A alta recente do dólar destaca a importância de realizar aportes constantes

Existe um ditado, já não tão recente, que afirma: “o câmbio existe para trazer humildade aos economistas”. Como uma variável extremamente difícil de prever, a série histórica da relação USD/BRL ilustra bem esse ponto, mostrando que até mesmo o economista mais experiente enfrenta uma árdua tarefa ao tentar prever essa trajetória. As narrativas mudam abruptamente e, há alguns meses, a situação fiscal do Brasil parecia estar relativamente “sob controle”. No entanto, após a última mudança na meta fiscal, o nível de confiança entre os agentes financeiros foi profundamente abalado, resultando na disparada alta no dólar.

Gráfico

Descrição gerada automaticamente

Evolução da relação USD/BRL. Fonte: Thomson Reuters Eikon.

Há três meses, uma expectativa de câmbio a R$5,47 – como vimos na última quinta-feira – seria considerada “absurda”. A verdade é que prever a trajetória da relação USD/BRL é uma tarefa não apenas árdua, mas ingrata. A curto prazo, o câmbio apresenta movimentos abruptos e, na visão de alguns, erráticos. A longo prazo, a história é diferente. Em 2000, US$1 por R$2,00 parecia “caro”. Ao final de 2016, US$1 por R$3,00 parecia caro. E assim por diante. A realidade é que, a longo prazo, o dólar tende a se fortalecer em relação ao real. No entanto, acertar o momento “exato” para comprar ao melhor preço é praticamente impossível. Por essa razão, realizar aportes constantes é uma das melhores estratégias – se não a melhor – para dolarizar parte do patrimônio.

Além disso, outro erro muito comum, esperar pelo “timing perfeito” para se expor a ativos dolarizados, é acreditar que o dólar, como moeda, é um investimento. O dólar está vulnerável à inflação e, por essa razão, não é como um investimento. Ele é apenas um meio pelo qual os investidores podem comprar ativos dolarizados, como ações norte-americanas (stocks), REITs (equivalentes aos FIIs no Brasil) e títulos de renda fixa.

Aprendizados sobre a alta no dólar

Moral da história? Primeiramente, não deixe para comprar ativos dolarizados apenas quando o dólar estiver em alta, em momentos de maior demanda. Segundo, não seja ingênuo ao ponto de acreditar que o dólar “ficará mais barato”, pois isto pode acabar custando bem caro. Ao contrário das ações, o dólar desce de escada e sobe de elevador. Por fim, seja humilde, reconheça que o câmbio é uma variável difícil de prever e tenha uma política de investimentos bem definida, com aportes constantes. É inquestionável que existem ótimas oportunidades de investimento no Brasil, mas comprar ativos dolarizados é essencial e pode funcionar como um importante hedge para a sua carteira de investimentos.

@lucaschwarz

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