Nas últimas semanas a principal notícia do mercado é a negociação do governo americano para a aprovação de um novo limite para o teto da dívida. A data final para esta negociação é até 1 de junho e até o momento as negociações estão travadas, principalmente devido a questões políticas. Cabe ressaltar que o consenso do mercado é de que haverá um acordo para a aprovação do aumento do limite da dívida americana, sendo que um calote da dívida americana acentuaria diversos riscos para a economia global que de certa forma são incalculáveis atualmente, pois este seria o gatilho para diversos problemas estruturais da economia não só dos Estados Unidos.
Caso você queira saber mais sobre este assunto, leia este artigo onde comento em detalhes sobre a dívida americana.
Caso o Congresso não aprove um novo limite para o teto da dívida dos EUA, como os mercados financeiros iriam reagir?
Sendo assim, caso até o dia 1 de junho não haja a aprovação um novo limite para o teto da dívida americana, a tendência é de uma reação negativa dos mercados globais. Os títulos americanos são como a base do mundo dos investimentos, pois são “risk free”, ou seja, os mais seguros do mundo, pois o risco é, em tese, zero.
Ademais, como estamos passando por um momento global de desaceleração nas principais economias, a reação natural é de queda nas bolsas. Basta lembrarmos que em 2011 os Estados Unidos passaram por um negociação de ajuste da dívida parecido com o atual. O índice S&P500 caiu aproximadamente 15% durante a negociação, sendo que o momento mais emblemático foi o rebaixamento do grau de risco da dívida nacional dos Estados Unidos, quando pela primeira vez na história o país obteve um rating menor do que o AAA. Entretanto, com o acordo e um novo teto aprovado posteriormente, ainda em 2011 o índice recuperou grande parte da queda.
Caso o Congresso não aprove um novo limite para o teto da dívida dos EUA, haverá um enfraquecimento do dólar?
A tendência é a de desvalorização do dólar no curto prazo, pois a percepção de risco seria acentuada. Se o país considerado como o mais seguro para se investir não pagar seus títulos de dívida, investidores podem vender parte de seus títulos e buscar países alternativos como forma de segurança, tais como Suíça e Reino Unido.
Se um novo limite para o teto da dívida dos EUA não for aprovado, haverá risco de recessão?
Devido à incerteza adicionada em caso de não aprovação, o risco de recessão é alto. Além da dificuldade em trazer a inflação a patamares mais próximos da meta do Federal Reserve e a crise bancária de março que não foi totalmente superada, um calote poderia ser o gatilho de uma recessão.
Segundo dados da Casa Branca, um eventual calote poderá gerar 8 milhões de desempregados. Isso com a taxa de desemprego atingindo 5%, e queda no PIB de 6,1%. Os principais impactos prováveis são de um aumento do desemprego, além do aumento da taxa de juros de hipoteca. Esse poderia causar uma crise imobiliária, entre outros riscos para a economia americana. Diversos benefícios sociais, detentores de títulos da dívida dos EUA, beneficiários da Previdência Social e funcionários federais irão ficar sem pagamento.
Se não houver a aprovação de um novo limite para o teto da dívida dos EUA, o Fed poderá promover uma alta dos juros?
Para manter os investidores interessados nos títulos que terão um maior risco, a tendência seria de um aumento da taxa de juros. Mas esta decisão é complexa e envolvem vários fatores. O nível atual de juros é alto para o padrão americano, caso uma recessão se concretize, aumento nos juros poderia causar ainda mais problemas.
Quais seriam as consequências econômicas globais caso os EUA começassem a dar calote?
Como este é um evento que nunca ocorreu, não se sabe ao certo quais seriam as consequências para as economias globais. Os principais países do mundo possuem boa parte de suas reservas em títulos americanos, com destaque a China e Japão que ao final de 2022 possuíam aproximadamente US$2 trilhões em títulos da dívida. Ou seja, o receio do calote e aumento da percepção de risco poderá causar uma crise global.
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Guilherme Morais
Analista CNPI 2682