EUA: por que o NYSE Composite está atrás dos outros índices?

A bolsa americana é composta por diversos índices, sendo que os mais divulgados pelo mercado são o S&P 500, Nasdaq e Dow Jones. Entretanto, você conhece o NYSE Composite? E mais, sabe por que sua rentabilidade está abaixo do principais índices durante o ano de 2023?

NYSE Composite Index 50 Year Long Term Chart - InvestingHaven

O que é? Quais as suas principais diferenças entre os demais índices?

Assim como o S&P 500, Nasdaq ou Dow Jones, o NYSE Composite (NYA) é o índice que acompanha um determinado número de ações. Ele é referência do mercado para análise de desempenho do mercado ou comparação com uma carteira de investimentos.

A principal diferença do NYA entre os principais índices é o seu tamanho. Esse índice inclui todas as ações negociadas na New York Stock Exchange (NYSE). Atualmente o índice possui aproximadamente 2.800 ações. São consideradas ações das empresas americanas, empresas estrangeiras que emitem ações na bolsa americana através de American Depositary Receipts (ADR), Real Estate Investment Trusts (REIT) e tracking stocks, que são ações emitidas por uma empresa e com base nas operações de uma subsidiária.

Já os S&P 500 e Nasdaq são menores e com outros critérios de escolha dos nomes que os compõe. De modo geral, o S&P 500 reúne as 503 maiores empresas dos Estados Unidos. Já o Nasdaq Composite é um índice que possui mais de 2.500 empresas, sendo que o mais famoso é o Nasdaq-100. Ele reúne as cem maiores empresas do índice, desconsiderando ativos do setor financeiro. Com isso, o Nasdaq-100 é um índice cujo peso das empresas de tecnologia é bastante relevante.

Já o NYA foi contabilizado a partir das negociações de 1 de janeiro de 1966. O valor inicial foi de 50, sendo que atualmente o índice é cotada em torno de 16.300 pontos. Seu cálculo é realizado utilizando o último preço de negociação dos títulos individuais que compõem o índice, ponderando o peso de cada ação de acordo com seu valor de mercado.

Performance em 2023

Passado 2022, onde os principais índices de ações dos Estados Unidos encerraram o ano com perdas, ao longo de 2023 temos percebido um grande movimento de alta, principalmente do S&P 500 e do Nasdaq. Até o final de julho, o NYA, S&P500 e Nasdaq acumulam alta de aproximadamente 7,6%, 19,60% e 37,50%.

A principal razão para a alta dos três índices são as grandes empresas de tecnologia (big techs). O bom momento das empresas é decorrente de bons números operacionais que as companhias apresentaram ao longo do primeiro semestre, mas principalmente por conta do desenvolvimento de tecnologias ligadas a Inteligência Artificial (IA). Segundo dados do Statista, Alphabet, Meta, Microsoft, Amazon e Apple mencionaram a expressão IA 190 vezes na divulgação dos resultados do primeiro trimestre. A temporada de resultados do segundo trimestre ainda não acabou, mas a tendência é de que se repita o alto volume da expressão.

Com isso, se Metaverso foi o termo de 2022, IA é o de 2023. Como o mercado usualmente se antecipa, a alta no setor foi intensa. O destaque é o índice Nasdaq-100, pois é o que possui maior peso em empresas de tecnologia. Possivelmente a maior referência de mercado, o S&P 500 também surfou a onda do IA, mas com uma intensidade menor do que da Nasdaq, pois seu peso é menor dentre as big techs.

O peso da performance das ações de tecnologia é tão grande em 2023, que se retirarmos do cálculo as “Magnificent 7” (Apple, Microsoft, Google, Amazon, Tesla, Meta e Nvidia), o retorno do S&P500 seria de aproximadamente 2%.

Conclusão

Com isso, a principal razão para que o NYA tenha ficado para trás em relação aos demais índices é o seu menor peso em ações de tecnologia e exposição a setor e companhias que não estão performando bem. Como exemplo, temos os REITs, cujo principal índice, o Vanguard Real Estate Index (VNQ), acumula alta de menos do que 3%, além de small caps que, de modo geral, também estão performando abaixo do S&P500.

A temporada de resultados, somada à decisão do Fed na última semana, tem aumentado a volatilidade do índices. Entretanto, a boa performance do NYA também está diretamente ligada às empresas de tecnologia que estão reportando bons números para o segundo trimestre.

Mas outros gatilhos que podem influenciar para uma melhor performance do NYA nos próximos meses é a melhora do cenário macroeconômico. Afinal, com os dados de inflação em queda, somados a um mercado de trabalho ativo, isso pode beneficiar outros setores da bolsa no médio prazo, pois seria reforçada a expectativa de que a economia dos Estados Unidos segue crescendo, mesmo que em um ritmo mais lento, apesar da alta dos juros. O mercado segue na expectativa de que o Fed não irá realizar novos aumentos nos juros, além de um possível início de corte de juros em 2024.

Para o mercado, após a sequência de altas das techs, apesar do bom momentum e tendência de que ao longo do segundo semestre os bons resultados permaneçam, parte do mercado também pode considerar que estes ativos não possuem margem de segurança suficiente, com isso, aumenta-se a procura por empresas fora da hype de IA.

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Guilherme Morais

Analista CNPI 2682

@guilhermeammorais

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