimentos inteligentes, como a VG Research, pois desse modo, afasta qualquer tipo de conflito de interesses na análise de ativos, e por consequência, recomendação de investimentos.
Caritsa Moreira