Em um discurso cada vez mais frequente, governadores e nomes relevantes do Federal Reserve argumentam que uma taxa básica de juros superior a 5,25% pode ser necessária para se atingir a meta de inflação de longo prazo de 2%. Há 2 anos, uma taxa básica de juros superior a 5% nos Estados Unidos seria vista como uma “insanidade”. Neste coro, destacam-se as falas recentes de Raphael Bostic, presidente do Federal Reserve de Atlanta desde junho de 2017, e Chris Waller, membro do Conselho de Governadores do Federal Reserve.
Raphael Bostic afirmou que espera uma taxa básica de juros entre 5% e 5,25% e que deve permanecer neste nível até 2024 para se controlar a inflação de forma razoável. Para Bostic, o mercado de trabalho tem sido um dos grandes culpados pela inflação persistente, mencionando que a diferença entre a demanda por trabalhadores e a oferta de mão de obra permaneceu acima de 4 milhões por um ano. Bostic destacou que, aproximadamente um ano e meio antes de fevereiro de 2020, a demanda por mão de obra excedia a oferta por apenas 1 milhão. Ao olhar as últimas décadas, o cenário é ainda mais inédito: por mais de 40 anos a oferta de mão de obra superava de forma consistente a demanda. A solução seria, em sua visão, reduzir a demanda agregada para melhor equilibrar o mercado de trabalho.
Chris Waller afirmou que se os dados de inflação continuarem desapontando, a taxa básica de juros deve ficar entre 5,1% e 5,4% para levar a inflação à meta de 2%. Os números recentes para o mercado de trabalho e de inflação desapontaram Waller, assim como Wall Street: “Em fevereiro recebemos uma enxurrada de dados que contestaram a minha opinião de que o FOMC estava fazendo um processo significativo na moderação da atividade econômica e na redução das pressões inflacionárias”. Em suas falas, Waller destaca que o combate a inflação tem sido um processo “conturbado” e que levará mais tempo do que o inicialmente previsto.
De acordo com o CME FedWatch, a expectativa implícita do mercado é de uma probabilidade de 73,8% de aumento de 0,25 pontos percentuais na taxa básica de juros (elevando-a para a faixa entre 4,75% e 5%), enquanto existe uma probabilidade de 26,2% de um aumento de 0,50 pontos percentuais (elevando-a para a faixa entre 5% e 5,25%).
Lucas Schwarz
