Não é surpresa que o mercado costuma aguardar ansiosamente a carta anual aos acionistas da Berkshire Hathaway. Não por acaso, o rico conteúdo das cartas já resultou em livros, como o livro “As cartas de Warren Buffett”, aclamado por apresentar de forma estruturada e clara a filosofia e a estratégia de investimentos do Oráculo de Omaha. Desta vez, não seria diferente.
Na carta divulgada em 24 de fevereiro, Buffett homenageou o “arquiteto” Charlie Munger.
Para Buffett, Charlie Munger é o “arquiteto” da atual Berkshire Hathaway, enquanto ele é o “empreiteiro” que realizou a construção da visão de Munger para a empresa: “No mundo físico, os grandes edifícios estão ligados aos seus arquitetos, enquanto aqueles que aplicaram concreto ou instalaram as janelas logo são esquecidos. A Berkshire tornou-se uma grande empresa.
Aposta da Berkshire no Japão
Um ponto que merece destaque na carta aos acionistas é a aposta da Berkshire no Japão. Na carta, Buffett destacou a sua tese de longo prazo para cinco empresas japonesas da sua carteira: Itochu, Marubeni, Mitsubishi, Mitsui e Sumitomo, com uma participação de aproximadamente 10% em cada uma. Buffett elogiou o fato de os gestores japoneses serem muito menos agressivos em sua própria remuneração em relação aos gestores norte-americanos.
Há alguns dias o Nikkei 225, principal índice acionário do Japão, atingiu uma nova máxima histórica após 34 anos de espera. Em 29 de dezembro de 1987 o índice atingiu 39.916 pontos, o “ápice” da bolha que viria a estourar. A Berkshire surfou nessa “explosão” recente do mercado japonês e teve um retorno em dólar, até o momento, de 61%, ou US$8 bilhões.
A Berkshire encontrou uma forma interessante de expandir a sua posição. As posições no Japão foram financiadas com a emissão de títulos japoneses de aproximadamente 1,3 trilhão de ienes, os quais foram bem recebidos pelo mercado. Assim, não surpreende, considerando o balanço invejável da Berkshire: a Berkshire Hathaway encerrou o ano de 2023 com incríveis US$167,6 bilhões em Caixa e Equivalentes de Caixa. Para se colocar em perspectiva, a capitalização de mercado da Petrobras é de US$112,76 bilhões.
Por fim, Buffett continua apostando na força dos Estados Unidos: “Fora dos EUA,. Assim, praticamente não há candidatos que sejam opções significativas para alocação de capital da Berkshire”. Porém, a gigante reserva de Caixa e Equivalentes de Caixa da Berkshire Hathaway sinaliza, cada vez mais, oportunidades mais escassas.