Com meses que mais pareceram anos, o ano de 2023 está bastante agitado para os mercados financeiros.
Nos Estados Unidos, a inflação persistente, o estresse no sistema bancário, marcado pela quebra de grandes bancos regionais, como o Silicon Valley Bank e o First Republic Bank, e o recente impasse fiscal em Washington, que impulsionou preocupações sobre a possibilidade de calote da dívida pública norte-americana, são apenas alguns dos eventos que poderiam ter derrubado os mercados em 2023.
A performance acumulada conta outra história: o retorno acumulado do S&P500 em 2023 é de quase 10%, enquanto o retorno acumulado do NASDAQ Composite é de quase 25%. No meio de tantos sinais negativos, o que está segurando as bolsas norte-americanas? O atual comportamento tem se apresentado como um puzzle para muitos analistas, gestores e outros profissionais de mercado.
O que justifica esse comportamento das bolsas norte-americanas?
Caitlin McCabe, colunista do The Wall Street Journal, apresenta uma sugestão bastante plausível que justificaria o comportamento das bolsas norte-americanas. Isso com base em dados recentes do Deutsche Bank: os fundos quantitativos (quants), isto é, fundos de investimento que utilizam estratégias quantitativas, onde a escolha dos títulos que compõem o portfólio são por meio de algoritmos e modelos matemáticos pré definidos e estruturados por especialistas.
Com base em dados do Deutsche Bank, os fundos quantitativos estão aumentando as suas exposições em equities enquanto os demais investidores estão reduzindo suas posições. Para se colocar em perspectiva, é a maior exposição líquida deste tipo de fundo de investimento em equities desde dezembro de 2021. Por outro lado, os investidores tradicionais estão migrando suas posições em equities para money markets, em busca de maior liquidez e menor risco.
Ao mesmo tempo em que os fundos quantitativos estão aumentando significativamente as suas posições em equities, verifica-se um volume expressivo de recompras de ações pelas companhias. Em janeiro, a Chevron Corporation (NYSE: CVX) anunciou US$75 bilhões para recompra de ações.
Lucas Schwarz