O primeiro trimestre de 2023 foi intenso para todos os investidores, principalmente pensando nos ativos internacionais. Pensando nisso, vamos passar por um resumo do trimestre para o mercado norte-americano e algumas perspectivas para os próximos meses?
Alguns dos principais pontos que foram destaque elencados em 2022 para este foram:
- Desaceleração da taxa de crescimento econômico;
- Aperto da política monetária seguida de um movimento de maior flexibilização;
- Inflação em níveis elevados durante todo o ano;
- Aumento dos juros.
De certa forma, todos os itens acima foram percebidos, sendo que durante o mês de março o mercado teve sua volatilidade acentuada, pois o principal assunto do trimestre foi a crise bancária. Tudo começou com a falência do Silicon Valley Bank (SVB), do Signature e poucos dias depois o resgate do Credit Suisse. Com isso, o medo do mercado é de que esta crise se acentue e atinja outros bancos, principalmente os bancos regionais, que são mais impactados.
Durante o mês de março foram registrados saques de mais de US$165 bilhões em pequenos e médios bancos americanos, o maior saque registrado desde 1973, conforme gráfico abaixo. Este valor representa 3% do total de depósitos dos pequenos bancos.
O ETF KBWB que possui apenas bancos americanos em sua composição registrou queda de quase 20% em 2023.
Apesar de todos os problemas e riscos evidentes, os resultados para a renda variável foram positivos. O índice S&P500 apresentou alta de quase 8%, sendo que algumas empresas foram destaque, principalmente as do setor de tecnologia.
O gráfico abaixo ilustra o mercado norte-americano (linha em preto) e a performance dos bancos regionais linha em verde).
As melhores performances do primeiro trimestre de 2023
A tabela abaixo retirada do site da Morningstar mostra as melhores performances dos três primeiros meses do ano. O destaque são empresas do setor de tecnologia que aceleram seus ganhos com a perspectiva de fim do ciclo de aumento de juros e, com baixa probabilidade, a possibilidade de menores juros.
Taxa de juros e renda fixa
Com o aperto de liquidez dos bancos e indícios de menor inflação, tem-se a expectativa de que o Fed já realizou os aumentos de juros necessários, sendo que até abril, a expectativa é de que seja realizado apenas mais um aumento de 0,25 p.p. Com isso, os juros para os títulos de 2 e 10 anos do governo americano registraram queda durante o mês de março.
Dessa forma, o mercado de renda fixa, que registrou uma performance negativa durante o ano de 2022, terminou o trimestre em alta.
Além disso, as criptomoedas apresentaram os melhores desempenhos no ano, com destaque à alta de quase 30% do bitcoin.
O que esperar para os próximos meses?
Com a possibilidade de fim do aperto monetário, o mercado se posiciona visando a confirmação do processo de queda dos juros. Apesar do Fed ter confirmado que a expectativa é de queda apenas em 2024, o mercado segue esperançoso de que ainda este ano teremos alguma redução. Mas o mercado seguirá buscando por outros indicadores econômicos para iniciar uma recuperação mais segura.
De fato, a alta dos juros já impactou de forma significativa os mercados, sendo que a expectativa para os próximos seja a definição de um “turning point”, ou seja, um ponto de virada e que o mercado de baixa esteja mais próximo de seu fim.
Tudo indica que a inflação seguirá seu ritmo de queda, especialmente pensando no índice PCE, importante indicador para o Fed. Considerando os dados de divulgados para março, temos hoje uma taxa de juros um pouco acima do core PCE.
Entretanto, a crise dos bancos segue no radar, pois avaliando os ativos do Fed, a queda gradual que era realizada desde abril de 2022 foi interrompida de forma brusca para o auxílio aos bancos.
Dólar
O dólar iniciou o ano em queda em meio ao novo governo e suas incertezas quanto ao comprometimento fiscal do país.
A janela se mostra interessante para quem realiza aportes mensais dada a tendência de alta da moeda no longo prazo.
Conclusão
O grau de incerteza permanece elevado, dessa forma, ainda indicamos aos investidores que buscam nos ativos internacionais a segurança que mantenham seu plano, com aportes graduais, realizando remessas todos os meses, pois ninguém sabe como o mercado irá reagir e a consistência é o seu maior aliado.
Manter uma parcela de caixa em dólar pode também trazer maior segurança e poder de aporte em caso de novas quedas. Caso você se interesse em criar um plano de investimentos em ativos pagadores de dividendos em dólar, conheça a carteira internacional da VG Research.
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Guilherme Morais
Analista CNPI 2682