Ata do FOMC (Março/2023)

De acordo com a ata do FOMC, o Comitê de Política Monetária do Federal Reserve, vários integrantes consideraram uma pausa nas taxas de juros em março, interrompendo o ciclo de alta para observar os desenvolvimentos da “crise” bancária desencadeada inicialmente pela quebra do Silicon Valley Bank, fornecendo uma margem para o Fed avaliar os efeitos econômicos e financeiros.  

Entretanto, apesar de vários oficiais terem considerado uma pausa nas taxas de juros em março, eles hesitaram e optaram por votar por um novo aumento na taxa de juros. A “inflação elevada, a força dos dados econômicos recentes e o compromisso de reduzir a inflação para a meta de longo prazo do Comitê, de 2%”, motivou esta decisão apesar da conjuntura nada favorável. A ata sinaliza que alguns membros estavam cogitando um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa básica antes do estresse verificado no setor bancário.

Apesar da ênfase na “força e resiliência do setor bancário” vista nos discursos do mês passado, a ata do Federal Reserve indica que a crise bancária nos Estados Unidos levará a economia à recessão ainda em 2023. As projeções dos integrantes do FOMC incluíram uma recessão leve tendo início ao final de 2023, com uma recuperação nos dois anos seguintes. 

No geral, foram destaques da ata: i) a preocupação com as condições no mercado de trabalho, que permanece extremamente aquecido (“participants agreed that the labor market remained very tight”); ii) se não fosse a crise no setor bancário, alguns integrantes teriam considerado um aumento de 0,5 ponto percentual (“Some participants noted that given persistently high inflation and the strength of the recent economic data, they would have considered a 50 basis point increase in the target range to have been appropriate at this meeting in the absence of the recent developments in the banking sector” e; iii) a crise no setor bancário deve resultar em crédito mais escasso, com impactos sobre a economia real, ainda que a magnitude do efeito seja incerta (Members concurred that the U.S. banking system is sound and resilient. They also agreed that recent developments were likely to result in tighter credit conditions for households and businesses and to weigh on economic activity, hiring, and inflation, but that the extent of these effects was uncertain. Members also concurred that they remained highly attentive to inflation risks).

Curiosamente, o FOMC utilizou o termo “recessão” em sua ata, ao invés de um “soft landing”, termo que tem sido amplamente utilizado entre oficiais do Comitê. De forma geral, o tom me pareceu mais duro. Na ata, foi sinalizado que “nem mesmo uma crise bancária fará o Federal Reserve deixar de procurar cumprir a sua meta”. Além disso, tivemos uma menção a uma potencial recessão ainda em 2023.

Não descartaria novos aumentos em 2023 além do próximo que provavelmente veremos em 3 de maio se a inflação core voltar a ficar descontrolada, o que não tem sido o cenário-base. A inflação ao consumidor dos EUA (CPI) subiu 0,1% em março, abaixo da expectativa. Após o próximo meeting, onde devemos verificar mais uma alta de 0,25 ponto percentual, novas altas não parecem prováveis. Entretanto, não enxergo cortes em um horizonte próximo.

Lucas Schwarz

@lucaschwarz

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