Após a divulgação de terça-feira com os dados de inflação (CPI), a decisão unânime do Federal Reserve (Fed) de manutenção da taxa de juros em 5,00-5,25% foi dentro das expectativas de mercado. Entretanto, além da decisão dos juros, houve atualização dos dados econômicos que foram projetados em março. Esse é um importante parâmetro para entendimento sobre o que o Fed espera para os próximos anos.
A respeito da taxa de juros, o valor médio esperado subiu, saindo de 5,1% para 5,6%. Ou seja, o Fed espera que ainda em 2023 hajam dois aumentos de 0,25 p.p. Dessa forma, a cada reunião se confirma que cortes nos juros deverão ocorrer apenas em 2024, onde a taxa de juros deverá terminar o ano em 4,6% e em 2025 próxima de 3,4%. O gráfico abaixo ilustra as projeções dos juros entre 2023 e 2025, além da expectativa de longo prazo, sendo que cada ponto azul representa o voto de um dos participantes do conselho do Fed.
Dados da inflação
Sobre os dados de inflação, houve uma leve queda da expectativa de inflação (PCE) para 2023. Ela saiu de 3,3% para 3,2% e manutenção da inflação esperada para os anos de 2024 e 2025 em 2,5% e 2,1%, respectivamente. O Fed deverá atingir a meta de 2% apenas ao final de 2025 ou em 2026. A maior preocupação com relação a inflação atualmente são os itens de bens e consumo. O setor imobiliário também, pois o core CPI, que desconsidera a inflação de alimentos e energia, teve a sua expectativa de março elevada de 3,6% para 3,9%. A expectativa para os anos de 2024 e 2025 se manteve. A respeito do PIB americano, foi elevada a projeção para 2023, saindo de uma crescimento de 0,4% para 1,0%. Entretanto, expectativas de crescimentos diminuíram para os anos de 2024 e 2025 em 0,1 p.p.
Devido ao mercado de trabalho bastante aquecido, houve a redução da taxa de desemprego esperada para o ano de 2023. Ela saiu da projeção de março de 4,5% para 4,1%. As projeções de 2024 e 2025 reduziram em 0,1 p.p.
Expectativas segundo Jerome Powell
Além disso, as falas de Jerome Powell sempre são relevantes. Dessa forma, as declarações de maior destaque foram sobre a expectativa para os próximos anos de um PIB abaixo da média histórica, indicando que o trabalho para reduzir a inflação já é refletido na economia. Além disso, ele considera o mercado de trabalho aquecido como principal gatilho de inflação atualmente, pois o core PCE permanece em um nível consideravelmente acima da meta. Seu destaque é o ritmo do aumento dos salários, que apesar da gradual redução, ainda permanece alto, o que estimula a inflação.
A principal justificativa para a manutenção dos juros, segundo Powell, é a verificação do efeito que o atual aperto monetário já realizou na economia, chamado pelo Fed de lag. Como os efeitos não são imediatos e de difícil estimativa, existe um intervalo entre os aumentos nos juros e a desaceleração da economia.
Outro ponto bastante discutido foi o mercado imobiliário. Devido a sensibilidade que a taxa de juros impõe ao preço dos imóveis e, principalmente, na taxa das hipotecas, o Fed continua acompanhando o mercado tanto para moradias como imóveis comerciais. Esta preocupação é o principal gatilho para a maior percepção de risco do setor de REITs, que não tem desempenhado tão bem quando o índice S&P 500.
Ademais, não houve discussão e muito menos uma decisão a respeito da próximas reunião que acontecerá em 26 de julho. O Fed seguirá trabalhando de acordo com as informações e dados da economia.
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Guilherme Morais
Analista CNPI 2682