A história dos Cachinhos Dourados e os Três Ursos, mais conhecida apenas como Cachinhos Dourados, é um famoso conto infantil escrito pelo poeta e autor inglês Robert Southey. Em um dado ponto da história, um dos ursos afirma que um determinado mingau não está nem muito quente, nem muito frio, e sim no “ponto ideal”. Desde os anos 60 a expressão Goldilocks (referência ao conto) passou a significar uma situação moderada.
Dados macroeconômicos
No âmbito macroeconômico, o que significaria uma economia em estado Goldilocks?
Indicaria uma economia bem ajustada, sem desaquecimento ou superaquecimento relevante, caracterizada pela estabilidade econômica, crescimento estável, bons níveis de emprego e sem expansão ou retração significante. Seria, nesse sentido, uma economia crescendo em um ritmo adequado, prevenindo uma recessão. Ao mesmo tempo, não crescendo tão rapidamente ao ponto de gerar pressões inflacionárias significantes.
Os dados macroeconômicos da primeira semana de setembro parecem suportar a narrativa de uma economia Goldilocks. Ainda que este cenário pareça “bom demais para ser verdade”. Mercados futuros cortaram a probabilidade de um aumento na taxa de juros no próximo encontro do Federal Reserve em novembro para menos de 40%, contra uma expectativa anterior de 50%. Os dados do Bureau of Labor Statistics apontam que o desemprego aumentou para 3,8%, contra a expectativa do consenso de persistir na faixa de 3,5%. O crescimento do salário mensal foi de apenas 0,2%, abaixo do esperado. Por fim, a economia norte-americana criou 187.000 empregos não-agrícolas em agosto, acima da expectativa de 170.000.
Inflação em queda, crescimento moderado e a possibilidade de pausa no aperto quantitativo do Federal Reserve suportam a narrativa de que estaríamos atingindo a “temperatura correta”. Controlar a inflação sem caminhar para uma recessão severa seria possível? Entre 1994 e 1995 o então presidente do Federal Reserve, Alan Greenspan, foi capaz.
Conclusão
Otimista demais para um base case, razoável para um best case. Se o pouso for suave, concretizado pelo Federal Reserve, presenciaremos um dos movimentos de correção de política monetária mais eficientes da história. Isso, após mais de uma década de afrouxamento monetário e de pacotes massivos de liquidez (em parte induzidos pela pandemia de Covid-19). Não é nada fácil frear uma inflação que chegou a atingir, em seu pico, 9,1% (em junho de 2022), sem provocar uma recessão na maior economia global.
Lucas Schwarz