O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 3,50% ao ano. A alteração era esperada pelo mercado uma vez que foi direcionada na reunião realizada há seis semanas.
Em relação ao cenário externo, os membros do comitê acreditam que os países desenvolvidos devem apresentar uma recuperação mais robusta da atividade ao longo do ano, visto que o processo de vacinação está avançando e os estímulos monetários não serão retirados no curto prazo.
Entretanto, existe um ponto de atenção para o cenário externo, uma vez que riscos inflacionários nos países desenvolvidos estão cada vez mais evidentes, o que pode prejudicar diretamente países emergentes (Brasil).
Em relação à atividade econômica brasileira, os membros do comitê destacaram que os indicadores recentes de atividade surpreenderam positivamente, mas que existe uma incerteza sobre o ritmo de crescimento nos próximos trimestres.
Em relação ao nível de inflação, os preços das commodities seguem com elevação relevante, o que está impactando diretamente os preços de alimentos e bens industriais. Entretanto, o comitê continua acreditando que os choques atuais são temporários, apesar de estarem mais atentos que anteriormente.
O cenário básico do Copom indica uma normalização parcial da taxa de juros, entretanto, os membros destacaram que não há compromisso com essa posição e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para garantir o cumprimento da meta de inflação.
A normalização que o Banco Central cita está relacionada à taxa de juros de equilíbrio, um patamar que não compromete o crescimento econômico e controla a inflação. Em comunicados anteriores, o Banco Central citou que o nível de equilíbrio é algo em torno de 6% – 7%.
Entretanto, não significa que a taxa de juros deve subir para esse patamar em 2021. O modelo atual do Banco Central indica uma taxa de juros em 5,50% ao ano em 2021 e 6,25% em 2022, níveis baixos quando comparamos com patamar de dois dígitos no período de 2014-2016.
O comitê antevê a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário com outra elevação de 0,75 ponto percentual da Selic na próxima reunião. Obviamente, os membros destacaram que a visão continua dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e expectativas de inflação.
Vale destacar que uma economia não precisa apenas de juros baixos para crescer, sendo possível até uma taxa de juros mais alta ter um poder estimulativo maior. A grande questão é que para uma economia crescer de forma consistente, a população precisa de confiança para investir e consumir, ou seja, necessita de um ambiente de negócios favorável com bom ambiente político, uma moeda estável e segurança jurídica.
Por fim, acreditamos que o movimento de alta na Selic mostra o comprometimento do Banco Central com a meta de inflação, o que é bastante positivo.