Normalmente avaliamos o risco de determinada empresa ou investimento, categorizando cada um de acordo com um determinado nível de risco. Entretanto, a classificação de risco pode ser atribuída também aos países, pois cada um tem a sua capacidade produtiva, desafios e, claro, riscos para o investidor que traz seu capital para o país.
Pensando nisso, todos os países apresentam algum nível de risco. E o Brasil, como país emergente, tem uma categoria de risco maior do que a de países mais sólidos, como Estados Unidos, Alemanha entre outros.
Assim, na década de 90 o banco americano J.P. Morgan criou uma metodologia que atualmente é considerada como uma forma de mensurarmos o risco de investimento em vários países. Além disso, outros artifícios foram criados para melhorar a percepção do risco-país.
Neste texto, vamos entender o que é o risco-Brasil, porque ele é importante de ser levado em consideração por todos os investidores, inclusive nós brasileiros e vamos avaliar a metodologia de cálculo do risco-país.
Risco-país:
Também chamado de risco-soberano, esta avaliação de risco é uma forma do mercado avaliar a capacidade dos países emergentes de pagarem suas dívidas e sua capacidade de realizarem investimentos na região.
Além do Brasil, as nações que têm uma classificação de risco-país são a Argentina, Colômbia, México, Panamá, Peru, Equador, Venezuela, Bulgária, Egito, Malásia, Marrocos, África do Sul, Turquia, Ucrânia, Polônia, Rússia, Nigéria e Filipinas.
Risco-Brasil:
Podemos resumir como risco-Brasil como os riscos econômicos, políticos e comerciais que envolvem investir no Brasil.
Provavelmente o melhor exemplo que temos do risco-Brasil são os riscos políticos. Basta pensarmos em anos eleitorais, normalmente a bolsa brasileira apresenta uma volatilidade maior dada a incerteza do resultado. Além disso, mudanças de lei e regras que são alteradas de forma recorrente fazem com que este risco se altere de forma brusca em curtos espaços de tempo.
A partir do gráfico abaixo é possível avaliar o risco político brasileiro ao longo dos anos. Ressalto as grandes variações de acordo com o noticiário político.
Outros aspectos que importantes são os que envolvem os riscos econômicos de nosso país. Alguns exemplos são o recorrente déficit fiscal dos últimos anos, dívida pública, inflação, câmbio, altos juros entre outros.
Neste texto destaco a desvalorização de nossa moeda como grande risco ao investidor brasileiro:
Considerando o ano de 2021, temos que R$100 compram aproximadamente o que R$14,94 compraria em 1994.
O dólar também apresentou uma grande desvalorização, pois US$100 em 2021 comprariam o que US$3,65 compraria em 1912.
De fato, o dólar se desvalorizou mais do que o real. Entretanto, é importante avaliarmos o tempo necessário para esta desvalorização. Foram precisos 110 anos para o dólar perder 97% do seu valor, enquanto o real precisou de apenas 27 anos para perder quase 85% do seu valor.
Como calcular
Diferentes métodos são utilizados para estimar o risco-país, sendo que os principais são o EMBI+BR, CDS e rating.
EMBI+BR
Esta sigla significa Emerging Markets Bond Index Plus (Índice de Títulos da Dívida de Mercados Emergentes) e sua base de cálculo é a dívida pública do país, seus rendimentos e rentabilidade.
Esses dados são comparados aos do tesouro americano, sendo que a diferença entre as taxas, chamado de spread, é o que indica o risco do país. Quanto maior o spread, maior o risco.
Credit Default Swap (CDS)
Outra forma de estimar o risco-país é através dos Credit Default Swap (CDS). Este é um título que se aproxima a um tipo de seguro para as operações de crédito do país. Caso o país não pague, quem possui um CDS é indenizado.
De forma resumida, seria um seguro contra o calote de determinado país. Além disso, existem títulos de diversos prazos de vencimento. O gráfico abaixo mostra o CDS com vencimento de 5 anos de vários países. Quanto mais alto, maior o risco.
A forma de interpretar o gráfico abaixo é a seguinte: caso um país tenha um risco de nível 500, isto significa que o prêmio oferecido para este título é de 5%.
Agência de Rating
Outra forma muito utilizada para avaliar o grau de risco de um país é através das agências de rating. As principais agências do mundo são o S&P (Standard & Poor’s), Moody’s Investor Services e a Fitch Ratings. Estas agências dão uma nota com relação ao grau de bom pagador que o país tem. As divisões por agência são:
Como o risco-Brasil impacta seus investimentos
O risco-Brasil impacta os seus investimentos de forma direta, pois quanto maior o risco, maior será o prêmio solicitado para que o risco valha a pena. O prêmio pode ser percebido como um valor que o investidor deseja para que ele saia de investimentos mais seguros, como a renda fixa ou então a escolha de levar seu capital para países mais seguros.
Quanto mais segura a economia, com decisões políticas assertivas e que facilitem o crescimento do país, maior será a segurança em investir neste país. Mas, caso o país não tenha leis claras, ou então altere a regra do jogo de forma recorrente, maior será o risco.
E claro, toda a alteração de risco é percebida na bolsa de valores.
Conclusão
Todo investidor, inclusive o brasileiro, deve levar em consideração o risco-Brasil, pois com a facilidade de começarmos a investir no exterior, concentrar nossos investimentos, aumentando o risco de nossa carteira, não apresenta um bom custo-benefício.
Dessa forma, além da diversificação entre setores e empresas, é de extrema importância que o investidor busque alternativas para diversificar geograficamente, assim ele se abre para boas oportunidades, pois terá acesso às maiores empresas do mundo, além de reduzir o risco nos investimentos.
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