Com índices de solvência pressionados, o IRB Brasil vende a sua sede ao SEBRAE-RJ
Conforme já amplamente noticiado pela mídia especializada, o IRB Brasil passa por um momento financeiramente muito delicado e último resultado trimestral referente ao 2T22, quando houve um prejuízo de R$ 373,3 milhões, agravou ainda mais os índices de solvência regulatórios da companhia.
É interesse lembrar que as instituições financeiras realizam as suas atividades de acordo com o capital regulatório o qual assegura que elas terão liquidez para arcar com suas obrigações.
Dessa maneira, após o último resultado, a cobertura de provisões técnicas da empresa piorou para R$ 730 milhões e a companhia registrou insuficiência do patrimônio líquido ajustado em relação ao capital mínimo requerido no montante de R$ 614 milhões.
Esse resultado de insuficiência ainda é um legado das políticas crescimento implementadas por sua antiga gestão, principalmente na originação de resseguros no exterior, bem como pelos efeitos climáticos adversos que prejudicaram recentemente o segmento rural.
Diante disso, inclusive, no último dia 25/08, a companhia divulgou a aprovação de uma nova emissão de capital com oferta primária de ações.
No fato relevante, consta que serão emitidas até 597 milhões de ações, porém esse número poderá aumentar em até 200%, ou seja, em até 1.194.029.850 novos papéis.
E, de acordo com a empresa, o montante total da oferta, com base no preço de R$ 2,01 por ação, seria de aproximadamente R$ 1,19 bilhão, montante suficiente para o ressegurador se reenquadrar nos índices regulatórios definidos pela SUSEP.
Porém, em busca da otimização da sua estrutura de capital, o ressegurador também divulgou ao mercado, no dia 30/08, a celebração da venda da sua sede física no Rio de Janeiro ao SEBRAE-RJ pelo valor total de R$ 85,3 milhões, já quitados integralmente.
Conforme noticiado pela empresa, o IRB Brasil RE e o SEBRAE/RJ acordaram ocupar o edifício, de forma conjunta, até 31/12/2022 e a companhia está avaliando os possíveis imóveis/endereços para a instalação de sua nova sede na capital fluminense.
Tombada pelo Iphan, a sede da companhia fica localizada na Avenida Marechal Câmara, nº 171, no Rio de Janeiro, e é considerada um dos ícones do modernismo brasileiro. A área total do edifício é de 11 mil m2 – algo aproximadamente dez vezes superior à atual sede do SEBRAE-RJ.
Vale apontar que não é a primeira vez que a instituição enfrenta problemas de solvência regulatória. Inclusive, após as descobertas das fraudes cometidas pela gestão anterior, foi necessária a realização de um aumento de capital de R$ 2,3 bilhões, com aporte de R$ 600 milhões de seus principais acionistas – as seguradoras do Bradesco e do Itaú.
Por fim, conforme anteriormente mencionado, o valor referente à alienação de sua sede já foi pago e, caso sobrem recursos após a emissão primária de ações, a companhia pretende alocá-los para fins corporativos gerais, inclusive realizando investimentos em oportunidades de negócios existentes e para pagamento de passivos contingentes.
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Milton Rabelo
Analista CNPI 2444
